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23/05/2011

Falta de mão de obra no país supera média internacional

"Cbic"
 
23/05/2011 :: Edição 103

Jornal Diário do Nordeste/BR – 23/05/2011

falta de mão de obra no país supera média internacional

Brasil sofre mais do que a maioria dos países para contratar
pessoal. Ceará também é afetado pelo problema

São Paulo/Fortaleza
O Brasil está na terceira colocação no ranking dos países que mais têm
dificuldade em encontrar profissionais qualificados para preencherem vagas
disponíveis, superando a média mundial. A constatação é resultado de pesquisa
divulgada quinta-feira (19) pela Manpower, empresa que atua na área de
recursos humanos. Para o levantamento, foram entrevistados 40 mil empregadores
em 39 países. O índice de empresários brasileiros que dizem não conseguir achar
no mercado pessoas adequadas para o trabalho é de 57%.

Segundo a Manpower, o Brasil só perdeu para o Japão, com um índice de 80% de
queixas dos empresários, e Índia, com 67%. "Mas o caso do Japão é por
causa do envelhecimento da população. Já a Índia tem um problema parecido com o
do Brasil, que é uma nação em crescimento sem profissionais qualificados. Mesmo
assim, os indianos falam mais inglês do que os brasileiros", comenta a
executiva de recursos humanos da Manpower, Márcia Almström.

No Ceará

Também evidenciando a necessidade de profissionais, mas em nível menos
alarmante do que na média do País, no Ceará, cerca de 24% das vagas ficam
ociosas, conforme informações do Sine/IDT (Sistema Nacional de Empregos e
Instituto de Desenvolvimento do Trabalho), referentes ao ano passado, quando
das 120.439 vagas captadas, 91.616 foram ocupadas por encaminhamentos do órgão.

A média global de empresários que apresentaram queixas sobre a falta de novos
talentos ficou em 34%, ou seja, um em cada três empregadores no mundo encontra
barreiras para preencher as vagas abertas.

Países desenvolvidos

"Na comparação entre os países, os economicamente desenvolvidos têm menos
dificuldades, pois já formaram esses profissionais e como não estão em
crescimento, têm baixa demanda por novos talentos", explica a executiva da
Manpower.

Em comparação com a pesquisa feita em 2010, o Brasil passou do segundo para o
terceiro lugar no ranking deste ano, quando foram entrevistados 876
empregadores no primeiro trimestre. No entanto, Márcia não acredita que houve
uma melhora na formação de profissionais brasileiros. "O resultado disso é
consequência da piora na Índia, pois não vejo grandes mudanças na educação
profissional do brasileiro", avalia.

Principais carências

A pesquisa também detalha para quais funções os empresários têm mais dificuldade
em encontrar pessoas qualificadas. Tanto em 2010 quanto agora, os profissionais
de nível técnico ficaram no topo dos dez cargos mais difíceis de serem
preenchidos. "Por muito tempo o Brasil não privilegiou o ensino técnico e
tecnólogo, mas sim o universitário, mas nem sempre de boa qualidade. Essa
estagnação reflete neste momento que o País está em crescimento e precisa de
gente qualificada para trabalhar", diz Márcia.

Para o professor de economia da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Fábio
Pereira de Andrade, houve uma desvalorização do ensino técnico por muitos anos
no País.

"Na época de baixo crescimento da economia não havia demanda por esse
profissional. Agora não há nem escolas para formar pessoas capacitadas para
atender ao mercado de trabalho", analisa o docente.

Engenharia

No segundo lugar entre os profissionais mais requisitados estão os engenheiros,
que sofreram a mesma depressão de formação e contratação do que os técnicos.
"E por ser um curso caro, poucas universidades têm cursos de engenharia e
não conseguem formar a quantidade necessária para atender o mercado", diz
Andrade.

Para a executiva da Manpower, o problema de escassez de mão de obra não deve
ser superado tão cedo.

"Até vejo movimentos de empresas, que já investem em universidades
corporativas, e de escolas que querem ampliar suas vagas, mas também é preciso
a participação do poder público para que em conjunto esse problema seja
resolvido", afirma. "Senão, vamos continuar importando profissionais
de outros países", completa.

Opinião do especialista

Escassez é ´mito´ que
pune o trabalhador


Existe muito mito nessa alegação de falta de mão de obra qualificada no mercado
de trabalho. É mais uma forma de tentar desqualificar o trabalhador e jogar os
salários para baixo. Via de regra, o que temos visto historicamente é o setor
produtivo colocar no trabalhador toda a responsabilidade pela falta de mão de
obra qualificada. Durante muito tempo o Dieese teve a postura de reclamar pela
melhoria da formação de base, enquanto as empresas diziam que quem tinha que
regular essa questão era o próprio mercado. O País permaneceu tanto tempo com
esse pensamento, de que a responsabilidade pela qualificação era decisão
pessoal do trabalhador, que gerou toda essa demanda hoje. Outra coisa interessante
é que as categorias das quais mais se reclama atualmente a falta de
profissionais qualificados, como a engenharia civil, não conseguem ter seus
direitos resguardados. A última vez que os engenheiros civis no Ceará tiveram
uma convenção coletiva foi em 2004. Esses profissionais só têm garantido hoje o
que reza a lei ou o que uma ou outra empresa queira dar de benefício.
Estranhamente se reclama da falta desse profissional, mas há pouco interesse de
se estabelecer em convenções coletivas vantagens que possa atrair os
trabalhadores para ingressarem nessa profissão. Também causa estranheza que o
Ceará tenha a pior remuneração média do Brasil, conforme mostra a Rais. Falar
de falta de mão de obra qualificada é uma forma de continuar responsabilizando
o trabalhador, de desqualificar o profissional e baixar os salários das
categorias. É inadmissível essa desconexão entre desempenho e remuneração dos
trabalhadores cearenses.


"Cbic"

 

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