Jornal O Globo/BR – 04/06/2011
o melhor do ano já saiu
Martha Beck e Lino Rodrigues
BRASÍLIA e SÃO PAULO. Entidades que representam o setor industrial nacional
afirmaram ontem que o quadro de crescimento ainda robusto no primeiro trimestre
não será repetido. A expectativa é de desaceleração. Para a Confederação
Nacional da Indústria (CNI), pesquisas como a Sondagem Industrial e o Índice de
Confiança do Empresário mostram ritmo da atividade menor a partir de abril.
Segundo o presidente da CNI, Robson Andrade, a alta de 1,3% no PIB do
primeiro trimestre na comparação com o último trimestre de 2010 já é resultado
da política de juros elevados e de problemas da economia:
– Problemas no câmbio e na infraestrutura, impostos e juros elevados. Isso
tudo faz com que a economia brasileira comece a dar sinais de enfraquecimento e
de que, no futuro, a situação poderá não ser tão boa como no ano passado.
A CNI só revisou para cima suas projeções porque estava mais pessimista que
a média dos economistas. O setor industrial deve crescer 3,2%, com alta do PIB
do país de 3,8%. Em abril, a expectativa da CNI era que a indústria tivesse
alta de 2,8% e a economia crescesse 3,5%.
Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) previu que o
PIB da indústria cresça 3%, com alta de 4,1% para a economia em geral. Para o
presidente da entidade, Paulo Skaf, a indústria vai continuar sofrendo com a
enxurrada de produtos importados em função do câmbio e o déficit externo do
setor pode fechar o ano em US$100 bilhões.
Jorge Gerdau, coordenador da Ação Empresarial, disse que o crescimento do
PIB no começo do ano foi bom em relação ao esforço do governo para reduzir a
inflação:
– O governo está fazendo esse exercício de balancear o crescimento e
diminuir a pressão inflacionária. É um jogo de equilíbrio.
O presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (Cbic),
Paulo Simão, foi mais otimista.
Segundo ele, o setor deve fechar 2011 com um crescimento de 6%.
Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o crescimento do PIB do
começo do ano reflete o bom desempenho da safra 2010/2011, que deverá atingir
159 milhões de toneladas. A estimativa da entidade é que o PIB da agropecuária
feche 2011 com alta de cerca de 9%.
|