
AGÊNCIA CBIC
12/12/2011
Mais incentivos à produção
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12/12/2011 :: Edição 234 |
Revista Carta Capital/BR 10/12/2011
Mais incentivos à produção O governador da Bahia, Jaques Wagner, defende tratamento fiscal diferenciado para quero gera renda e emprego
AMIGO bastante próximo do ex-presidente Lula, por quem é chamado carinhosamente de Galego, o governador Jaques Wagner (PT) tem se mostrado um dos principais articuladores das lideranças do Nordeste. Na Bahia,um dos importantes desafios que enfrenta é a capacitação da mão de obra local, uma carência evidenciada no recente boom no mercado imobiliário e no ciclo de investimentos no estado. Como forma de ajudar a equilibrar a economia nacional, o ex-ministro do Trabalho e das Relações Institucionais defende uma política fiscal que respeite as diferenças regionais.
Carta Capital: Quais as estratégias, a curto e médio prazo, para minimizar o problema da falta de qualificação da mão de obra local, um obstáculo ao desenvolvimento da Bahia?
Jaques Wagner: Já estamos aumentando muito a oferta de vagas no ensino médio e profissionalizante, mas na verdade isso tem de ser feito a quatro mãos. A gente conta com a estrutura do Senai, do Senac, e as empresas têm de fazer a sua parte. São várias parcerias, por exemplo, na área da construção civil, do comércio e da indústria, nas quais são feitos investimentos públicos. Obviamente podemos e vamos agir mais em algumas dessas áreas, mas não adianta concentrar cursos somente nessas três. Temos de formar mão de obra para TI, formar em todas as áreas, porque é lógico que as oportunidades cresceram muito, e você só não forma mais gente quando não tem horizonte de empregabilidade. À medida que começa a crescer a possibilidade de obter emprego é preciso aumentar os esforços na formação de mão de obra.
CC: Qual a perspectiva real de crescimento econômico estimada com a instalação da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol) e a consolidação do extrativismo mineral no estado?
JW: A gente organizou muito esse setor. Na própria Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) realizamos mais licitações nos últimos cinco anos do que em cerca de duas décadas. E natural que, com a valorização dos minérios e a informação sobre a infraestrutura a caminho nós estejamos crescendo muito no setor. Apesar de que eu insisto, como bem alertou o ministro Fernando Bezerra, que é muito importante não ficarmos apenas como um grande exportador de commodities. A nossa briga, nosso objetivo é internalizar a cadeia produtiva do aço, da soja. Se o estado ficar somente como exportador de matéria-prima, perde oportunidades. Todo mundo quer o produto in natura. Nós queremos também industrializar o produto in natura.
CC: Como o senhor avalia a regra do IPI que eleva o preço dos automóveis importados, do ponto de vista dos diferentes impactos sobre os estados do Nordeste?
JW: Esse regramento foi questionado perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que ele precisaria aguardar 90 dias para ter aplicabilidade, ou seja, só valeria a partir de16 de dezembro. Levanto a bandeira do recorte regional e do tratamento diferenciado, de quem apenas é importador e de quem é importador, mas quer virar fabricante. Eu só entendo a regra que foi estabelecida não no sentido de apenas proteger a indústria interna, mas de atrair novos investimentos. Com um dispositivo somente de proteção, em minha opinião, nunca se obtém um resultado realmente positivo. Fizemos isso porque, afinal, temos um mercado poderoso, o sétimo maior mercado de automóveis do mundo, e temos motivos de sobra para muita gente querer investir aqui. Só que, na comodidade, a empresa prefere produzir lá fora, porque dá emprego lá fora, e exportar para cá. Para mim, a barreira não é para dar uma proteção ruim à produção nacional, mas mais para chamar quem está lá fora para vir produzir aqui dentro. Quando essa empresa vem investir aqui, é preciso haver uma regra diferenciada para ela. Se alguém coloca a pedra fundamental e começa a fabricar alguma coisa que vai gerar emprego etc., como é que você não vai tratar essa empresa de maneira diferente?
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