Covid-19: Retomada do país exige planejamento e confiança

A definição de um plano nacional para diminuir os riscos de contaminação da Covid-19 no Brasil, que passa por questões referentes tanto ao isolamento quanto ao retorno do distanciamento social e à atividade econômica, foi defendida pelo médico infectologista Roberto Badaró e pelo governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nesta quarta-feira (10), durante o Diálogos CBIC.

Na abertura do webinar, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, ressaltou que o objetivo do evento, que tratou do isolamento e da atividade econômica em tempos de Covid-19, foi esclarecer o assunto para encontrar soluções, lembrando que o setor está conseguindo manter a atividade do ponto de vista sanitário.

Na visão do infectologista, a pandemia é muito pior do que se imagina em razão das consequências do novo coronavírus à sociedade.

Ao esclarecer dúvidas sobre a Covid-19 no ambiente do trabalho, o médico reforçou que a grande contaminação do coronavírus vai para a superfície e que o distanciamento social e a higienização preventiva tem que ser feita pela sociedade, mas alertou que “é preciso de um plano de governo para o transporte público”.

Para a prevenção da doença nos canteiros de obras, Roberto Badaró recomenda:

• Aplicação de um questionário simples ao trabalhador na entrada do canteiro para identificar se houve contaminação recente de algum membro da família;
• Uso de EPIs (máscara e luvas);
• Definição de um momento de interrupção do trabalho para quebra do desconforto respiratório com o uso da máscara;
• Definição da ampliação do espaço para o trabalho;
• Definição de horário para rotina de troca de turno, que não pode chocar mesmo no local do ponto, e
• Transporte direcionado na entrada do ônibus, com aplicação de teste.

Sobre a reabertura das atividades no País, Badaró mencionou que as pessoas vão ter que incorporar o coronavírus em suas vidas.

Como o Rio Grande do Sul tem trabalhado no combate à pandemia

O governador Eduardo Leite apresentou sua experiência com o Plano de Contingência Regional adotado no Estado do Rio Grande do Sul, bastante elogiado pelo meio empresarial gaúcho, onde há o acompanhamento de 11 indicadores relacionados à doença e a definição de protocolos que cada atividade econômica deve observar.

“Com o monitoramento dos dados, conseguimos acompanhar e estabelecer protocolos em cada uma das regiões, no momento e na proporção necessários, porque com a previsão de risco sai da subjetividade. O distanciamento é controlado de acordo com a gravidade da doença, assim como o acompanhando dos seus efeitos colaterais”, diz.

“No Rio Grande do Sul, todos os óbitos são investigados. Há checagem e rechecagem para ter dados que possam gerir a crise com a melhor tomada de decisões”, reforça Eduardo Leite.

Durante do Diálogos CBIC, o governador também abordou questões referentes ao plano de recuperação fiscal do Estado; às reformas da previdência e administrativa, no âmbito do estado, e defendeu a necessidade do governo ter uma Agenda clara, com convicção para abrir caminho para viabilizá-la.

Questionado sobre os cenários político e econômico, o governador avaliou que a crise que o País tem que recuperar é a de confiança. Para ele, o problema nacional é político. “Somente a partir da política é que vamos construir soluções”, afirmou.

“O segredo da mudança está em é construir o novo e não em destruir o velho. Destruir algo ou alguém“, frisou o governador.

Veja a íntegra do Diálogo CBIC.