
Habitação de interesse social deve avançar com industrialização e novo modelo da Caixa

O governo federal e a Caixa Econômica Federal (CEF) estão empenhados em aproximar as empresas de construção industrializada da habitação popular. A sinalização foi dada durante o painel Entraves e oportunidades na adoção de sistemas inovadores para contratações FAR 2025 no Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da quarta-feira (09/04), com a participação de integrantes da administração federal e da indústria da construção para debater os desafios e perspectivas da faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, na São Paulo Expo, até 11 de abril.
Os debatedores apontaram que, apesar do aumento do investimento para essa faixa do MCMV, ainda existem dificuldades operacionais a serem superadas, o que deve ser alcançado com modificações na liberação de recursos financeiros da Caixa Econômica Federal.
Daniel Sigelmann, Diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação, órgão vinculado à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, afirmou que o governo federal tem interesse em acelerar ainda mais parcerias para aumentar o número de habitações populares, principalmente com mudanças nos financiamentos pelo Minha Casa, Minha Vida. “Estamos chegando a 50 mil habitações e vamos fazer mais, vamos chegar a 1 milhão de unidades em todo o Brasil. O foco é trabalhar muito para achar mais fontes de financiamento porque precisamos de mais opções”, afirmou.
Para Rodrigo Santos Costa, Gerente Nacional da Caixa Econômica Federal (CEF), um passo importante para facilitar a chegada de novas habilitações populares será a mudança na liberação de recursos para o setor da construção. Neste ano, a Caixa começou a adotar o modelo offsite, permitindo a liberação de recursos para as obras não apenas após a execução dela, mas na compra do material direto para o fornecimento, o que permite que casas industrializadas ganhem a dianteira para atender ao segmento público.
“A gente não desembolsa só quando a obra está executada, mas sim quando o investimento foi feito, mesmo em fábrica. Estamos trabalhando com alguns cases, dentro da responsabilidade e do peso da Caixa Econômica, pra isso não ser um problema do futuro”, comentou. Segundo ele, a Caixa busca um modelo de rastreabilidade do material para garantir que não haja problemas na execução da obra. Costa explica que o banco aplicou a metodologia em um case com utilização de woodframe, mas que é necessário que sejam usados materiais e tecnologias industrializadas. “Estamos avançando. Neste caso foi usado woodframe, há também o steelframe, mas precisa ter esse material, com essa rastreabilidade, em pelo menos 3% da obra”.
Dionyzio Klavdianos, vice-presidente de Inovação e presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, comemorou a informação, que segundo ele, deve aproximar ainda mais as empresas de construção industrializada do segmento público. “Essa é uma mudança profunda para toda a cadeia produtiva e o setor de construção. É algo que certamente renderá muito para o setor como um todo”, diz.
Antonio Gilberto Freitas Filho, Diretor do Instituto de Tecnologias de Industrialização das Edificações (ITIE), afirma que um dos principais desafios, além de melhorar a produtividade, alcançar menor tempo de obra no canteiro e reduzir valor de mão de obra, é ter fornecedores com reconhecimento técnico comprovado.
“Precisamos de credenciamento técnico por desempenho. Isso ajuda para saber o que é mais barato, como manter. Isso é muito importante, além da redução de prazo em 50% e aumentar um terço da qualidade do que se entrega, isso quando você encontra a padronização”, afirma. “Temos isso com a indústria da madeira, com a rastreabilidade por exemplo com o Bim. Precisamos ter um rearranjo da cadeia como um todo. Tenho certeza de que no ano que vem teremos cases ao falar como foram sucesso ao inovar na cadeia produtiva”, diz.
Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interresse Social da CBIC, diz que um dos grandes entraves é a dificuldade, principalmente para pequenos e médios construtores, para conseguir avançar em tecnologia. “É muito difícil produzir inovação sem fomento. Todos nós tivemos aqui uma conversa sobre aumentar produtividade, mas na prática, há uma série de dificuldades”, aponta o executivo. “E sabemos que há uma grande diferença entre pequenas e médias empresas, que enfrentam diversas barreiras e é nelas que precisamos pensar para facilitar isso, para que seja acessível ao grande público”.
O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
O tema tem interface com o projeto “Segurança Habitacional como Garantia Básica para a Qualidade de Vida e Integridade Física do Trabalhador”, da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).