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AGÊNCIA CBIC

13/05/2011

Caderno Economia & Negócios

 

"Cbic"
13/05/2011 :: Edição 097

 

O jornal O Estado de S.Paulo publicou na edição de hoje (13), um caderno especial da editoria Economia & Negócios. Trata-se de um apanhado de matérias relacionadas a indústria da construção e ao mercado imobiliário. Sustentabilidade, números da construção, tecnologia e oferta de emprego são alguns dos temas abordados.

 

Jornal O Estado de S.Paulo/BR – 13/05/2011

Top imobiliário é entregue em são paulo


O Estado de S.Paulo

Foram conhecidos ontem à noite em São Paulo, em evento no Terraço Daslu, os
vencedores do Prêmio Top Imobiliário, promovido em parceria pelo Grupo Estado,
a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) e o Sindicato da
Habitação (Secovi-SP).

No segmento das construtoras, a vencedora foi a Gafisa, seguida da Even e da
Cyrela Brazil Realty. Entre as incorporadoras, venceu a Cyrela, seguida da
Gafisa e da Even. E, no segmento de vendas, venceu a Lopes, com a Abyara
Brokers em segundo e a Habitcasa em terceiro. O empresário Elie Horn, fundador
da Cyrela Brazil Realty, foi eleito a personalidade do ano.

O Top Imobiliário foi criado pelo Estado em 1993, com o objetivo de
reconhecer a importância e acompanhar o desempenho do mercado imobiliário da Grande São Paulo – o maior do País -, e
também de focalizar as empresas de destaque no setor. Há mais de mil companhias
atuantes nesse mercado. Para identificar as vencedoras, o prêmio utiliza o
ranking produzido pela Embraesp desde 1977, com base em pesquisas na Região
Metropolitana de São Paulo.

O prêmio contempla os três principais segmentos em que se dividem as
atividades do setor – incorporação, construção e vendas – e seleciona as dez
empresas que lideram o ranking da Embraesp. O ranking leva em conta itens como
número de lançamentos, total de unidades, metragem construída e volume geral de
vendas (VGV). Há ponderações distintas para cada segmento. Para as construtoras,
por exemplo, pesa mais o critério de metro quadrado construído. Já para as
vendedoras, é o VGV que tem maior expressão na pontuação final.

Há quatro anos, o Top Imobiliário introduziu uma premiação específica para o
profissional que mais contribuiu para o desenvolvimento do setor, o de
Personalidade do Mercado Imobiliário.
Nesse caso, a votação é aberta pela internet e, neste ano, foi encerrada no dia
2 de maio, com a vitória de Elie Horn.

Os
vencedores das edições anteriores foram, em 2007, Romeu Chap Chap, dono da
construtora que leva seu sobrenome e liderança reconhecida do setor. Em 2008, o
premiado foi o engenheiro Ricardo Yazbek, dono da Incorporadora Yazbek e
vice-presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção
. No ano seguinte, o vencedor foi o engenheiro
civil Odair Senra, diretor de Relações Institucionais da Gafisa e
vice-presidente do Sindicato da
Indústria da Construção Civil
do Estado de São Paulo. No ano passado,
foi a vez do empresário João Rossi Cuppoloni, um dos sócios-fundadores da
construtora e incorporadora Rossi.



 

mercado imobiliário longe do berço esplêndido


João Crestana

Importante desenvolver modo eficaz de entregar unidades às famílias; a Caixa
não pode se perenizar como administradora condominial de milhões de unidades

O momento favorável pode induzir a uma letargia, a desfrutar de berço
esplêndido, já que a situação da habitação foi resolvida para sempre pelo
programa Minha Casa Minha Vida

Quanta miopia e distância da realidade! Esta iniciativa é somente um bom e
corajoso passo inicial.

O País continua a exibir falhas imobiliárias e urbanísticas notadamente a
carência habitacional , que serão debeladas com persistência na implantação de
uma Política Habitacional perene de Estado.

