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AGÊNCIA CBIC

30/05/2011

Construção civil aquece e quer mais profissionalização

"Cbic"
 
30/05/2011 :: Edição 108

Jornal Tribuna do Norte/BR – 29/05/2011

construção civil aquece e quer mais profissionalização

Sara Vasconcelos

Repórter

Se os inúmeros canteiros de obras espalhados pela cidade, seja para a
construção de prédios residenciais ou para obras de infraestrutura, dão mostras
de que o mercado da construção civil se mantém aquecido, é por trás, ou melhor,
em meio a eles que se vê a transformação pela qual o setor passa nos últimos
anos. Diferente do que ocorria há algumas décadas, quando o pedreiro era
formado em meio ao trabalho braçal puxado, a urgência das obras somada ao
avanço e emprego de novas tecnologias em maquinário e métodos – que mudaram o
ambiente e a rotina dos canteiros – demanda também uma maior qualificação dos
profissionais do setor.

Júnior SantosJuarez Siqueira, cortador de paralelepípedos, de 50 anos,
pretende melhorar em 100% o rendimento mensal, com o curso de pedreiroA falta
de planejamento para atender este crescimento, entretanto, abriu vaga para a
escassez de mão de obra qualificada enfrentada pela construção civil e força
empresas e profissionais a correrem para se adaptar a nova realidade. Para esse
ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima em 40.971 a
oferta de mão de obra qualificada e com experiência profissional no setor,
somente no Rio Grande do Norte. As análises do Instituto apontam ainda para um
déficit de 119 vagas.

Mas o número pode ser bem maior, se levarmos em consideração a previsão de
empresas e centros de formação, de qualificar cerca de 12 mil profissionais
para os próximos três anos. O número, observa o presidente do Sindicato da
Construção Civil, Sílvio Bezerra, deve suprir as necessidades de mercado do setor imobiliário e ainda as
perspectivas de obras para a realização da Copa do Mundo de 2014, de
mobilidade, do aeroporto e dos parques eólicos.

O cenário promissor motivou o cortador de paralelepípedos Juarez Siqueira de
Moura, 50 anos, a mudar de profissão. Há um mês e meio, ele iniciou um curso de
pedreiro e pretende melhorar em 100% o rendimento mensal de R$ 800,00 pelo
trabalho na pedreira. Isto porque, embora o piso salarial da construção civil
(com reajuste de 15% esse ano) seja de R$ 702,00, a produtividade eleva o
rendimento entre R$ 1,2 mil a R$ 2 mil. Já trabalhei em vários setores, mas
vejo que este tem uma chance maior de melhorar de vida , diz o morador de
Macaíba.

Apesar de trabalhar há sete anos no setor, Lenildo Oliveira, de 23 anos, é
prova de que só experiência – como auxiliar de serragem, carpintaria,
revestimento e outras atribuições – não é garantia de estar empregado. As
empresas dão preferência por quem tem capacitação. Não consigo trabalho porque não
tenho um curso , conta o aluno do curso de pedreiro.

Atenta ao mercado, Fabrízia Naiara dos Santos, 18 anos, optou pelo ensino
técnico e entrar no mercado, com a conclusão do curso de aprendiz de construção
civil, antes de tentar vestibular para engenharia civil. Sou filha de pedreiro
e, além do orgulho que sinto pelo trabalho dele, vejo um crescimento contínuo,
não falta emprego , diz. Antes mesmo de terminar o curso, a estudante foi
contratada como assistente de mestre de obras. O curso dá noções de instalações
elétricas, hidráulicas, desenho técnico e medições.

Mas engana-se quem acha que a qualificação visa somente a inserção no
mercado de trabalho. Para Magnólia Barros, 41 anos, o conhecimento é válido
também para quem não pretende colocar a mão na massa. Proprietária de pequenos
imóveis, ela pretende ao final do curso de pedreiro conhecer o fazer moradias para administrar melhor as
construções e reparos e evitar futuros prejuízos. Sem ter conhecimento, a gente
acaba confiando no pedreiro. E depois de muitas, hoje percebo como tem gente
sem capacitação atuando na área e fazendo vítimas como eu , observa.

Efeitos da carência de pessoal estão minimizados agora

A alta de juros para conter a inflação fez o setor da construção civil
perder ritmo em relação ao crescimento visto nos dois últimos anos. O pé no
freio acionado pelo governo
federal, segundo o presidente do Sindicato
da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Sílvio Bezerra, deve
evitar também que a escassez de mão de obra qualificada no Estado, no entanto,
traga prejuízos ao setor com a possível paralisação de obras. Se ligou a luz
amarela, não a vermelha. Não há empreendimentos ameaçados. É um momento de
reflexão e de planejamento , disse. Hoje, no Rio Grande do Norte, existem
34.178 profissionais empregados com carteiras assinadas no segmento.

