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AGÊNCIA CBIC

06/09/2013

Construir sem destruir é o desafio

"Cbic"
06/09/2013

Diário do Nordeste

Construir sem destruir é o desafio

Conciliar o respeito ao meio ambiente diante das obras é tema recorrente quando se avalia Fortaleza As discussões sobre a expansão da infraestrutura e meio ambiente sempre são polêmicas. De um lado, a Cidade que precisa de novas vias, água, energia, esgoto, habitação, necessidades básicas de qualquer metrópole. Do outro, ambientalistas que reconhecem estas exigências, mas gritam que as melhorias não podem e não devem prejudicar o ecossistema. Construir e crescer sem destruir, eis a questão. Qual é a Fortaleza que queremos ter?

A arquiteta e urbanista Mariana Reynaldo afirma que esse debate deve ter a participação igual de todas as camadas da população. "A Cidade é um espaço coletivo e todos devem acompanhar o processo de urbanização, analisando e avaliando os prós e contras. Por enquanto, isso ainda é utopia", afirma.

Até porque, aponta ela, a falta desse planejamento urbano construído pela coletividade é responsável por uma cidade dividida e com um crescimento muito desordenado. "Para começar a reverter essa situação enquanto há tempo, é preciso repensar qual o tipo de desenvolvimento que queremos", frisa.

Na visão do professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) José Borzacchiello, em Fortaleza, a força de comando do crescimento urbano está nas mãos do mercado. As regras são escritas, mas não são seguidas com rigor. A gestão oficial não dá conta de acompanhar a dinâmica imposta pelo setor imobiliário. "Vivemos um momento de crédito imobiliário fácil, como o Minha Casa Minha Vida, e pouca terra livre na cidade – é o fim do estoque de terra. Daí, o acentuado processo de verticalização e transferência dos investimentos para os municípios da região metropolitana, já observado", diz.

O construtor Antônio Coelho de Albuquerque Neto argumenta que o setor "obriga" o poder público a levar infraestrutura para locais onde o saneamento básico, por exemplo, passou longe. "A rede de esgoto deveria existir em toda a Cidade, mas só é privilégio de poucos bairros e a tendência do mercado de investir nessas áreas ajuda a elevar a qualidade de vida dos moradores locais", ressalta. Ele exemplifica a Lagoa Redonda. Ali, a construção de condomínios para a classe A levou a empresa a fazer uma estação de tratamento. "O custo da obra foi pequeno diante do valor do empreendimento", diz.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea/CE), Victor Frota, assegura que Fortaleza "inchou" e, como não existiu um disciplinamento adequado, o resultado é este conhecido por todos. "Agora é remediar o que está posto. A verticalização da Cidade não é um processo completamente ruim, se os critérios como relação entre habitantes e espaços livres forem respeitados", defende.

As cidades devem trilhar o caminho do planejamento sustentável, criando políticas governamentais, cujos programas, projetos e ações, tratem o meio ambiente através de uma concepção mais ampla de valores históricos, culturais, sociais, econômicos, paisagísticos e humanos, incorporando tecnologias limpas e adequadas. A afirmação é do arquiteto e ambientalista Nilo Nunes. Segundo ele, é imprescindível quebrar velhos paradigmas em relação ao crescimento.

Nilo defende que cada habitante deverá se tornar um personagem atuante no dia a dia da Cidade, consciente das responsabilidades e das potencialidades com relação à preservação cultural e ambiental, ao turismo sustentável e ao desenvolvimento econômico.

Novos manejos buscam equilíbrio

A exigência é do próprio mercado: construir e respeitar o meio ambiente estão cada vez mais andando juntos. A afirmação é do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Ceará (Sinduscon/CE), André Montenegro.

De acordo com ele, as construtoras buscam novos manejos e se adaptam às novas metodologias visando readequar processos que não desperdicem tempo, recursos financeiros e matérias-primas. "O consumidor está mais exigente quanto a isso também e esse movimento é natural, então a otimização dos recursos nos canteiros e o cumprimento da legislação ambiental são palavras de ordens no mercado".

A responsabilidade social também é compromisso das empresas do setor. Tanto que projetos investem no operário com o Programa Qualidade de Vida na Construção, criado em 2003 para levar saúde, segurança, educação, capacitação, cultura e lazer aos trabalhadores da construção civil. Visa principalmente a valorização dos operários, desenvolvendo sua autoestima através de ações focadas na melhoria da qualidade de vida. Desde o início do programa, já foram beneficiados cerca de 65 mil operários.

A Sinduscon informa que, neste tempo, foram realizadas apresentações de teatro de bonecos, oficinas, palestras, competições esportivas, mutirão para emissão de documentos, entre outras ações. Em 2012 não foi diferente, o programa alcançou resultados expressivos, com a realização de cerca de 400 oficinas. Neste ano, as ações continuam.

Além disso, as empresas ajudam entidades não governamentais. Em 2013, a Scopa Engenharia é a ganhadora do prêmio de responsabilidade social.

A Scopa foi decisiva na construção de unidades do projeto Sol Nascente, no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU). A ONG atua com crianças e adultos soropositivos e que, negados pela família, ficam à deriva depois da alta hospitalar. As duas casas possuem boa estrutura e abrigam, com mais dignidade, essas pessoas. "A empresa é feita por seres humanos e apoiar um projeto como esse para se manter é investir em solidariedade", afirma o diretor da empresa, Marcelo Pordeus.

Para ele, o futuro já chegou e construir com sustentabilidade é investir na qualidade de vida não só daquele que adquire o imóvel como também dos moradores do entorno do empreendimento. É levar infraestrutura onde antes não existia. "São vias de acesso, escola, saúde, transporte e saneamento", pontua.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Rápida expansão e infraestrutura muito precária É bastante visível o crescimento do setor imobiliário de Fortaleza nos últimos anos, com mudanças na paisagem urbana. Este setor sempre foi um vetor importante de crescimento da Cidade, aliado ao setor da construção civil. Mas nestes três anos, esta expansão é um fenômeno que acontece nas grandes cidades brasileiras, por conta da Copa do Mundo a realizar-se em 2014. Este é um movimento do lado da oferta de imóveis, as incorporadoras estão apostando na continuidade do crescimento dos preços, investindo acima da capacidade de venda destes imóveis. Em 2012, o mercado esteve estagnado por falta de compradores, mas as imobiliárias não baixaram os preços, trabalhando com ofertas promocionais e negociação de preços.

Do lado da demanda, o crescimento do crédito imobiliário deu sustentação a este otimismo do setor, além do crescimento da classe C que estava com a demanda reprimida. Hoje, esta classe está endividada, por isso creio que esta bolha imobiliária tem um tempo marcado para terminar, após a Copa. A especulação tem sido muito grande, mas onde haverá compradores para os enormes condomínios de luxo que estão sendo construídos no Cocó, Guararapes e em outros bairros da Regional VI?

Caminho diariamente pelas ruas do Guararapes e observo grandes obras de imóveis em construção, mas uma ausência de investimentos em infraestrutura: ruas escuras, crateras abertas, ruas sem calçamento, pouca sinalização horizontal e calçadas extremamente perigosas para quem se atreve a caminhar pelo bairro. A vegetação que era exuberante está se exaurindo. Uma capital que tem a maior densidade demográfica do País e poucas áreas verdes não pode desconhecer os perigos que isto representa para o futuro da cidade: aumento da temperatura, redução da ventilação, deterioração da paisagem urbana e outros mais.

Cleide Bernal
Doutora em Desenvolvimento Urbano

 



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