Jornal O Estado de S.Paulo/BR – 05/05/2011
mantega pede ajuda a empresas contra inflação
Em reunião do Grupo para o Avanço da Competitividade, ministro da Fazenda
disse que o setor produtivo não deve criar repasses de preços
Eduardo Rodrigues
Renata Veríssimo / Brasília
Um dia após garantir que o governo tomará todas as medidas para conter a
alta dos preços, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu a colaboração do
setor produtivo para colocar a inflação dentro da meta estabelecida, de 4,5%.
Durante reunião do Grupo para o Avanço da Competitividade (GAC), o ministro
disse que o setor privado não deve criar repasses de preços, o que seria muito
negativo porque levaria à indexação.
De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel
(Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes, Mantega afirmou que o governo não corre o
risco de perder o controle da inflação e, no segundo semestre, os índices
voltarão aos níveis estipulados pelo governo.
A empresária disse que o ministro considera que reposicionar a inflação
dentro da meta é um trabalho conjunto entre governo e setor privado e, se
houvesse o repasse da inflação para os preços, o setor privado estaria na
contramão do governo. "O setor produtivo tem de estar alinhado ao governo
no reposicionamento da inflação dentro da meta", disse ela, repetindo o
recado do ministro.
O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco),
Cláudio Conz, afirmou que a indústria tem um limite para atender ao pedido do
ministro. Segundo ele, há um excessivo aumento da inflação que vem de fora e
impacta em insumos utilizados pelo setor, como plásticos e derivados do
petróleo.
Energia. Para Conz, o impacto para o consumidor num repasse de preços de material de construção será no segundo
semestre. Ele disse que custos como o da energia têm crescido a todo o momento.
De acordo com o presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvin Fox, Mantega prometeu
reduzir a tributação do setor de energia elétrica e gás natural para diminuir
os custos da produção.
Segundo Fox, porém, o ministro não deu prazo para a medida nem sinalizou com
o tamanho dessa redução. O empresário também não soube informar se essa redução
seria aplicada apenas aos grandes consumidores do setor produtivo ou se
chegaria ao comércio e residências. De acordo com ele, Mantega condicionou essa
redução a contrapartidas estaduais.
Nessa agenda da competitividade, os empresários também apresentaram uma
proposta para que parte dos encargos trabalhistas, como a contribuição
previdenciária, possa ser substituído pelo PIS e Cofins, migrando o peso desses
impostos da folha de pagamento para os produtos.
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