
AGÊNCIA CBIC
Em agosto, indicador de atividade do BC deve apontar recuperação modesta
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16/10/2013 |
Valor OnLine Em agosto, indicador de atividade do BC deve apontar recuperação modesta A estagnação da produção industrial observada entre julho e agosto impediu uma recuperação mais acentuada da atividade econômica no segundo mês do trimestre, na avaliação de economistas, mesmo com o desempenho positivo das vendas no varejo no período. Após retração de 0,3% em julho, a média das estimativas de 17 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta para avanço de 0,3% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em agosto, na comparação com o mês anterior, feitos os ajustes sazonais. O intervalo entre as estimativas varia entre estabilidade e avanço de 0,6% na passagem mensal. O Banco Central divulga hoje o resultado do indicador, que procura antecipar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) no período. Para os economistas, a variação ainda morna do IBC-Br em agosto reforça a percepção de que o terceiro trimestre tenha sido de atividade mais fraca, embora alguma recuperação da indústria em setembro e bons resultados do comércio em julho e agosto coloquem um viés ligeiramente menos negativo para a atividade no período. Para Mariana Hauer, economista do Banco ABC Brasil, a variação nula da produção industrial entre julho e agosto, já descontados os efeitos sazonais, impediu avanço mais forte do IBC-Br, para o qual a economista projeta alta de 0,2% na passagem mensal. "A indústria não cresceu em agosto, o que segurou um pouco o desempenho da atividade econômica no mês", afirmou. Mariana explica que, em seu modelo, a produção industrial é o componente com maior elasticidade em relação ao indicador do BC, o que significa dizer que o desempenho do setor tem maior influência para o crescimento ou queda do IBC-Br do que outros elementos que compõem o índice. Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, também avalia que a variação nula da indústria pesou mais em agosto e explica a perspectiva de estabilidade do IBC-Br na passagem mensal. Além disso, afirmou Mariana, do ABC Brasil, apesar da surpresa positiva com as vendas no varejo restrito em agosto, o comércio no conceito ampliado (que também considera a venda de automóveis e material de construção) ficou abaixo de sua estimativa, de alta de 0,8%, já que o resultado divulgado pelo IBGE mostrou avanço de 0,6% das vendas nesse indicador. Em função desse resultado, a economista revisou para baixo sua estimativa para o IBC-Br, de alta de 0,3% para aumento de 0,2% na passagem mensal. Flavio Serrano, economista do BES Investimento, também não avalia que a alta de 0,9% das vendas no varejo no conceito restrito tenha sido suficiente para impulsionar a atividade econômica no período. "Apesar do resultado mais favorável neste segmento, as vendas no varejo ampliado avançaram menos do que a nossa estimativa. Assim, apesar da composição diferente, a influência sobre a atividade, no fim, é similar", afirma. Para Serrano, as informações já disponíveis sugerem variação próxima a zero do PIB no terceiro trimestre, embora o BES Investimento ainda não tenha projeção definitiva para a variável, que será divulgada no começo de dezembro. "O PIB industrial deve ter impacto negativo importante, mesmo com crescimento mais forte projetado para setembro". Em sua avaliação, mesmo os bons resultados em julho e agosto do comércio podem não ser suficientes para compensar o tombo da produção industrial. A Tendências, diz Bacciotti, estima queda de 0,2% do PIB no terceiro trimestre. "Teremos um trimestre mais fraco basicamente por causa do acúmulo de estoques em alguns setores industriais, que tirou fôlego do setor". Já Mariana, do ABC Brasil, afirma que apesar do desempenho morno da atividade nos dois primeiros meses do terceiro trimestre, o PIB não deve mostrar retração em relação ao segundo trimestre. "O desempenho ficará longe de repetir o avanço de 1,5% do segundo trimestre, mas ainda assim estimamos crescimento no terceiro trimestre", afirma. Segundo Mariana, seu cenário contemplava algum desaquecimento do mercado de trabalho, o que tenderia a ter reflexos diretos no comportamento do varejo. "Mas isso não aconteceu. O mercado de trabalho segue estável em um patamar forte, o que está tendo impacto sobre o comércio", diz. Para Mariana, a evolução positiva das vendas no varejo irá em parte compensar o efeito da esperada retração da indústria no terceiro trimestre, que também será suavizada pela recuperação da produção esperada para setembro. De acordo com indicadores preliminares, o setor manufatureiro deve ter aumentado em 0,9% a produção nas fábricas em setembro, de acordo com cálculos do ABC. "Em virtude desses indicadores, não acreditamos que o PIB terá variação negativa no terceiro trimestre", afirma.
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