
AGÊNCIA CBIC
14/07/2011
Construtoras buscam diversificação
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14/07/2011 :: Edição 135 |
Diário do Comércio – MG/MG 14/07/2011
Construtoras buscam diversificação
Empresas aproveitam oportunidades em outras áreas, como comercial, industrial e obras públicas.
Empresas mineiras usam como estratégia atuar em vários nichos para crescer de forma sustentável
A expansão das atividades e do faturamento das empresas mineiras de construção civil nem sempre está ligada exclusivamente ao aquecimento do setor no país. As oportunidades oferecidas pelo mercado interno nos segmentos de construção de empreendimentos comerciais, industriais e de obras públicas têm feito com que a diversificação dos negócios dentro da mesma área seja cada vez mais utilizada como principal estratégia de crescimento das companhias.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires, a tendência de atuação em outros nichos da construção é crescente no Estado. "Como o setor opera em mercados muito voláteis e suscetíveis a diversos tipos de mudança, a diversificação é a melhor forma de garantir o bom desempenho das empresas", argumenta.
Pires, que também dirige a Mascarenhas Barbosa Roscoe S/A, explica que a construtora, fundada há 77 anos, era focada inicialmente em empreendimentos residenciais, sendo responsável pela construção da maior parte dos prédios localizados no bairro Califórnia, na região Noroeste de Belo Horizonte. No entanto, atualmente a companhia opera majoritariamente no setor de construção industrial.
"A nossa área é a prestação de serviços para grupos siderúrgicos, de mineração e obras de grande porte, sejam públicas ou privadas. Quando a empresa foi fundada, não havia indústrias no Estado, cenário que foi se modificando gradativamente através dos anos, fazendo com que surgissem boas oportunidades em outros mercados da construção. A estratégia deu tão certo que este nicho acabou por se tornar a especialidade da empresa", revela.
A Mascarenhas Barbosa Roscoe, que está a frente de oito projetos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Pará, deve manter neste ano as mesmas taxas de crescimento verificadas em 2010, de 15% em relação ao exercício imediatamente anterior.
Já a Direcional Engenharia, cujo foco é a construção de residências para famílias de baixa renda, passou a atuar recentemente na área de empreendimentos comerciais em Minas. A empresa é responsável pelas obras do hotel Tulip Inn, na Savassi, região centro-sul da Capital. Para viabilizar o empreendimento, com 240 quartos e categoria três estrelas, a empresa fez uma parceria com o Brazil Hospitality Group (BHG), que já possui 25% dos ativos. Os 75% restantes serão oferecidos a investidores. Foram necessários investimentos de R$ 70 milhões.
Apesar de já ter erguido um apart-hotel em Brasília, este é o primeiro empreendimento do gênero a ser construído pela empresa em Minas. De acordo com o diretor-superintendente, Roberto Senna, a companhia está aproveitando a demanda existente no setor hoteleiro em Belo Horizonte, já que a Capital será uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.
Senna ressalta ainda que, embora o foco da Direcional ainda sejam unidades habitacionais, a empresa se mantém aberta a novos negócios ligados à construção civil. "Os terrenos têm perfis diferentes, o que nos faz direcioná-los para fins comerciais ou residenciais. Também atuamos no setor de obras públicas, uma necessidade que surgiu durante a década de 80, em razão do fim do Banco Nacional da Habitação (BNH). Mas como expandimos a nossa área de atuação para a região Norte do país, onde há muita demanda por residências, nosso foco continua sendo os empreendimentos habitacionais", esclarece.
Neste ano, a Direcional pretende lançar 35% mais unidades que em 2010 e o crescimento estimado para o fim do exercício é de 40%. Apenas no segundo trimestre, a empresa registrou expansão de 28% ante o mesmo período do ano anterior.
Subsidiárias – O presidente do Sinduscon-MG ressalta, porém, que a diversificação dos negócios no segmento de construção não é facilmente realizada, uma vez que os nichos de atuação funcionam de maneira muito distintas. "São obras extremamente diferentes entre si, portanto são necessárias equipes diferentes. Os engenheiros que projetam um empreendimento residencial não são os mesmos que viabilizam a construção de obras públicas", argumenta. Na avaliação de Pires, as empresas tendem a criar subsidiárias para gerir separadamente as operações dos diversos segmentos em que atuam.
Esta foi a opção adotada pela construtora Enccamp há aproximadamente quatro anos, quando a empresa se subdividiu em Enccamp Residencial S/A e Construtora Enccamp Ltda. No primeiro caso, o foco são habitações voltadas para famílias de baixa renda. No segundo, a companhia atua na construção de obras públicas, loteamentos e empreendimentos de oportunidade, que podem ser unidades comerciais ou habitacionais de alto padrão, variando de acordo com o aquecimento do mercado. "Apesar de funcionarem no mesmo prédio, as empresas são independentes e contam com diretores e departamentos diferentes", destaca o vice-presidente, André Campos.
Segundo ele, a distinção entre as atividades proporciona maior eficiência, ganhos de competitividade e maior especialização nas áreas de atuação. "Há um custo de operação maior, mas a despesa é compensada pelo ganho de qualidade. Além disso, a divisão traz mais credibilidade aos negócios e aos clientes", afirma.
Campos revela que a Enccamp sempre teve como foco a construção residencial. No entanto, em razão da volatilidade do mercado, a companhia optou pela diversificação. "Os setores são muito instáveis, investir em diversas áreas é importante para evitar a falência", diz.
Neste ano, a Enccamp Residencial entregará 12 mil unidades habitacionais e, em 2012, serão 20 mil. A expectativa é de crescimento de 10% neste ano e 30% no próximo exercício. Já para a Construtora Enccamp, que responde atualmente por 12 projetos de obras públicas no país e possui uma carteira de mais de 6 mil lotes, está prevista expansão de 30% ainda neste ano.
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