Jornal Diário do Comércio/BR – 10/05/2011
varejo do segmento revê meta para este ano
São Paulo – A falta de
profissionais qualificados e a conseqüente valorização dos salários que já
preocupa as incorporadoras e construtoras há algum tempo, começa agora a se
refletir nas projeções das fabricantes de materiais para construção e
varejistas do setor. As previsões de vendas para o ano, no momento, são bem
menos otimistas que as informadas no início do ano.
Diante de resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre, a Associação
Nacional dos Comerciantes de Material
de Construção (Anamaco), por exemplo, reduziu em 2,5 pontos porcentuais
a projeção de vendas para este ano, para 8,5% Na mesma linha, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais
de Construção (Abramat)
cortou no mês passado a estimativa de vendas no ano em dois pontos porcentuais,
para 7%
A partir desse cenário, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) também revisou para
baixo a projeção de crescimento do PIB da construção civil neste ano, de 6%
para 5%. No ano passado, o PIB brasileiro cresceu 7,5%, enquanto o PIB da
construção registrou expansão de 11,6%, segundo dados do IBGE.
"Acredito que a base do problema está no aumento no custo com a mão de
obra. Não vejo pressão de preços adicional, mas o crédito está um pouco mais
caro e o governo tem sinalizado que o ciclo de aperto monetário para controle
da inflação deve continuar", observa Ana Castelo, consultora da FGV
Projetos, ao lembrar que o setor está partindo de uma base de comparação forte.
Inflação – Na avaliação de
Cláudio Conz, presidente da Anamaco, a baixa produtividade que marcou o início
do ano foi provocada por dois fatores fundamentais: a migração da população
trabalhadora para outras regiões que estão em franco desenvolvimento
(Centro-Oeste e Nordeste) e a temporada de chuvas, que normalmente nesta época
do ano reduz o ritmo dos trabalhos no canteiro de obras.
A alta da inflação também pode representar mais um problema para as vendas
de materiais de construção ainda não surtiu efeito.
"A
inflação e o maior controle na concessão de crédito ainda não estão exercendo
pressão sobre a venda de materiais. Enquanto a inflação não atingir os
salários, isso não representa um problema para o setor", explica Conz. |