
AGÊNCIA CBIC
Debate sobre o cenário econômico e os impactos para o mercado imobiliário encerra o Summit CBIC Norte-Nordeste

O último painel do Summit CBIC Norte-Nordeste avaliou o cenário econômico brasileiro e seus reflexos sobre o mercado imobiliário nas Regiões Norte e Nordeste, oferecendo uma perspectiva de como os desafios nacionais influenciam os negócios do setor na região. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), na sede da Federação da Indústria do Estado do Ceará (FIEC), o evento recebeu autoridades, especialistas, dirigentes e empresários do setor na região nos dias 20 e 21 de março, na cidade de Fortaleza.
Abrindo o painel, Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito (ABECIP), apontou a mudança irreversível no papel da poupança no financiamento imobiliário. “A poupança, nas últimas décadas, foi um instrumento fundamental para o financiamento do setor imobiliário, juntamente com o FGTS. No entanto, essa realidade está mudando”, afirmou. Apesar desse desafio, destacou, o setor segue em crescimento. “Em 2024, batemos um recorde histórico de financiamentos imobiliários, alcançando R$ 312 bilhões, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior”, pontuou.
Gamba também abordou o impacto da valorização imobiliária, que tem superado a inflação: “Nos últimos sete anos, os imóveis valorizaram acima do IPCA. O índice IMIR mostra que, desde 2017, os preços cresceram 188%, contra 144% do IPCA”. Para ele, as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) emergem como soluções alternativas ao financiamento tradicional.
Diretor de Assuntos Econômicos da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), Renato Lomonaco, apresentou um panorama das expectativas do setor. “O empresário do segmento MAP está mais cauteloso na compra de terrenos, mas isso não é necessariamente um problema, pois grande parte das nossas empresas possui um bom land bank. O momento é de gestão estratégica”, explicou. Ele também destacou a atratividade do investimento imobiliário. “Se analisarmos uma média de cinco anos, a valorização dos imóveis e o rendimento dos aluguéis têm superado a taxa Selic”.
A importância da construção civil para a economia também foi ressaltada. “Nos últimos quatro anos, o setor cresceu 21%, enquanto o PIB avançou 10%. Se a construção desacelerar, inevitavelmente o PIB será impactado”, alertou Lomonaco. No Nordeste, ele apontou um crescimento expressivo para o segmento: “O mercado imobiliário nordestino mudou de patamar nos últimos dois ou três anos. Em Fortaleza, por exemplo, o metro quadrado valorizou de R$ 9.000 para R$ 10.700”.
Ely Wertheim, vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC e presidente executivo do Sindicato da Habitação de São Paulo (SECOVI-SP), abordou as dificuldades no financiamento e os desafios regulatórios que preocupam o mercado imobiliário. “Nosso setor tem trabalhado intensamente, especialmente nas questões relacionadas ao compulsório e à redução do prazo das LCIs”, afirmou. Entretanto, ele destacou o que qualifica como posicionamento conservador do Banco Central quanto à adoção de novo estímulo para o segmento. “As perspectivas não são muito positivas, especialmente pelo posicionamento pragmático do Banco Central, que resiste à redução do compulsório”.
Wertheim também apontou preocupações com o futuro da poupança. “Se perguntarmos aos nossos filhos ou netos o que é uma caderneta de poupança, talvez nem saibam”, refletiu. Além disso, ele criticou o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): “O beneficiário não percebe que está recebendo um valor presente muito reduzido e, muitas vezes, usa esse dinheiro para comprar eletrodomésticos a prazo, sem entender os juros que está pagando”.
O painel proporcionou uma análise aprofundada do cenário econômico e das tendências do mercado imobiliário, destacando oportunidades e desafios para os próximos anos. Encerrando a programação, Patriolino Dias, presidente do Sinduscon-CE, destacou o sucesso do encontro. “O Summit CBIC Norte e Nordeste 2025 foi um verdadeiro marco para a construção civil dessas regiões. Reunimos grandes nomes do setor, discutimos desafios e, principalmente, apontamos caminhos para o futuro do mercado imobiliário. O nível dos debates e a troca de experiências demonstram a força e a relevância da nossa indústria para o desenvolvimento econômico e social do país. Saímos daqui ainda mais fortalecidos e com a certeza de que estamos no rumo certo para impulsionar o crescimento do setor”, finalizou.