Dilma voltará a fazer reuniões com empresariado

O Globo/BR

Dilma voltará a fazer reuniões com empresariado

Martha Beck
Estratégia é resgatar  confiança e garantir  investimentos  
 A presidente Dilma Rousseff vai voltar a fazer reuniões com o empresariado para tentar garantir o sucesso dos leilões de concessão na área de infraestrutura marcados para os próximos meses. Segundo interlocutores, Dilma quer reafirmar o compromisso de seu governo com a austeridade fiscal e com os contratos que serão firmados com os futuros investidores. Na avaliação do Palácio do Planalto, a deterioração das contas públicas, o baixo crescimento da economia e os recentes protestos populares contra a corrupção e por melhorias em saúde, educação e transporte aumentaram a desconfiança do mercado em relação ao Brasil e podem acabar afugentando investidores.
 Ao segurar reajustes de tarifas de transporte e de energia – no caso, da companhia elétrica paranaense Copel – para dar uma resposta às manifestações, o governo acabou provocando rumores de que pode não estar comprometido com contratos, tirando a atratividade das concessões, grande aposta de Dilma para turbinar a economia. Em sua totalidade, o programa de concessões soma investimentos de R$ 470 bilhões, segundo os cálculos do Ministério da Fazenda.
 SETOR DE PORTOS É PRIORIDADE  
 Nos encontros, a presidente quer assegurar pessoalmente aos empresários que o governo fará um superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) em 2013, deixando claro que esse é o resultado possível num momento em que a arrecadação está baixa devido ao fraco desempenho da economia e às desonerações feitas para incentivar o setor produtivo. A meta oficial de primário deste ano é de R$ 155,9 bilhões (cerca de 3,1% do PIB), mas a equipe econômica terá que fazer um abatimento de R$ 45,2 bilhões, relativo a despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para fechar as contas.
 – São mensagens claras. O governo vai fazer um superávit primário de 2,3% do PIB em 2013, combater a inflação e não vai descumprir contratos. A ideia é resgatar a confiança que ficou abalada – afirmou um técnico da equipe econômica.
 O Planalto tenta decidir agora se vai fazer uma grande reunião com os 30 maiores empresários do país – como já ocorreu no ano passado – ou se faz encontros pontuais com grupos menores, como foi a estratégia utilizada no início de 2013. Na avaliação dos interlocutores, o segundo modelo seria mais eficiente para passar a mensagem do governo. Isso porque, num encontro com muita gente, cada participante tem muito pouco tempo para falar e trocar ideias com a presidente.
 A prioridade é conversar com o setor de portos, uma vez que o governo vai anunciar nos próximos dias os primeiros terminais de uso privativo regidos pela nova lei do setor. Em agosto, o governo receberá as propostas iniciais para o leilão do trem de alta velocidade (TAV) e, em setembro, será realizada a primeira etapa dos leilões de rodovias.