Outros fatores como o processo inverso de migração de profissionais – que
nas décadas de 1970 e 1980 partiram para estados do Sul e Sudeste, para
trabalhar na construção civil que retornam atraídos pelas boas ofertas de
salário; e até mesmo o atraso nas obras para a realização da Copa de 2014,
avalia Sílvio Bezerra contribuem para a minimização dos efeitos dessa carência
. Exceto, pelo consequente e inevitável aumento nos custos repassados ao
consumidor.

Apesar de admitir que há necessidade de mais profissionais com capacitação,
o presidente do Sinduscon não soube precisar o déficit de mão de obra no setor e
garantiu que medidas, como a parceria com o Serviço Nacional da Indústria
(Senai), irá aumentar a oferta de cursos nas várias áreas da construção civil.

O diretor regional do Senai, Rodrigo Melo, avalia que a procura por
profissionais capacitadas é igualitária. Não existe busca maior por um
pedreiro, ou instalador elétrico, ou operador de máquinas. Nenhuma atividade do
setor tem profissional em estoque , disse. Devido à dinâmica de trabalho e
demanda de empreendimentos, ressalta o diretor, não há mais condições das
empresas como capacitar esses ´profissionais durante a execução dos trabalho.

Para resolver a equação entre a falta de profissionais no setor e o alto
índice de desemprego no Estado, avalia Rodrigo Melo, o caminho é qualificação.
É o momento de buscar os cursos e se qualificar por que haverá um crescimento
de oferta de trabalho, com ganho real para o trabalhador nos próximos três anos
, afirma.

Barreiras

A baixa de mão de obra ainda deve permanecer por algum tempo. Isto porque,
segundo Assis Pacheco, presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores
do Ramo da Construção Civil, os centros de formação ainda são insuficientes no
Estado ou ainda caros para quem está buscando emprego. É necessário que se
trate a profissionalização do setor com a criação de políticas públicas . O
banco de dados do Sindicato para oferta de pessoal às empresas vive zerado,
apesar da alta procura.

A baixa oferta é também sinônimo de melhoria para o trabalhador, que é
disputado entre as empresas. O mestre de obras Armando Crispim, 65 anos, há 42
atuando, recebeu nos últimos quatro meses três convites para sair da
construtora em que trabalhava. A gente avalia as propostas e vê a melhor. Hoje
só fica desempregado quem quer , garante.

Bate-papo » Aldemir Freire, economista do IBGE

A escassez de mão de obra qualificada na construção civil do Estado pode
comprometer o crescimento no setor?

Não há, no Rio Grande do Norte, o risco de apagão do setor por assim dizer,
como se observa em outros estados. Mas faltam profissionais. Basta se procurar
um pedreiro, um mestre de obras para fazer um reparo em casa, para sentir essa
dificuldade. Estão todos ocupados. Há uma necessidade de profissionais
capacitados, sobretudo em algumas ocupações que exigem um pouco mais de habilidades
e formação específica. E quem tem está sendo disputado por alto preço pelas
empresas.

Isso se reflete em melhoria de vida desse trabalhador, em questão de renda
ou mesmo em nível de escolaridade?

Esse é um lado positivo. A valorização dos bons profissionais, por esta
disputa. Há um ganho real nos rendimentos, com aumento da remuneração, que se
refletem na qualidade de vida desses trabalhadores. Ninguém trabalha pelo piso
salarial. Hoje se tem um poder aquisitivo maior. Alguns com motos e carros. Por
outro lado, esse aumento nos custos é repassado ao consumidor, que acaba
pagando mais pela obra. Quanto a escolaridade também muda, uma vez que se exige
um mínimo de compreensão para que se possa compreender esse universo e fazer os
cursos necessários para atuação.

Essa escassez poderia ser evitada? Faltou planejamento por parte dos
governos ou dos centros de ensino para formação de pessoal?

Não
acredito que foi por falta de planejamento. Não era possível prever este boom
que a construção civil experimentou nos últimos anos. O que está se fazendo é
tentar acompanhar agora, promovendo qualificação. Mesmo porque se se confirmar
a Copa em Natal e outros grandes investimentos no setor, como também o mercado imobiliário se mantiver
aquecido, isso demandará ainda mais mão de obra. A tendencia nesse caso deverá
ser importar pessoal de outros estados pessoal.


"Cbic"

 

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