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Financiamento de imóveis se torna prioridade
O crédito imobiliário tem sido uma das principais apostas dos bancos, especialmente os públicos, para expandir a carteira de crédito durante os próximos anos. O vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa Econômica Federal, José Urbano Duarte, acredita num forte crescimento do setor para os próximos 3 anos. "Minha expectativa é que a relação entre PIB e crédito imobiliário dobre nos próximos três anos chegando a 12% ou 13%, crescendo a uma média de 25% ao ano". Para Urbano há muito espaço para o crescimento do crédito imobiliário, pois "a recente queda nos juros, os maiores prazos para pagamento e principalmente o aumento da renda do emprego notada nos últimos anos permitem que as pessoas contratem esse crédito com uma facilidade muito maior do que alguns anos atrás", afirmou.
Ainda de acordo com o representante da Caixa, o Brasil passou por um período longo com um nível muito baixo de financiamento para a compra de imóveis. "Aquela pessoa que sempre sonhou em ter uma casa própria, mas não tinha acesso a crédito, hoje pode ter em condições de pagamento favoráveis", afirmou
Para Octavio de Lazari Junior, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os riscos do crédito imobiliário são menores em relação a outros tipos de crédito, o que tem incentivado os bancos a entrarem nesse mercado. "A taxa média de inadimplência para crédito imobiliário é de 1,3%. O risco é muito baixo, pois em primeiro lugar o brasileiro dá uma entrada grande em comparação à média mundial. Em segundo lugar, em caso de inadimplência é possível recuperar a casa".
Ele afirmou ainda que os bancos têm investido nesse tipo de crédito, pois ele é de longo prazo. "O cliente que contrata crédito imobiliário de um banco tende a se fidelizar àquela instituição e isso é muito importante para os bancos", disse Lazari.
Os balanços dos grandes bancos relativos ao primeiro trimestre de 2013 mostram um grande crescimento nesse tipo de crédito. Em seu balanço trimestral, a Caixa Econômica Federal informou que bateu recorde histórico na contratação imobiliária com R$28,9 bilhões no primeiro trimestre de 2013, aumento de 31,7% na comparação anual.
O Banco do Brasil, que não tem uma história de tanta atuação nesse tipo de crédito, também apontou em seu balanço trimestral alta expressiva na contratação de crédito imobiliário fechando os três primeiros meses do ano com R$11,3 bilhões, aumento de 66,4% em comparação com o mesmo período de 2012 quando o saldo foi de R$ 6,8 bilhões.
Em março de 2012, essa modalidade de crédito tinha participação de 7,2% no total do crédito para pessoa física, em dezembro do mesmo ano esse índice saltou para 8,8% e conclui o primeiro trimestre de 2013 respondendo por 9,5% do total do crédito BB para pessoas físicas. Em apenas um ano, o crédito imobiliário subiu 2,3 pontos percentuais na participação total de crédito.
O cenário não é muito diferente nos bancos privados que tentam correr atrás dos bancos públicos para não perder espaço na carteira de crédito e para aproveitar a oportunidade de mercado. "Atualmente o crédito imobiliário é produto de todos os bancos, mas essa não era a realidade há cinco, seis anos quando a participação desse tipo de crédito na carteira da maioria dos bancos era muito pequena. Essa não é mais a realidade atual", afirmou Octávio Lazari da Abecip.
O Itaú Unibanco apresentou em seu balanço trimestral um crescimento de 31,3% no crédito imobiliário na comparação entre o primeiro trimestre de 2013 com os três primeiros meses de 2012, passando de um total de R$14,5 bilhões para R$19,1 bilhões.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Itaú informou que aposta fortemente nesse tipo de crédito. "Há algum tempo decidimos mudar o mix de produtos do banco e focar em carteiras de menor risco com maior utilização de garantias, como é o caso do crédito imobiliário. Vislumbramos participação cada vez maior deste segmento que representa, hoje, 11,1% do total do nosso crédito".
O banco, inclusive, está buscando estratégias para atração de clientes. "Há algum tempo vimos apostando mais fortemente em crédito imobiliário e desenvolvendo diferenciais, como: resposta de análise de crédito em até 1 hora, redução no número de documentos exigidos e o financiamento das despesas de cartório e ITBI", afirmou o banco.
O Santander anunciou em seu balanço uma expansão de 5,8% no crédito imobiliário enquanto o Bradesco afirmou que a contratação desse tipo de crédito cresceu 33%. Até o fechamento desta edição nenhum dos dois bancos se pronunciou sobre o tema.
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