O Estado de S. Paulo/BR
Indústria surpreende e cresce 1,8% em abril
Vinicius Neder
Fernanda Nunes
Apesar da reação verificada na comparação com março, produção industrial em 12 meses ainda registra queda de 1,1%.
A produção industrial surpreendeu e cresceu em abril 1,8% em relação a março, superando as projeções dos analistas ouvidos pelo 'Broadcast', serviço de notícias em tempo real da 'Agência Estado'. No acumulado de 12 meses, a produção ainda registra queda, mas nos quatro primeiros meses deste ano a alta é de 1,6%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de certa disseminação do crescimento, a maior contribuição veio dos ramos de veículos automotores (8,2%), máquinas e equipamentos (7,9%) e alimentos (4,8%). Houve altas em todas as categorias de uso e em 17 dos 27 ramos pesquisados.
Mesmo assim, analistas e entidades empresariais ainda veem um ritmo moderado de alta para a indústria. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, chamou a atenção para o desempenho ainda concentrado no setor automotivo. "O melhor seria se tivéssemos um crescimento mais equilibrado", observou.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(Fiesp),Paulo Skaf, ainda não vê um alento para a indústria." Se analisarmos os últimos três meses, de fevereiro a abril, o crescimento está em 0,1%, ou seja, muito baixo. Não temos ainda boas notícias", disse Skaf, em entrevista à Rádio Estadão.
Assim como o mercado, o governo se surpreendeu como resultado de abril. Para a equipe econômica do governo, o resultado da produção industrial de abril reforça as expectativas de que o crescimento econômico no segundo trimestre de 2013 será melhor que o 0,6% verificado no primeiro trimestre deste ano. A avaliação é de que o cenário está mais favorável e que o crescimento da produção industrial de bens de capital sustenta a percepção de que os investimentos devem voltar a liderar o crescimento da economia brasileira. Bens de capital. Nas categorias de uso, o destaque foi a produção de bens de capital, com alta de 3,2% de março para abril e de 24,4% ante abril de 2012. Na categoria de bens intermediários, a construção civil foi destaque, com alta de 9,7% na produção de insumos para a construção em abril em relação a igual mês de 2012. Os dois itens sugerem alta nos investimentos.
A LCA Consultores estima o peso da construção na produção industrial entre10% e 15% e um quadro melhor no setor poderia impulsionar a indústria. No entanto, muitos analistas veem apenas um quadro de recuperação na indústria e não de crescimento vigoroso.
Segundo o gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, os dados mostram um cenário mais positivo para a indústria, mas ainda é preciso aguardar informações sobre maio para se afirmar o processo de recuperação.
"Até abril, me parece um quadro muito bom para a produção da indústria. Até março, conseguíamos visualizar com clareza esse saldo positivo. Mas o que tem de indicador antecedente para maio nos faz ter cautela em relação ao que esperar”, afirmou Macedo.
Em nota, a Tendências Consultoria informou que a recuperação da produção industrial ao longo de 2013 deve ocorrer em ritmo moderado, como sugerem "sinais dos indicadores de confiança", e, mesmo diante de um resultado mais forte que o esperado em abril, manteve a projeção para o ano de alta de 2,3%.
Em relatório, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) analisou que a indústria brasileira voltou a trilhar o caminho do crescimento, mas recomendou que se veja a retomada "com ressalvas"." O movimento de retomada da produção industrial ainda não é generalizado: dos 27 segmentos pesquisados pelo IBGE, em 10 a produção recuou ou ficou estagnada em abril frente março", diz o relatório./ COLABORARAM FRANCISCO CARLOS DE ASSIS, RENAN CARREIRA E RENATA VERÍSSIMO
Cautela
"Se analisarmos de fevereiro a abril, o crescimento está em 0,1%, ou seja, muito baixo. Não temos ainda boas notícias." Paulo Skaf PRESIDENTE DA FIESP.
"Até abril, há um quadro muito bom para a indústria. Mas os antecedentes para maio indicam cautela." André Macedo GERENTE DO IBGE
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