
AGÊNCIA CBIC
26/04/2012
Dilma, Mantega e a poupança
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26/04/2012 :: Edição 306 |
Correio Braziliense/BR 26/04/2012
Dilma, Mantega e a poupança Presidente e ministro avaliam, em 6 horas de reunião, a alteração nas regras das cadernetas de forma a evitar riscos político e econômico
A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estiveram reunidos ontem por mais de seis horas em torno de um tema delicado para o governo, especialmente em ano eleitoral: a alteração das regras das cadernetas de poupança. É que, com a queda da taxa básica de juros, a Selic, a tradicional aplicação pode atrair capitais em busca de remuneração mais alta, inclusive de bancos e de fundos de investimentos que sustentam o mercado de títulos públicos emitidos pelo próprio governo. Tanto pior que um movimento indesejado como esse pode reduzir o volume de dinheiro destinado ao crédito para a indústria e para os consumidores, o que é o maior temor de Dilma que quer estimular o crescimento. A longa conversa teve início às 11h40 no Palácio do Planalto e passou para a residência oficial da Presidência, onde se prolongou por um almoço e terminou por volta das 17h20, sem que nada fosse divulgado.
O tempo gasto pelo ministro para tratar com a presidente desse assunto, que tem forte motivação política, alterou completamente a agenda da Fazenda. A princípio, a reunião com Dilma duraria apenas uma hora ou, no máximo, 90 minutos. Isso porque o ministro da Fazenda tinha um almoço às 13h com as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Miriam Belchior (Planejamento) onde discutiriam temas relativos à Junta Orçamentária, responsável pelas definições sobre a liberação de verbas para obras e demais despesas do governo.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, acabou por receber Gleisi e Miriam. Ele assegurou que, apesar do superavit recorde do primeiro trimestre, de R$ 33,8 bilhões, o governo não irá afrouxar o contingenciamento de R$ 55 bilhões dos gastos públicos anunciados em fevereiro. Investidores
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic pela sexta vez consecutiva. Com isso, mais de dois milhões de brasileiros estão perdendo dinheiro ao aplicarem em fundos de renda fixa, que possuem taxas extremamente elevadas e que corroem todo o ganho que o investidor teria com os juros nos patamares atuais. O economista do banco Itaú, Guilherme da Nóbrega, também destacou que a discussão sobre a poupança é cada vez mais inevitável. "O debate no mercado agora é a caderneta de poupança", afirmou.
A pedra no caminho
O nó da questão no debate sobre as cadernetas de poupança é que os fundos de investimento e os bancos (donos de muitos fundos) são os maiores detentores da dívida pública, mas podem deixar de ser caso ocorra migração, ainda que o governo descarte esse risco. Mais da metade da dívida pública federal, de R$ 1,8 trilhão, está em poder desses capitais. Os fundos responderam por 27,52% e os bancos por 29,61% do estoque de março dos títulos públicos federais emitidos no país, ou seja, 57,13%.
Estímulo à produção
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a aprovação do texto-base do Projeto de Resolução 72, que acaba com a guerra dos portos, foi muito boa para o país. "Vamos deixar de estimular a importação de produtos e de exportar empregos para outros países, além de estimular a produção nacional", afirmou. "Os estados que utilizavam esse expediente vão ter um suporte para que possam fazer uma transição de corredores de importação para estados produtores de bens de manufaturados, de modo que tenham uma situação melhor no futuro", assegurou. O Senado ratificou, por 58 votos a favor e 10 contra, a resolução que unifica a alíquota do ICMS interestadual em 4% para produtos importados a partir de 2013. O projeto ainda será submetido ao aval da Câmara dos Deputados.
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