AGÊNCIA CBIC
CBIC debate o protagonismo feminino na Construção Civil
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou nesta quinta-feira (8) um debate sobre o protagonismo feminino no setor durante a live ‘Quintas da CBIC’, com a participação de mulheres que desempenham funções muito relevantes em suas áreas de atuação no setor.
A vice-presidente da área de responsabilidade social da CBIC, Ana Cláudia Pontes, enfatizou a importância da união entre mulheres para superar desafios e promover mudanças culturais dentro do setor. Ela também chamou a atenção para a necessidade de diagnóstico nas empresas para se entender e melhorar a equidade entre homens e mulheres.
Para exemplificar a força das mulheres na criação de espaços no mercado de trabalho, Ana Cláudia citou números de empreendedorismo e participação feminina em áreas de criação – e lembrou que elas ainda precisam enfrentar muitas barreiras simbólicas e também reais. Ela também ressaltou a importância de a CBIC apoiar a inclusão de mulheres na construção civil e nas entidades representativas, destacando iniciativas como a mentoria de líderes femininas (Elas Constroem) e a criação de uma cartilha sobre diversidade nas empresas.
“As mulheres já são maioria dentro da academia. Segundo o Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio ao Empreendedorismo], 46% dos empreendedores brasileiros são mulheres, e 49% dessas mulheres são chefes de família. Se você faz um recorte também das mulheres no mercado de trabalho, elas têm sempre uma qualificação maior, elas têm mais estudo, elas têm mais preparo. Mas os estudos mostram que a mulher se cobra muito mais e por isso ela acaba não dando passos que são importantes. Acho que isso é até um desafio nas próprias entidades de classe. A gente precisa cada vez mais apoiar essas mulheres para que elas estejam cada vez mais livres para poder ocuparem todos esses espaços”, afirmou Ana Cláudia.
A diretora de negócios do Sienge e do Gestor Obras, Renata Aschar, abordou a questão das dificuldades estruturais enfrentadas pelas mulheres, mesmo em empresas que promovem a equidade de gênero. Ela mencionou que, embora haja um avanço na ocupação de cargos de liderança por mulheres, ainda há um longo caminho a percorrer, destacando a importância de criar ambientes inclusivos. “Estamos evoluindo sim. O lugar de mulher é onde ela quiser. Mas se a gente não criar condições para que isso aconteça, a gente vai continuar com números discrepantes”, defendeu.
Renata também comentou sobre a importância de as pessoas em geral refletirem sobre os desafios diários das mulheres, especialmente no setor produtivo. “Toda vez que a gente cair na armadilha de criticar uma outra mulher de uma forma vazia, que a gente reflita sobre tudo que a gente já passou enquanto mulher e não faça isso”, aconselhou.
Gabriela Torres, gerente de inteligência e estratégia da Softplan, citou dados de estudos que mostram como as mulheres ainda são subvalorizadas no mercado de trabalho, mesmo quando altamente qualificadas. A profissional enfatizou a importância da representatividade e da equidade salarial para garantir a independência financeira das mulheres, crucial para sua liberdade e protagonismo. “A independência financeira é sim um grande ponto. As mulheres estão recebendo menos para um trabalho que um homem faz igual, e isso atrasa muito na questão da liberdade de forma geral”, argumentou.
Gabriela também destacou um estudo da revista Harvard Business Review, que revelou que 40% das mulheres formadas em engenharia nunca atuam na área. “A gente tem que ser muito boa mesmo. Mas é uma questão, assim, de sobrevivência, né?”, provocou. Ela também citou um experimento com currículos idênticos, onde o feminino foi avaliado de forma negativa em comparação com o masculino, ilustrando a persistência do viés de gênero.
Confira na íntegra da live no Youtube:
Quintas da CBIC – Protagonismo Feminino na Indústria da Construção
O apresentador do Quintas da CBIC e vice-presidente Financeiro da entidade, Eduardo Aroeira, destacou a relevância do setor da Construção Civil promover a equidade de gênero e a necessidade de discutir as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho – e como a CBIC, inclusive por meio de duas comissões temáticas. Ele ressaltou seu desejo por um futuro mais justo, citando suas filhas, ressaltou que a indústria do mundo e a construção civil ficam melhores e mais produtivos com a participação e a liderança femininas. “Eu queria muito um mundo mais fácil para elas, porque eu sei que vocês têm que trabalhar muito mais duro que nós homens. Isso é uma realidade indiscutível”, disse.
Eduardo também refletiu sobre o papel dos homens em relação às mudanças de papéis de gênero e a importância de dos gêneros trabalharem juntos para criar uma sociedade mais justa. “As mudanças de papéis são difíceis mesmo, porque culturalmente elas não eram aceitas. Mas se a gente evoluir como sociedade, eu acho que todos ganharão”, pontuou.
Elas Constroem
Ana Cláudia lembrou que a CBIC, por meio da Comissão de Responsabilidade Social (CRS), deu início em 2024 a um projeto inovador para promover a participação feminina no setor da construção civil, o programa ‘Elas Constroem’. “O objetivo dessa iniciativa é avançar efetivamente na pauta da participação da mulher no setor da construção, tendo atuações a nível nacional”, resumiu.
O programa realiza mentorias nas quais aborda temas como autoconhecimento, redes de apoio, networking e desenvolvimento de estratégias para lidar com desafios. A proposta é trabalhar a promoção da liderança feminina. O tema tem interface com o projeto ’Responsabilidade Social na Indústria da Construção’, da CRS da CBIC, com a parceria do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).