Dilma comemora desconto de 42% em pedágio e vai 'estressar' novatos

Folha de S. Paulo

Dilma comemora desconto de 42% em pedágio e vai 'estressar' novatos

DIMMI AMORA
VALDO CRUZ
CLARA ROMAN

Presidente festeja surgimento de novo grupo como vencedor do leilão de concessão da BR-050

Governo quer seguir de perto execução das obras, para usá-las como exemplo de sucesso do modelo de licitações

A vitória do novato consórcio Planalto no leilão da BR-050, com deságio de 42,38% no valor do pedágio, foi comemorada pela presidente Dilma. O elevado desconto na tarifa e o surgimento de um novo grupo no setor de concessão foram os motivos para a euforia da presidente, após a decepção da semana passada, quando um dos trechos em leilão, a BR-262 (MG-ES), não atraiu interessados.

Formado por nove empresas, encabeçado pela Senpar, o consórcio ganhou a disputa oferecendo pedágio de R$ 4,53 a cada 100 km rodados –a tarifa-teto era de R$ 7,87.

"Foi um resultado muito bom. Isso mostra que os estudos do governo levam a condições favoráveis, à presença do setor da construção civil e de investidores nesses processos", disse o ministro César Borges (Transportes).

Logo após o anúncio do resultado, a presidente orientou sua equipe a se reunir com os perdedores para analisar uma forma de viabilizar o leilão da BR-262. Há ainda outras sete rodovias em processo de concessão.

Determinou ainda que seja traçado um plano para garantir que o novato Planalto cumpra o cronograma de obras e evite o risco, apontado pelo mercado, de reedição do fracasso da OHL.

No governo Lula, a concessionária espanhola venceu cinco concessões com baixos preços de pedágio e acabou repassando seus contratos por não conseguir cumpri-los. Em média, fez menos de 12% do combinado.

Segundo assessores, a ideia é repetir a estratégia usada na concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília. Operadores sem experiência em grandes aeroportos venceram a disputa, e o governo pressionou-os para acelerar o plano de obras, o que vem dando resultado.

Nas palavras de um auxiliar presidencial, o governo vai "estressar" os donos do Planalto para transformá-lo num exemplo de que é possível oferecer baixos preços de pedágio e cumprir o cronograma de investimentos.

Na avaliação de Dilma, o surgimento de concorrente forçará as empresas mais tradicionais a melhorar as propostas nos próximos leilões.