De início, é necessário aprovar a vinculação orçamentária de 2% das
arrecadações federais para moradias
na baixa renda, onde resiste o déficit habitacional de seis milhões de
unidades. Há projetos de lei em tramitação para formalizar este compromisso de
maneira permanente.

E pouco se poderá construir sem terrenos em volume. Para tornar disponível
este insumo crítico de produção, devemos aprovar nova legislação que substitua
a ultrapassada Lei 6.766/79, de parcelamento do solo. Existem suficientes
propostas com as autoridades, contemplando sustentabilidade, meio ambiente,
responsabilidade social, dinâmica ocupação urbana e qualidade de vida.
Contemporizar na análise compromete a capacidade de produzir tetos dignos. Cabe
citar a necessidade de se modernizarem planos diretores e zoneamento, em busca
do ideal de cidade compacta, da ocupação de vazios urbanos e áreas degradadas.
Melhor que tecer suas carreiras eleitorais, vereadores e prefeitos podem
contribuir ao debater e planejar o futuro das cidades.

Ademais, cumpre assegurar a continuidade do Minha Casa, Minha Vida para a baixa renda, de ”0 a 3 salários”,
e ajustar preços, mesmo com subsídios menores. Em certos casos, é viável
diminuir um pouco os descontos e exigir uma parte maior de pagamento das
famílias quando possível. Excesso de benefício acostuma mal e pode induzir à
falsa noção de ”não precisa pagar mesmo…”. As rendas familiares subiram
enquanto algumas regiões continuam com preços inviáveis definidos no programa.

Importante desenvolver modo eficaz de entregar as unidades às famílias; a
Caixa não pode se perenizar como administradora condominial de milhões de
unidades; e a gestão de condomínios carece de adaptações. Urge alocar equipes
de assistentes sociais e urbanistas para estudar a boa ocupação urbana e a
convivência em grupos, transformando o desafio de alojar massas em oportunidade
de convívio harmonioso. Com ajuda das empresas especializadas em administração
de condomínios, teremos qualidade de vida, salubridade e segurança nos novos
espaços.

A faixa de renda de R$ 1.395 a R$ 5.450 deve ser analisada visando a adaptar
benefícios aos diversos substratos, tais como os de R$ 2.790 a R$ 3.270.
Trata-se de redistribuir os subsídios nos juros e preços, evitando tirar do
programa as famílias ligeiramente favorecidas pela macroeconomia.

Os resultados oficiais do Minha
Casa, Minha Vida
mostram que 75% das unidades serão produzidas por
pequenas e médias empresas. Para fortalecê-las, cabe emprestar à mão de obra
mais dignidade, fazer com que o ”peão” se transforme em funcionário
qualificado, orgulhoso de sua função e fiel à empresa. A chave é qualificar
pessoas e criar atratividade permanente ao emprego.

Mais eficiência virá certamente de tecnologias novas, a demandar agilidade
no apoio de laboratórios credenciados para homologar inovações das empresas
como exigido pelos bancos.

E os conjuntos habitacionais precisam contar com serviços e comércio:
escolas fundamentais, farmácias, mercados, dentistas, padarias. Novas áreas
urbanas com parques e mobilidade, um aglomerado denso, compacto, com empregos,
varejo, lazer e moradias em
distância de caminhada, ciclovias e transporte de curtas distâncias.
Verticalização inteligente que preserve áreas verdes permeáveis e o patrimônio
histórico. Mobilidade com VLT de superfície, o moderno bonde, que permita às
pessoas entrarem no veículo público nas esquinas, em nível, saírem e visitarem
lojas. Presença física nas calçadas gera segurança e convívio a partir do
projeto urbano. Sem elevados, escadas e estações suspensas no ar.

