AGÊNCIA CBIC
Revolta do PT com ajuste surpreende Planalto
03/03/2015 |
O Globo – 03 de março Revolta do PT com ajuste surpreende Planalto Insatisfação com medidas, revelada por enquete do GLOBO, leva governo a adiar reunião de Levy com o partido Simone Iglesias Isabel Braga Cristiane Jungblut A contrariedade das bancadas do PT na Câmara e no Senado com o ajuste fiscal do governo, mostrada ontem em levantamento feito pelo GLOBO, causou incômodo no Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff e os ministros da articulação política não tinham dimensão da resistência dos parlamentares petistas aos projetos que restringem a concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. A dissidência levou ao adiamento de reunião que ocorreria na noite de ontem entre o ministro Joaquim Levy (Fazenda) e a bancada do PT na Câmara para discutir a votação das medidas. – Achamos muito ruim. Mostra os problemas que a articulação política do governo enfrenta – disse um ministro, que confirmou que a suspensão do encontro de Levy com os deputados petistas ocorreu por causa da posição da bancada. – Não vamos jogar o ministro aos leões – disse. EXPLICAÇÕES DESENCONTRADAS Duas explicações oficiais foram divulgadas minutos antes do anúncio de que não haveria mais reunião. A primeira, que o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) não podería acompanhar Levy ao de Dilma com o PMDB. A outra foi a de que a bancada se reuniria com o ministro Luís Inácio Adams (AGU) para tratar dos efeitos da Operação Lava-Jato na economia. A reunião dos parlamentares com Levy foi remarcada para amanhã. De acordo com a enquete, dos 59 deputados e senadores (de um total de 70 parlamentares) ouvidos pelo GLOBO, 40 disseram não concordar com as medidas enviadas ao Congresso e apenas 18 concordaram. Um não quis se posicionar. No Planalto, o levantamento foi visto com surpresa, já que deputados e senadores se reuniram várias vezes na semana passada com integrantes do governo para discutir as medidas e apresentar sugestões. Um ministro que participou dos encontros com os petistas contou que senadores e deputados apresentaram críticas pontuais, principalmente quanto ao seguro-desemprego e sobre a dificuldade de o governo explicar as medidas à sociedade. Relatou que ninguém se posicionou contra o ajuste fiscal por não concordar filosoficamente com as propostas. O ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) minimizou a insatisfação dos parlamentares. Disse que confia na bancada e que ela votará com o governo. Ontem à tarde, Pepe conversou com o presidente do PT, Rui Falcão, por telefone, e recebeu os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) e do PT, Sibá Machado (AC), para tratar das medidas provisórias com a medidas. – A bancada do PT sempre foi fiel e tenho certeza que neste momento ela ajudará o governo – afirmou Vargas. No esforço para diminuir as resistências as medidas, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, alardeou ontem o discurso do governo de que as mudanças não vão acabar com direitos do trabalhador, e garantiu que o PT, apesar das resistências, acompanhará o governo. – É preciso esclarecer bem o que é o ajuste e o que é direito do trabalhador, e espero que isso comece a ser feito agora. O PT e todos os partidos da base têm que ser esclarecidos. No debate, todos vão externar suas opções. Mas se a corda é elástica demais, arrebenta. Uma vez a posição tomada, todos vão seguir – afirmou Wagner depois de proferir aula magna no Curso Superior de Defesa da Escola de Guerra Naval, no Rio. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), reagiu à demonstração de resistências do partido e afirmou que "é essencial" que a bancada do PT aprove as medidas. – Neste momento o PT não pode faltar com o apoio à presidenta Dilma. O ajuste é necessário exatamente para preservar as duras conquistas dos últimos 12 anos. No momento de profunda especulação política, de ataque total ao nosso governo, o PT tem que ser a âncora da sustentabilidade. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou ontem qu não comentaria o resultado da enquete, mas sustentou que cabe ao governo convencer os parlamentares e a sociedade da importância deste ajuste fiscal. – Cabe ao governo convencer o agentes políticos e a sociedade da necessidade do ajuste e que este ajuste no futuro, trará benefícios à sociedade. O peemedebista Lúcio Vieira Lim (BA) afirma que este tipo de postura d PT dificulta muito a interlocução do governo com sua base aliada. – Não podemos ter o partido da pre sidente dizendo que é contra o ajuste Como a presidenta vai chegar para c outros e dizer: meu partido é contra mas quero a compreensão de vocês Quem pariu Mateus que o embale – criticou o peemedebista. LINDBERGH COBRA PRESIDENTE Numa demonstração do nível de rejeição que atinge o PT, o senador Lindbergh Farias (RJ) fez um duro discurso ontem, cobrando uma postura positivo da presidente quanto ao crescimento econômico e defendeu o Imposto sobre as Grandes Fortunas. – O primeiro chamado que faço que a Dilma, coração valente (lema d campanha da presidente), se dirija Nação, defenda o emprego, o crescimento econômico. Nós não vamos admitir que mexam no PAC, cortem investimentos – disparou Lindbergh. CORTES INCÔMODOS NOVOS TALENTOS PARA A CIÊNCIA O governo cortou 64,6% (7.109) das 11 mil bolsas previstas para este ano no programa destinado a estudantes de graduação de todas as áreas de conhecimento MINHA CASA MELHOR Suspenso o programa, criado em 2013 como extensão do Minha Casa Minha Vida, que concedia crédito de até R$ 5 mil para aquisição de eletrodomésticos. PAC Como parte do esforço fiscal, dos R$ 75 bilhões do limite de gastos até abril, R$ 15 bilhões são do PAC. CONTA DE LUZ Em janeiro deste ano, o governo anunciou um aumento na tarifa de energia. DIREITOS TRABALHISTAS Duas medidas provisórias dificultam o acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial, à pensão por morte, ao auxílio-doença e ao seguro-defeso pago aos pescadores no período de proibição de sua atividade. Isabel Braga, Simone Iglesias, Cristiane Jungblut |
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