
AGÊNCIA CBIC
CBIC promove 1ª reunião do GT de Inteligência Negocial da CPRT para fortalecer estratégias coletivas

Com o objetivo de fortalecer a atuação coordenada de associações e sindicatos patronais nas negociações coletivas, a Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou, na última quarta-feira (14), a 1ª Reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Inteligência Negocial. A proposta do encontro foi criar um espaço permanente de diálogo, compartilhamento de experiências regionais e construção de estratégias comuns.
A abertura foi conduzida pelo vice-presidente da CPRT/CBIC, Ricardo Michelon, que enfatizou a importância do grupo para articular pautas em torno das reais necessidades das entidades representadas. “Queremos abrir a conversa para que os representantes tragam suas demandas, dores e soluções. A partir disso, se houver necessidade de um posicionamento institucional por parte da CBIC, podemos avaliar esse encaminhamento”, afirmou Michelon.
Durante a reunião, Michelon abordou outro desafio enfrentado pelas entidades: a falta de padronização nas nomenclaturas das funções utilizadas nas convenções coletivas. Segundo ele, essa falta de padronização compromete o trabalho técnico e estatístico das entidades. “Nós também enfrentamos essa dificuldade recentemente, quando lançamos um programa de capacitação com o Senai Nacional e começamos a levantar vagas. Cada região usa um termo diferente. É servente, ajudante, oficial, meio oficial… E isso atrapalha muito”, detalhou.
Ele defendeu que a CBIC pode liderar uma iniciativa de padronização: “Podemos olhar para isso enquanto entidade e entender se é estratégico avançar nessa homogeneização. Eu acredito que sim. Vai potencializar nossa inteligência e melhorar a capacidade de comparação e análise. Não é simples, claro, porque há realidades regionais e históricos diferentes. Mas talvez possamos construir uma base inicial e, a partir dela, buscar correlações, mesmo que não haja uma unificação plena.”
Clóvis também chamou a atenção para a dificuldade de análise técnica das convenções coletivas em razão da falta de critérios uniformes. Segundo ele, essa falta de padronização não impacta apenas as análises comparativas, mas afeta também a formulação de políticas de capacitação, remuneração e avaliação de produtividade. “Se um sindicato chama de oficial de obra e outro de pedreiro especializado, como a gente cruza essas informações? Precisamos, no mínimo, ter uma tabela de equivalência”, sugeriu.
Além disso, Clóvis apresentou uma proposta para criação de um banco de dados com cláusulas padronizadas, que serviria como referência para as entidades patronais na hora de negociar. “Não se trata de engessar as convenções, mas de dar mais clareza, facilitar análises e oferecer instrumentos mais robustos para a defesa dos interesses dos empresários”, explicou.
Também presente na reunião, o presidente do Seconci-SP e membro da CPRT/CBIC, Haruo Ishikawa, reforçou a importância do diálogo e da união das entidades patronais na busca por soluções conjuntas. “Se não houver conversa entre os empresários do setor, não vamos conseguir avançar. É preciso escutar as regiões, entender os problemas locais e buscar caminhos comuns. Esse grupo é um passo fundamental nessa direção”, afirmou.
Haruo destacou ainda que a negociação coletiva precisa ser tratada como prioridade estratégica pelas lideranças empresariais: “É preciso preparar os representantes para negociar com conhecimento técnico, dados confiáveis e argumentos consistentes. Só assim vamos conseguir reverter a lógica de ceder sempre às pressões sindicais.
Ao longo da reunião, representantes de diversas regiões compartilharam desafios específicos, como a negociação de cláusulas sensíveis, a regionalização excessiva dos acordos e a dificuldade em manter pautas propositivas nas mesas de negociação.
Ao final do encontro, os participantes concordaram sobre a importância de manter o grupo ativo e com encontros regulares. Também foi sugerida a realização de um evento presencial futuro para aprofundar o debate sobre cláusulas comuns e estratégias nacionais. “Se for entendimento de todos que devemos conduzir essa pauta, acho que a CBIC pode liderar esse processo. Temos que construir juntos, com base técnica, respeitando a diversidade regional, mas buscando uma inteligência coletiva”, concluiu Michelon.
O tema tem interface com o projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção”, da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).