AGÊNCIA CBIC
Industrialização do setor da construção foi tema do 96º ENIC
A industrialização do setor da construção focada na produção de habitações de interesse social (HIS) foi o tema de um dos painéis realizados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) durante o 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC).
O cerne do debate girou em torno do projeto em desenvolvimento pela CBIC e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), cujo propósito é coletar dados sobre a eficiência e rapidez na produção de HIS por meio de sistemas industrializados. O objetivo principal é destacar as vantagens do uso desses sistemas na construção dessas moradias.
De acordo com os participantes do painel, o conhecimento sobre a produtividade e velocidade de produção de HIS pode ser útil tanto para convencer e melhor organizar as construtoras em relação a essa abordagem construtiva, quanto para permitir uma discussão mais pragmática sobre as vantagens desse tipo de construção em termos de análise por órgãos financiadores.
Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT/CBIC), destacou a importância do projeto e em como isso favorece não só as empresas, mas também os cidadãos que irão usufruir da habitação de interesse social.
“O tema é recorrente. As pessoas sem possibilidades de ter uma casa digna, bem construída, acabam morando em locais de extrema periculosidade, que tem todo tipo de problema e que alimenta bastante a indústria ilegal, como a grilagem de terra em centros urbanos. Ou seja, a leniência do estado, principalmente, em dar vazão a esse importante trabalho de interesse social, acaba alimentando essa indústria”, pontuou Klavdianos. Ele completou citando o programa Minha Casa, Minha Vida, que, para ele, é um dos poucos nichos onde a industrialização conseguiu cumprir, de alguma forma, um pouco do seu papel.
Trazendo a visão do setor, o presidente da ABDI, Igor Calvet, acredita que o processo de industrialização, sobretudo para a produção de HIS, pode gerar ganhos de produtividade para a economia em geral. “A gente está falando, hoje, de mais de 2,5 milhões formalmente empregadas no setor da construção civil. Um setor que apesar dos pesares cresce mais do que a média da economia brasileira. E é por si só uma cadeia muito longa”, pontuou Calvet.
Para o professor Ubiraci Espinelli, diretor da Produtime e consultor do projeto, a industrialização da construção civil é um caminho sem volta e que a utilização de sistemas industrializados pode trazer benefícios como redução de desperdícios, aumento da qualidade e redução dos prazos de construção. “A industrialização é o caminho para que a gente tenha eficiência na produção de HIS e a ideia do nosso projeto é fazer com que isso realmente aconteça”, explicou.
Mas para que esse processo aconteça de forma adequada é preciso capacitar as pessoas, como defende Jeferson Gomes, diretor de inovação e tecnologia do Senai Nacional. “Não é somente os funcionários, aqueles que estão ali no canteiro de obras, mas os empresários também, porque há a questão da transformação digital. Por isso esse processo também passa pela formação dos empresários”, pontuou Jeferson.
Este painel teve interface com o projeto “Inteligência e Estratégia para o Futuro da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT/CBIC), em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
O 96º Enic foi realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), contou com a parceria da FEICON; o apoio do Sesi e do Senai; e tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal, Sebrae, Mútua, Zigurat, Totvs, Mais Controle, CV, Sienge, Orçafascio, Kone, PhD Engenharia, Alto QI, Acate, Brain e Ingevity.