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AGÊNCIA CBIC

12/12/2011

A locomotiva do PIB parou

"Cbic"
12/12/2011 :: Edição 234

 

Revista Veja/BR 11/12/2011
 

A locomotiva do PIB parou

O PIB zero no terceiro trimestre é o legado negativo do crescimento inflado pelo governo brasileiro em 2010. A economia teve de ser freada bruscamente

 A atividade econômica parou de crescer no Brasil. Os números divulgados na semana passada pelo IBGE mostraram que a taxa de expansão foi nula no terceiro trimestre deste ano. Isso quer dizer que, nos três meses encerrados em setembro, o valor do PIB, a soma de todas as mercadorias e serviços produzidos no país, ficou exatamente igual ao do segundo trimestre. Os economistas e até mesmo o governo esperavam uma freada na atividade econômica. Mas a magnitude surpreendeu. O desempenho brasileiro no período foi pior do que o dos países atingidos pela crise na zona do euro. A queda chama ainda mais atenção quando se leva em conta o ritmo acelerado no qual o país iniciou o ano. Em 2010, a economia registrou um avanço espetacular de 7,5%, a maior taxa desde o biênio 1985-86, quando se viveu a euforia da redemocratização e do Plano Cruzado. Neste ano, o PIB deverá crescer abaixo de 3%, o que representa uma diminuição de 60% no ritmo anual da economia.
 A explicação mais simples para essa freada brusca é que o país estava avançando em uma velocidade superior às suas possibilidades. O trem do PIB corria o risco de descarrilar, o que, em economia, se manifesta pela alta na inflação. O crescimento de 2010 foi, em boa dose, uma ilusão de ótica. O governo anterior, no esforço de eleger a sua sucessora, extrapolou os limites razoáveis do aumento nos gastos públicos. Tolerou também a alta nos preços e facilitou o crédito, tanto para as pessoas como para as empresas. Inflou assim o crescimento, mas legou uma taxa de inflação elevada, ao redor de 7%, e acima das metas oficiais. Por isso, o governo Dilma Rousseff teve de iniciar o ano fazendo ajustes. Decretou a contenção de parte das despesas previstas para 2011. Ao mesmo primeiros meses do ano, além de ter adotado um conjunto de medidas de restrição ao crédito, com o intuito de refrear o crescimento e assim domar a inflação. O PIB zero foi o preço a ser pago pelos excessos de 2010. Afirma o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn: "A desaceleração brasileira no terceiro trimestre não pode ser atribuída à crise europeia. Ela foi motivada essencialmente por fatores domésticos, um resultado do combate à inflação".
 Segundo a economista Eliana Cardoso, os desdobramentos na Europa poderão contribuir, nos próximos meses, para a perda de ritmo. "Uma piora na. crise deverá diminuir o crescimento no próximo ano, com impacto na redução das exportações brasileiras e também com a provável redução dos investimentos estrangeiros no país'', afirma ela. Já o economista Nicola Tingas, da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), aponta outro fator que poderá restringir a retomada: o endividamento excessivo das famílias. "Fabricamos mais demanda do que conseguimos atender. A inadimplência subiu de forma sistemática", diz Tingas. "Estamos em um ambiente de ajuste."
 Diante da freada na atividade, o governo adotou medidas para estimular o consumo e os investimentos. Reduziu os impostos de produtos como fogões e geladeiras. Ao mesmo tempo, o BC voltou a diminuir a taxa de juros, julgando que o risco inflacionário já teria perdido força. Diz Octavio de Barros, diretor de pesquisas macroeconômicas do Bradesco: "Com esses estímulos, podemos esperar que, a partir do segundo trimestre de 2012, a economia brasileira já esteja crescendo em velocidade de cruzeiro, sobretudo se notícias melhores vierem da Europa".
 Independentemente da retomada, ficou evidente a dificuldade do país em manter um ritmo acelerado por um período duradouro. De acordo com os economistas, isso se deve, principalmente, ao tamanho e à composição dos gastos públicos – que, além de ser proporcionalmente maiores do que os de qualquer outro país em desenvolvimento, privilegiam os gastos com o custeio da máquina pública em detrimento dos investimentos em infraestrutura. Segundo números compilados pelo diretor do órgão Contas Abertas, Gil Castello Branco, as despesas com a máquina governamental e com o funcionalismo foram ampliadas em 83 bilhões de reais nos onze primeiros meses deste ano, na comparação com igual período do ano passado. Já os investimentos do governo federal e das empresas estatais, essenciais para o aumento da produtividade na economia, tiveram um decréscimo de 17 bilhões de reais. O programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, recebeu menos da metade do orçamento previsto para este ano, e a Infraero gastou na ampliação e remodelagem de aeroportos menos de 30% do que era esperado.Andam também em marcha lenta grandes obras do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, como ferrovias e a .transposição do Rio São Francisco. "Não podemos mais nos dar ao luxo de repetir o erro de ampliar ainda mais os gastos de custeio. O governo não está criando as condições para ampliar os investimentos", afirma o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas. Sem investimentos, a locomotiva do PIB continuará emperrando diante dos menores obstáculos que surgirem pela frente.

"Cbic"

 

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