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AGÊNCIA CBIC

04/05/2011

Indústria puxa PIB, e 1% vira piso para projeções do 1º tri

 

"Cbic"
 
04/05/2011 :: Edição 090

Jornal Valor Econômico/BR – 04/05/2011

indústria puxa pib, e 1% vira piso para projeções do 1º tri

Conjuntura: Produção subiu em março, apesar da queda em 52% dos setores

João Villaverde

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos primeiros três meses deste
ano será mais forte do que o desejado pelo governo e esperado pelo mercado.
Depois de registrar resultados fracos por dez meses consecutivos desde abril do
ano passado, a produção da indústria foi 0,5% maior em março em relação a
fevereiro, quando já tinha registrado forte variação de 2% sobre janeiro. O bom
desempenho da indústria, influenciada especialmente pelo segmento produtor de
máquinas e equipamentos, elevou as projeções de PIB do primeiro trimestre dos
analistas que estavam mais pessimistas e consolidou as estimativas dos
otimistas.

A produção de bens de capital, que já tinha avançado forte entre janeiro e
fevereiro (2,2%), aumentou 3,4% em março, contrabalançando o recuo de 0,2%
entre os fabricantes de bens intermediários e a queda de 5,3% na produção de
insumos típicos da construção civil.
A forte concentração em máquinas e equipamentos, no entanto, deixou os
economistas céticos quanto à sustentação de um movimento mais prolongado de
avanço da indústria no ano – o índice de difusão, que consiste na proporção de
segmentos que aumentaram a produção, mergulhou em março, atingindo 48,1%,
depois de registrar 66,7% na série dessazonalizada pela LCA Consultores. Isso
quer dizer que 51,9% dos setores produziram menos em março do que em fevereiro.

Mesmo entre os fabricantes de bens de capital houve concentração. No
primeiro trimestre, os fabricantes de máquinas e equipamentos para o segmento
de transportes produziram 13,9% mais que em igual período de 2010, e os
produtores de bens de capital para o setor da construção civil fabricaram 24,4% mais que entre janeiro e março
do ano passado. Já os fabricantes de bens de capital para outros segmentos da
economia registraram avanços muito menores. Alguns registraram inclusive recuo
na comparação com igual período do ano passado, entre eles os fabricantes de
bens de capital para o setor agrícola e de energia.

A elevação de bens de capital é ótima, porque as importações de máquinas e
equipamentos também estão crescendo, o que indica que a indústria está
investindo, mas os resultados de fevereiro e março precisam ser avaliados com
calma, afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco
Fator. Tal qual o resultado do mercado de trabalho, que registrou saldo recorde
de vagas criadas em fevereiro e um resultado fraco em março, os dados da
indústria vieram muito fortes em fevereiro, e bons em março, quando ocorreu o
Carnaval, o que fecha fábricas, mas também aumenta a produção, diz Gonçalves.

Em março, a produção de bens de consumo duráveis aumentou 4% em relação ao
patamar de fevereiro, puxada pelas montadoras, que no primeiro trimestre
fabricaram 5,9% mais automóveis que em igual período do ano passado – quando
ainda vigorava a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à
indústria automobilística. Na comparação com março de 2010, último mês de
incentivos fiscais, a produção da indústria foi 2,1% menor em março deste ano.

As medidas de aperto no crédito e a elevação dos juros já estão fazendo
efeito, e devem deprimir o resultado da indústria e da atividade como um todo a
partir deste segundo trimestre, avalia Thovan Tucakov, economista da LCA. O
resultado da produção industrial nos primeiros meses do ano, surpreendente para
bancos e consultorias, fez a LCA revisar sua estimativa de avanço do PIB entre
o último trimestre de 2010 e o primeiro trimestre deste ano, que passou de 0,9%
para 1%. O resultado do ano, no entanto, continua inalterado – avanço de 3,4% –
porque, estima a LCA, o avanço do segundo trimestre será de 0,6%, puxado por
resultados mais fracos da indústria. O nível de estoques é mais alto, o que
desincentiva a produção, e também o nível utilização da capacidade instalada
permanece estável, diz Tucakov.

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a utilização da capacidade
instalada pela indústria de transformação ficou em abril praticamente no mesmo
patamar de março – 84,4% e 84,3%, respectivamente. Os fabricantes de bens de
capital, que estimularam os avanços da indústria em fevereiro e março,
utilizaram menos sua capacidade instalada em abril, ao reduzir de 84,8%, em
março, para 84,7%, no mês passado.

Para Fernando Rocha, economista da JGP Gestão de Recursos, o forte resultado
da indústria no primeiro trimestre chancelou sua estimativa de alta de 1,3% do
PIB no período. O ano começou com estimativas muito baixas, com analistas
apostando até em crescimento zero entre o último trimestre do ano passado e os
primeiros três meses de 2011, diz Rocha. Agora, com dados importantes da
indústria, há convergência para números próximos ou superiores a 1%, observa. A
JGP já trabalhava em março com estimativa de 1% para o PIB do primeiro
trimestre.

É estranho ver a produção industrial recuar em boa parte de 2010, quando o
governo impulsionava a economia, o emprego batia recordes e o PIB cresceu 7,5%,
e voltar a crescer neste começo de 2011, depois do governo lançar mão de
medidas para contenção do crédito, elevar os juros, cortar gastos, e o ímpeto
da economia ser menor, avalia Rocha, que, no entanto, está entre os analistas
com estimativa mais otimista para o crescimento do PIB no ano, de 4,2%.

Para
Gonçalves, do Fator, para quem o PIB crescerá 3,5% em 2011, a concessão de
crédito ao consumidor deve manter ritmo acelerado no ano, mas as taxas de juros
cobradas nos empréstimos aumentarão muito. Assim, raciocina Gonçalves, haverá
um maior comprometimento de renda com pagamento de parcelas, o que reduz a
renda disponível para o consumo de outros produtos, o que deixa o industrial
mais cético em aumentar a produção e a contratação de pessoal. Segundo a FGV, a
confiança da indústria para os próximos seis meses caiu 1,1% em abril. Não
haverá um recuo brusco da produção, diz Rocha, apenas um crescimento menos
vistoso que o deste início de ano.



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