Jornal Diário do Comércio/BR – 03/05/2011
educação em primeiro lugar
Dentre os gargalos que o país enfrenta, resultantes da expansão da economia,
um dos mais estreitos é o da oferta de mão de obra qualificada. Ainda há pouco,
estudos divulgados por entidades representativas da construção civil
demonstraram que, no setor, o problema já alcançou um grau extremo,
comprometendo o andamento de obras e ameaçando aquelas previstas para os
próximos anos. Em alguns setores da indústria a situação não é diferente e se
repete na área de serviços. Redes de supermercados revelam que em alguns casos
não conseguem repor funcionários nem mesmo para as funções mais básicas.
Enquanto algumas construtoras buscam respostas para seus problemas mais
imediatos com contratações no exterior, o governo
federal – trabalhando na linha do horizonte – anuncia substancial reforço no
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego.
São providências que já chegam tarde mas ainda assim devem ser saudadas como
muito positivas.
O programa anunciado na semana passada conta, segundo a informação oficial,
com recursos da ordem de R$ 1 bilhão para bolsas de estudos e financiamento
estudantil a serem aplicados ainda este ano. E o objetivo mais amplo é a
construção de 200 novas escolas técnicas até 2014. Destas, 81 já estão sendo
erguidas. Também foram anunciados investimentos, via Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de até R$ 3,5 bilhões no sistema
educacional bancado pelo Sesi, Senai, Sesc e Senac, de longe o mais amplo e bem
equipado existente no país, voltado para o ensino profissionalizante.
preciso acentuar que ao lado da ampliação de vagas são necessários também
esforços consistentes na formação de professores e especialistas para atender –
bem – à demanda que estará surgindo. fundamental que estes quadros sejam
valorizados e que os programas letivos sejam bem orientados com relação à
demanda do mercado de trabalho, empreitada para a qual não se pode medir
esforços, tendo em conta que a educação é o verdadeiro alicerce de todas as
transformações que o país reclama.
E mais que multiplicar vagas é preciso multiplicar qualidade e adequação, um
processo em que se perdeu muito terreno nas últimas décadas e que melhor
explica a situação atual.
Fato é que o Brasil, neste particular, tem um grande atraso a superar, e por
isso mesmo as notícias vindas de Brasília soam auspiciosas. Porque sem
investimentos pesados em educação qualificada o gargalo anotado tente a se
estreitar ainda mais, na mesma proporção em que se estreitarão as
possibilidades de o país alcançar o patamar do crescimento sustentável.
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