
AGÊNCIA CBIC
02/08/2011
Entulho transformado em cimento
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02/08/2011 :: Edição 148 |
Jornal O Globo/BR 02/07/2011
Entulho transformado em cimento
Gestão de resíduo
Depois de implodido mês passado para dar lugar a novas arquibancadas, frisas e camarotes do Sambódromo, os quatro prédios da antiga cervejaria Brahma, no Centro, se transformaram em uma montanha de 60 mil toneladas de entulho. A quantidade seria suficiente para encher três mil caminhões de resíduos para serem levados aos lixões. Mas não será assim. Todo o resíduo será reaproveitado na obra de ampliação do Sambódromo e em outras construções no Rio, como a Cidade do Rock, para onde foi enviada uma parte do entulho reciclado.
A iniciativa faz parte de um programa de ações socioambientais da Ambev, dona do imóvel onde, até 1998, funcionava a cervejaria. Todos os anos, segundo Ricardo Rollim, diretor de relações sociambientais da companhia, a empresa investe cerca de R milhões em projetos sociais e de meio ambiente.
– São projetos de educação, reflorestamento, redução de uso de recursos hídricos, consumo responsável, gestão de resíduos, entre outros – contou.
A obra vai custar à empresa R0 milhões, em troca de autorização para construir três torres num terreno vizinho. A obra de ampliação do Sambódromo será conduzida pela Fábio Bruno, empresa de engenharia especializada em demolições.
Para reaproveitar o resíduo, a construtora precisou instalar um equipamento no canteiro de obras que funciona como uma espécie de usina de reciclagem. A máquina é semelhante às usadas por mineradoras, com esteiras rolantes, britadores, peneiras e granuladores. Somente o concreto com substâncias contaminantes não é reaproveitado como matéria prima de novas construções.
Depois de realizar a separação manual de plástico, alumínio e madeira, a escavadeira pega o entulho e despeja na máquina, que separa o ferro de um lado e o cimento em diversas granulações de outro.
A técnica é inovadora e até agora pouco usada no país, segundo Simone Ribeiro, gerente de qualidade da Fábio Bruno, e a máquina, para funcionar, depende de mão de obra especializada.
– A tecnologia é nova e não há muitas obras operando com este equipamento ainda. Mas é importante que se dissemine porque possibilita que cimento e tijolos, que antes entupiam os lixões, sejam reciclados e reaproveitados – disse.
Segundo Simone, 30 mil toneladas de entulho, dos 60 mil originais, foram parar na escavadeira e se transformaram em matéria prima novamente, ou seja, cimento para ser reutilizado. Parte deste material foi doado para obras da cidade do Rock, no Recreio. O ferro seguiu para indústria siderúrgica e a madeira foi doada para empresas que produzem uma espécie de tijolos compactos, usados também na construção civil.
A prática de reaproveitar entulhos já tinha sido usada na demolição da boate Help, em Copacabana, no ano passado. Na ocasião, 99% do resíduos foram enviados para reciclagem ou reaproveitados.
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