
AGÊNCIA CBIC
Empresários planejam investimentos
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12/09/2012 :: Edição 399 |
Jornal Correio Braziliense – 12/09/2012 EMPRESÁRIOS PLANEJAM INVESTIMENTOS Os empresários consideraram histórica a decisão do governo de reduzir o preço da energia, atendendo uma velha queixa do setor produtivo. Mas também prometem acompanhar os desdobramentos das decisões e torcer pela continuidade da agenda de competitividade do governo. "Essa medida estimula o investimento ao reduzir preços e fazer com que o empresário tenha mais confiança em produzir e gerar emprego. Poderemos ter um produto mais competitivo no mercado nacional e internacional", comemorou Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Franklin Feder, presidente da Alcoa, empresa que tem na energia um dos seus principais insumos, comemorou o pacote de redução do custo da energia anunciado ontem pela presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o custo médio da energia para a indústria de alumínio no mundo é de US$ 35 por megawatt/hora (MW/h) enquanto no Brasil esse custo está em torno de US$ 60 o MW/h, tendo atingido US$ 82. "Com a redução de até 28% prevista para 2013, poderemos nos aproximar da média mundial", comentou. Ele promete renegociar seus contratos com a Eletronorte conforme a nova perspectiva. Para o presidente da Bayer, Theo van der Loo, os cortes no custo de eletricidade "chegaram com atraso". "O governo tem nos ouvido, o que é muito positivo. Mas a notícia da desoneração em 2013 apenas impede o fechamento de fábricas do setor químico". Na sua avaliação, a próxima batalha em favor do parque produtivo ante a concorrência externa, particularmente a chinesa, envolve o custo do gás, que representa cerca de 8% dos custos da Bayer. Essa demanda sobre o gás deverá ser mesma a próxima a ser apresentada pelos empresários ao Planalto, informou Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais (Abrace). "O efeito mais significativo do anúncio da presidente, com a reversão histórica para a conta de luz, está no foco dado à energia, de fonte de arrecadação fiscal para elemento estratégico para políticas de desenvolvimento", ressaltou. Do ponto de vista das concessionárias que terão de reduzir suas margens de lucro, o ganho será de dar previsão aos seus investimentos. "As empresas com ativos nessas condições, a vencer a partir de 2015, terão mais condições de planejar e tomar decisões de longo prazo", sublinhou Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Para ele, além dos percentuais de redução da eletricidade anunciados oficialmente, ficou claro que o governo vai continuar buscando a modicidade tarifária, "sobretudo pela expansão da matriz energética por fontes renováveis". O presidente da Eletrobrás, José da Costa, afirmou que o impacto da renovação das concessões sobre os ativos da estatal são "gerenciáveis". A maior parte dos ativos que serão revertidos para a União são justamente nas empresas do grupo que atua na geração, transmissão e distribuição, com a incorporação de empresas. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, admitiu que a Eletrobrás ou uma empresa especial criada para este fim poderá assumir as concessões que não aceitarem os termos da renovação. Contratos respeitados Uma das preocupações centrais do anúncio do pacote de energia foi mostrar que as mudanças estavam respaldadas nas leis. "Os contratos estão sendo respeitados. Mas também não podemos tergiversar sobre o fato de que as concessões acabaram", discursou a presidente Dilma Rousseff, durante o seu pronunciamento. O ministro Edison Lobão também fez questão de ressaltar a participação da Advocacia Geral da União nas negociações do pacote, "para garantir sua constitucionalidade". O titular, Luiz Inácio Adams, foi figura de destaque na cerimônia no Palácio do Planalto. A expectativa é da medida provisória ter efeito pleno a partir de 5 de fevereiro. O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, prometeu, contudo, questionar na Justiça os termos do pacote. Ele defende a relicitação dos contratos de concessão que vencem a partir de 2015. "É indiscutível que a redução de tarifas é boa para o país. Mas precisamos avaliar com cuidado, pois o pacote é complexo", ressaltou. O consultor norte-americano Ashley Brown, um dos mentores do pacote, defendeu a opção por renovar as concessões com o argumento de que a falta dessa possibilidade desestimula investimentos. |
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