Por sua vez, o mercado voltado às classes média e alta é financiado pela
caderneta de poupança, cujo saldo será suficiente só para os próximos três
anos. Temos de explorar os recursos intensivamente, diminuindo compulsórios e
eliminando ”microdrenagens” causadas por redutores da disponibilidade.
Todavia, em médio prazo, urge criar cultura junto aos fundos de pensão e reservas
técnicas de seguradoras para aplicarem em imóveis, conforme países adiantados.

Por último, vale recordar que no mundo desenvolvido há incentivos
tributários para os investidores em locação; na Bélgica, por exemplo, não há
imposto de renda sobre aluguéis.

Não é momento para berço esplêndido e sim para união de todos em torno de
trabalho competente, planos de ação de longo prazo e muita humildade.

JOÃO CRESTANA, PRESIDENTE DO SECOVI-SP,
DA COMISSÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA IMOBILIÁRIA DA CBIC E REITOR DA UNIVERSIDADE SECOVI


 

há vagas nas obras. mas faltam candidatos


Não há profissionais suficientes em todos os níveis, de pedreiros a
engenheiros

Márcia Moreno

ESPECIAL PARA O ESTADO

Um levantamento realizado pela Confederação
Nacional da Indústria
(CNI)
e pela Câmara Brasileira da Indústria
da Construção
(CBIC),
entre 3 e 20 de janeiro deste ano, mostrou que 89% entre as 385 empresas da construção civil pesquisadas sofrem
com a dificuldade em contratar empregados aptos a trabalhar em obras.

E mais: 94% informaram enfrentar problemas para encontrar profissionais,
sejam de qualificação básica, como pedreiros e serventes ou até os mais
qualificados como os engenheiros. "Estamos enfrentando um problema grave
no setor. Temos problemas na base da pirâmide, com escassez de mão de obra e de
produtos", avalia o presidente da Cury, Fábio Cury.

Para Sandro Gamba, diretor superintendente de incorporação da Gafisa ,
existe muita dificuldade para se contratar mão de obra em todos os setores.
"O Brasil forma 40 mil engenheiros por ano e isso acontece
desproporcionalmente nas regiões do País. Por isso há um desbalanceamento da
mão de obra qualificada", acredita o diretor financeiro e de relações com
investidores Eztec, Emílio Fugazza. O executivo acredita que um dos fatores da
falta de trabalhadores é a quantidade de obras de infra-estrutura do país.
"A indústria da construção
enfrenta o desafio de aperfeiçoar as equipes, melhorando e aperfeiçoando a
qualidade e segurança dos profissionais", revela Jorge Cury, presidente da
Trisul.

Para José Roberto Federighi, diretor de operações da DelForte Frema, o
mercado deve buscar soluções para adequar a mão de obra. Para a maioria dos
executivos, a escassez da mão de obra é causada pelo crescimento acelerado do
setor da construção, combinado com a pequena capacidade de formação de
profissionais para a atividade.

E para melhorar a qualificação profissional, 64% das empresas adotam a
capacitação na própria empresa e 45% dizem que a ação mais eficiente é
fortalecer a relação do empregado com a companhia, através de salários e
benefícios. "Vamos levar um tempo para formar mão de obra qualificada, por
isso uma opção é investir em educação e capacitação", diz Fugazza.

As empresas buscam educar, capacitar e treinar desde o pedreiro até o
engenheiro. Em 2010, a Brookfield, lançou a Universidade Brookfield, um centro
de capacitação profissional para colaboradores de todos os níveis hierárquicos.
Um portal na internet, chamado "Construir" que reúne informações dos
cursos presenciais e e-learning, oferece desde capacitação nas áreas
imobiliárias, gestão de líderes e SAP – até formação técnica e operacional para
os profissionais nos canteiros de obra. "Temos a preocupação de produzir
conhecimento. E se o funcionário tiver um bom desempenho, a possibilidade de
promoção é grande", diz Alessandro Vedrossi, diretor executivo da Unidade
São Paulo da Brookfield Incorporações. Ele conta que, nos canteiros de obras,
200 profissionais estão sendo capacitados para as funções de mestres de obra,
encarregados, administrativos de obra, carpinteiros, almoxarifes e pedreiros.

