AGÊNCIA CBIC
Impacto da pandemia na construção civil é maior em mercado informal
Dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados hoje (29) mostram que a economia nacional registrou queda de 1,5% nos três primeiros meses do ano em relação ao último trimestre de 2019. Nessa mesma base de comparação, a construção civil caiu 2,4%. De acordo com o IBGE, a infraestrutura ajudou a puxar o resultado setorial para baixo. Diante desse resultado e do agravamento da crise provocada pela pandemia, a construção civil está revendo suas projeções para 2020. Já se espera uma interrupção na retomada.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, a retração nas obras de infraestrutura está relacionada a fatores como o modelo dos projetos hoje existentes. “Se o país tivesse optado por realizar uma quantidade maior de obras menores, em detrimento de concentrar esforços em poucos projetos de concessão gigantescos, hoje teríamos muito mais obras sendo realizadas pelo Brasil afora. O investimento precisa ser capilarizado, regionalizado e diversificado”, disse. Ele destaca ainda que os primeiros meses do ano contribuem para uma redução das obras de infraestrutura em função do clima, por ser um período mais chuvoso.
Na avaliação do presidente da CBIC, a autogestão também ajuda a justificar o desempenho da construção civil. Ele se refere a pequenas obras de reformas, que geralmente envolvem microempreendedores informais, e que foram muito comprometidas no início da crise.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na última quarta-feira (27) pelo Ministério da Economia, mostram que a construção civil, nos primeiros três meses do ano, registrou saldo positivo de 45 mil postos de trabalho, mostrando que o setor formal manteve atividade. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), que envolve o segmento formal e informal, revela que no primeiro trimestre de 2020, em relação aos últimos três meses do ano passado, a construção perdeu 440 mil ocupações. “Observamos que o segmento informal do setor, assim como o de outras atividades, foi muito mais afetado no início desta crise”, explica José Carlos Martins.
Apesar do baixo crescimento nos últimos anos (1,3% em 2017 e 2018 e 1,1% em 2019), o Brasil iniciou 2020 com expectativas um pouco mais promissoras. Em janeiro, a estimativa era de que o PIB registraria alta de cerca de 2,3%. A inflação sob controle, os juros em patamares mais baixos, a aprovação da reforma da previdência em 2019 e a pauta da agenda de reformas (entre elas a tributária) fortaleciam a esperança diante dos imensos desafios que o país possui.
Nesse cenário, a construção civil também estava otimista. Depois de registrar queda de quase 30% em suas atividades do período de 2014 a 2018 e retomar o crescimento em 2019 (1,6%), o setor esperava fortalecer o seu processo de retomada, crescendo 3%. De acordo com o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2020, divulgado na última segunda-feira (25) pela CBIC, o Brasil registrou um aumento de 26,7% nas vendas de imóveis residenciais novos (apartamentos) no comparativo entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2019.
Veja a análise detalhada sobre o PIB – ‘Em meio a uma crise sanitária, PIB Brasil caiu 1,5% no primeiro trimestre’, no Informe Econômico – elaborada pela economista do Banco de Dados da CBIC, Ieda Vasconcelos.
Esta matéria têm interface com o projeto ‘Banco de Dados da Construção – BDC (2ª Fase)’ realizado pela CBIC, com a correalização do Serviço Nacional da Indústria (Senai).