Jornal do Commercio RJ/RJ
Empregos crescem 81% nos pequenas empresas
MERCADO DE TRABALHO
De 2000 a 2011, mais de 7 milhões de pessoas foram contratadas por empreendimentos de micro e pequeno porte, com destaque para os setores de construção civiL e comércio
DA AGENCIA SEBRAE
Os pequenos negócios – aqueles que faturam até RS 3,6 milhões anuais – foram responsáveis pela geração de 7 milhões de novos empregos com carteira assinada de 2000 até 2011, alta de 81% no período. Com o resultado, esses empreendimentos se consolidam como OS principais empregadores da economia formal, com um total de 15,6 milhões de postos de trabalho ou 52% de toda mão de obra ocupada no País. Os dados constam no Anuário do Trabalho da Micro e Pequena Empresa, elaborado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se- brae), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioe- conõmicos (Dieese).
O Anuário do Trabalho tem base em diferentes fontes de informação. O objetivo é reunir um conjunto de dados sobre o perfil e a dinâmica do segmento dos pequenos negócios. A pesquisa utiliza dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), registro administrativo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); da Pesquisa Nacional por Amostra de Dominícios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese e da Fundação Seade.
O crescimento na oferta de trabalho nesse nicho trouxe ainda um efeito positivo nos salários pagos pelos pequenos negócios. No período, a remuneração real – descontada a inflação – dos empregados nos micro e pequenos empreendimentos cresceu 18%, o dobro do aumento verificado nas médias e grandes empresas, que foi de
Barretto destacou que o crescimento da geração de emprego estimulou também alta nos salários 8,9%. "A melhora nos salários é uma excelente notícia, principalmente considerando que boa parte das pessoas encontra o primeiro emprego em uma empresa de micro ou pequeno porte", destaca o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
Transformações
Na sua avaliação, as mudanças no ambiente legal e na economia brasileira nos últimos anos contribuíram fortemente para esse cenário positivo do trabalho nos pequenos negócios. No aspecto político e tributário, houve a criação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, do SuperSimples, que reduz, em média, 40% dos impostos das companhias desse porte, além do surgimento da figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI), que permite a formalização de empreendimentos que faturam, em média, RS 5 mil mensais.
No campo socioeconômico, o fortalecimento da classe C e o aquecimento do mercado interno também foram determinantes para o cenário atual de geração de emprego. "O mercado brasileiro, com mais de 100 milhões de consumidores, ajudou no crescimento das micro e pequenas empresas, que precisaram contratar mais", avalia Barreto, acrescentando que, com o nível de emprego em alta, o aumento dos salários também contribui para reter mão de obra qualificada nesses empreendimentos.
Construção civil foi o setor que registrou a maior taxa de expansão do emprego. O aumento da renda do brasileiro, o maior gasto com o item moradia, a multiplicação dos programas de construção pelo País e o início
das obras para os grandes eventos esportivos contribuíram para o salto de 115% na geração de postos de trabalho das micro e pequenas empresas da construção civil desde o ano 2000.
Outro segmento da economia que se destacou na geração de emprego foi o comércio. De acordo com Barreto, o aumento na demanda do consumidor final também provocou mais contratações neste nicho de mercado, que ampliou em 81 % o número de vagas com carteira assinada no mesmo período.
As remunerações também cresceram mais nesses mesmos setores. Enquanto no comércio o aumento real de salários foi de 22%, os trabalhadores da construção civil e da indústria passaram a receber, em 2011, salários 21% maiores do que os praticados onze anos antes.
Faixa etária e região
O Anuário do Trabalho da Micro e Pequena Empresa traz ainda dados sobre o comportamento de trabalho a partir das diferentes faixas etárias e regiões do País. No que se refere à remuneração, os jovens e os empregados com 60 anos ou mais foram os que obtiveram os maiores incrementos salariais.
De acordo com o levantamento, empregados de 18 e 24 anos tiveram aumento médio salarial de 26% de 2000 a 2011, mesmo percentual de acréscimo verificado no pagamento dos funcionários com 60 anos ou mais. "No início da década passada, a taxa de desemprego ainda era alta nessas faixas etárias. Gom o aquecimento do mercado de trabalho, os pequenos negócios, que sempre foram uma boa porta de entrada para jovens, também passaram a receber os mais experientes, que retomaram suas atividades profissionais", destaca o presidente do Sebrae.
Na análise regional, o número de empregos oferecidos ainda é maior nos pequenos negócios da região Sudeste, que responde por 51,7% dos postos de trabalho. Entretanto, de 2000 a 2011, o Nordeste foi a região que mais ampliou a taxa de contratações, saindo de 13,4% para 15,4%. Em relação ao crescimento salarial, o maior incremento foi registrado no Gentro-Oeste, com 32% de reajuste real nos salários durante o período.
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