
AGÊNCIA CBIC
01/11/2011
Com cenário pior, investimento desacelera
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01/11/2011 :: Edição 209 |
Jornal Brasil Econômico – 01/11/2011
Com cenário pior, investimento desacelera Dados do varejo, da indústria e projeções macroeconômicas sinalizam que as turbulências internacionais ficam mais evidentes no Brasil, embora menos queem2009
Projeções de crescimento revisadas para baixo, vendas no varejo estagnadas, indústria menos otimista e investimento em desaceleração. Todos são sinais de que a crise internacional chegou, de fato, ao Brasil – apesar do impacto ainda ser menos severo do que foi em 2009, quando o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,20% afetado pela crise que estourou nos Estados Unidos em 2008. "A atual política econômica é correta para manter nossas vantagens internacionais", diz o economista Paulo Rabelo de Castro, lembrando, no entanto, que o governo precisaria incentivar mais os investimentos.
Ontem,mais uma vez, a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi reduzida pelas instituições financeiras ouvidas semanalmente pelo Bancos Central: eles esperam, agora, expansão de 3,29% neste ano e de 3,5% em2012. Para a indústria, as estimativas não são as mais robustas – a da expansão média caiu de 2,86% para 1,82% neste ano e para 3% no ano que vem.
E é a redução dos investimentos do governo o que mais tira o otimismo do setor industrial.
Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada ontem mostra que o nível de confiança dos empresários da indústria nacional recuou 0,4% em outubro.
Na indústria da construção civil, o ajuste fiscal e os investimentos reduzidos em obras de infraestrutura já afetam o desempenho do setor-o governo investiu até agora apenas 10% do previsto (leia mais ao lado).
Para se ter uma ideia, os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – o principal financiador do país – somaram R$ 91,8 bilhões até setembro deste ano, valor 11% menor que o liberado em mesmo período de 2010-já descontando os recursos usados na capitalização de R$ 24,7 bilhões da Petrobras.
"Se em 2010 os investimentos no Brasil cresceram cerca de 20%, neste ano devem ter alta de 6%", diz Fábio Silveira, da RC Consultores. "Se o cenário estiver favorável, pode chegar a 5% em 2012." E para o varejo o cenário também não é dos melhores.
Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio acredita que as vendas do Natal deste ano devem empatar com o desempenho do ano passado. Ou seja, não vão crescer. A projeção, pessimista, é baseada em fato real: as vendas no Dia das Crianças ficaram abaixo do esperado pelo varejo, o que trouxe pessimismo para as expectativas em relação à principal data de vendas do ano.
Luz no fim do túnel Mas nem tudo é má notícia. O governo brasileiro segue acreditando que o mercado interno será capaz de mais uma vez blindar o Brasil da turbulência externa e que isso terá sim a ver com os investimentos. Márcio Holland, secretário de política econômica do Ministério da Fazenda acredita que o fato de haver obras espalhadas por todo o país estimulará a geração de empregos e, consequentemente, o crescimento da economia (leia mais ao lado). Para ele, o Brasil volta a crescer entre 4,5% e 5% nos próximos anos. ■ Com reportagem de Cláudia Bredarioli
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A atual política econômica é correta para manter nossas vantagens internacionais Paulo Rabelo de Castro Economista
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Mercado 3,29% é a previsão do mercado para o crescimento do PIB neste ano. Há quatro semanas, a estimativa era de expansão de 3,51% em 2011.
2012 3,5% é a projeção de crescimento para a economia brasileira em 2012, segundo os analistas – abaixo da estimativa do governo, que prevê ainda expansão em torno de 5%.
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