
AGÊNCIA CBIC
06/09/2011
Falta de indicadores afeta planejamento
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06/09/2011 :: Edição 172 |
Jornal do Commercio RJ/RJ 06/09/2011
Falta de indicadores afeta planejamento
Contrariando a robusta demanda por imóveis, escassez ainda é a palavra que rege o setor imobiliário no Brasil. Escassez não apenas de mão de obra e terrenos adequados para construção, mas carência de estatísticas sobre um mercado que, há cerca de cinco anos, apresenta crescimento constante.
Após quase duas décadas em que esteve subvalorizado, o setor imobiliário passa a ter agora a necessidade de consolidar dados estatísticos em nível nacional e contar com indicadores oficiais, tanto de vendas quanto de preços, capazes de permitir prever e avaliar movimentos de estabilização, queda ou alta.
O primeiro entrave para se chegar a dados oficiais, na visão de quem acompanha o setor, esbarra no fato de o setor ser formado, em grande parte, por empresas familiares, de porte menor, dificultando a obtenção de números confiáveis.
"No Brasil é muito complexo obter dados com precisão.
O processo de levantamento de dados exatos exige ronda nos cartórios – e ainda existe ilegalidade em registros -, além da composição de todos os bancos que têm carteira hipotecária", afirma o economista e professor de Finanças Ricardo Torres, da BBS Business School.
Diferentemente de muitos países desenvolvidos, que têm dados sobre a indústria imobiliária muitas vezes fornecidos pelo governo, no Brasil a Câmara Brasileira da Indústria da Construção vem buscando consolidar pesquisas dos principais mercados. As pesquisas, entretanto, são resultado de iniciativas isoladas de sindicatos e associações.
O Secovi-SP, por exemplo, sindicato que representa o setor na capital paulista, divulga mensalmente dados de vendas e lançamentos de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo. Os números, contudo, parecem conflitantes quando se comparam aos resultados das principais construtoras e incorporadoras do País, que têm forte atuação na cidade.
Para o analista Marcos Paulo Fernandes Pereira, da Votorantim, esse tipo de dado acaba por não refletir a realidade das empresas grandes.
"São dados muito pulverizados, de associações. Por considerar empresas familiares e menores, representa uma base ruim de comparação para empresas listadas na bolsa e distorce a capacidade financeira das grandes." VENDAS. Segundo o Secovi, no primeiro semestre deste ano as vendas de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulo recuaram 31,3% na comparação com igual intervalo de 2010. Por outro lado, se considerados os dados divulgados pelas seis construtoras e incorporadoras que integram o Ibovespa, as vendas cresceram 13,6% em igual período.
"As pesquisas têm margem de erro muito grande porque dependem de entrevistas com empresas, que podem ter interesses pessoais", acrescenta Torres.
A pedido do governo, institutos de pesquisa estão em fase de preparação de dois novos índices para acompanhar a valorização de imóveis residenciais. Um deles está sendo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, enquanto o outro vem sendo elaborado por Fundação Getulio Vargas e a Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança, que representa as entidades de crédito imobiliário e poupança. Ambos, porém, não devem ser lançados antes de 2012.
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