Valor Econômico/BR
Materiais podem ter queda de até 25% nas vendas
Os gastos com a infraestrutura não têm sido os melhores aliados da indústria de materiais de construção. Em relação a 2011, as vendas nessa área devem ter um recuo de 20% a 25% de acordo com projeção da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção).
Ao lado da redução dos lançamentos imobiliários e do aumento da importação, o desempenho mais tímido do que o esperado em obras governamentais também influenciou a previsão de crescimento desse mercado que, depois de duas revisões ao longo do ano, não deve passar de 2% a 2,5% em 2012. Em janeiro, era de 4,5%.
Nos últimos anos, a indústria de materiais de construção fez a sua parte, investiu muito no aumento de sua capacidade, tem mantido o nível de emprego e os preços têm tido uma variação alinhada com o índice setorial, comenta Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sindicato da Construção de São Paulo (Sinduscon-SP). No ano passado, o crescimento real das vendas foi de 5,4% chegando ao patamar de R$ 116,3 bilhões.
Com uma participação de 12,3% nas vendas de toda a cadeia produtiva do mercado de materiais – e um movimento de vendas de R$ 15,8 bilhões no ano passado – a indústria de cimento é um bom sinalizador de quais setores estão consumindo mais ou menos produtos do elo da construção. Para ir mais fundo nessa questão, o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic), junto com a FGV, realizou um estudo inédito nessa área para entender o market share dos canais de distribuição.
Como resultado, apurou que no período em estudo – 2010 e 2011 – a infraestrutura consumiu 24,9% de toda a produção de cimento no país. Em países como França e Itália, antes e até no início da crise econômica atual, esse consumo era de aproximadamente 40%, segundo José Otávio Carvalho, presidente do Snic.
O restante do cimento produzido foi consumido pelas edificações. Nos últimos cinco, seis anos, o consumo de cimento no país esteve muito mais concentrado na área de edificação residencial, que respondeu por 57% da distribuição, enquanto a de edificações comerciais e industriais ficou próxima a 16%, afirma Carvalho. A produção de cimento no país, que era de 15 milhões de toneladas novas em 2006 chegou a 2012 com adicionais 62 milhões de toneladas anuais. A estimativa é de que até 2016 se ganhe mais 30 a 32 milhões de toneladas.
Mas para garantir esse crescimento na produção de cimento, o que vale para outras áreas do mercado de materiais, há um consenso de que é preciso dosar melhor a participação nos canais de distribuição. Ou, em outras palavras, que a infraestrutura assuma seu importante papel nesse processo.
|