Na Cyrela, o programa "Construindo Pessoas" oferece, há seis anos,
alfabetização para todos os que trabalham na empresa. A meta é atender todos os
funcionários dos canteiros de obra em que a empresa participa, seja como
incorporadora ou construtora, em todas as praças em que atuam. Até hoje, já
formaram 726 pessoas. Em outro programa, "Construindo Profissionais",
realizado em parceria com o Senai, a empresa oferece cursos de elétrica e
hidráulica para os parentes, maiores de 18 anos, de funcionários das obras. O
objetivo é contribuir para ampliação da mão de obra qualificada. Os alunos
aprovados têm grande chance de serem contratados pela empresa.

De acordo com a pesquisa, são três os principais problemas enfrentados pela
indústria. O primeiro é a alta rotatividade dos trabalhadores. O segundo é a má
qualidade da educação básica e o terceiro é o receio em perder os trabalhadores
para o mercado. Ainda segundo a pesquisa, o principal efeito da falta de
qualificação é a dificuldade de aumento da produtividade, que representou 61%
das reclamações das empresas. A dificuldade em garantir ou melhorar a qualidade
dos empreendimentos e a falta de prazo para entrega foram apontados como
segundo e terceiro efeito respectivamente.

Depois da mão de obra qualificada, a carga tributária é o segundo maior
entrave para a construção civil,
na opinião dos empresários. A pesquisa também mostrou que a maioria das
empresas trabalhou o ano de 2010 em ritmo de atividade acima do usual e com
número de empregados crescente. A expectativa para os próximos meses é de mais
contratações.


 

cresce o número de imóveis lançados


2010 registra um novo recorde de lançamentos no setor imobiliário

Marilena Rocha

ESPECIAL PARA O ESTADO

O setor imobiliário viveu
mais um ano excepcional, registrando em 2010 um novo recorde de lançamentos:
70.781 unidades distribuídas pela região metropolitana de São Paulo (Capital e
38 municípios). Esse volume é 32,3% superior ao verificado em 2009 (53.487 unidades)
ou 12,3% a mais que em 2008 (63.035), que foi a segunda maior produção desde o
boom de 2007 (62.065).

É certo que enfrentou mais uma vez o problema de falta de mão de obra
especializada, redução de áreas para construção e, pior, elevação desenfreada
do preço do metro quadrado. Mas, no cômputo geral, o balanço foi positivo,
especialmente para quem apostou em unidades residenciais de dois dormitórios.

"Foi, sem dúvida, um recorde histórico, o maior número de lançamentos
desde 1985, ou seja, desde que a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio
realiza estudos e levantamentos nesse sentido", confirma o presidente da
Embraesp, Luiz Paulo Pompéia. "As 70.781 unidades lançadas representaram
mais de 12% de acréscimo em relação ao recorde anterior: 63.035 unidades em
2008."

O Estado de São Paulo foi ainda o maior lançador de empreendimentos
imobiliários no País em 2010, segundo pesquisa da Lopes Inteligência de
Mercado, empresa de consultoria da Lopes. Respondeu por 574 lançamentos com
maior valor de venda: R$ 24,4 bilhões, contra os R$ 5,9 bilhões apurados com os
138 lançamentos do segundo colocado, o Rio de Janeiro. Ao todo, considerando-se
os principais mercados brasileiros, o País registrou, no ano passado, o
lançamento de 1.359 empreendimentos imobiliários com 202 mil unidades e valor
geral de vendas de R$ 57 bilhões.

O segmento de dois dormitórios respondeu por 37.666 lançamentos, seguido
pelo de três dormitórios, 22.150 lançamentos. Com quatro quartos foram
registrados 5.739 lançamentos e 5.226 lançamentos com apenas um dormitório –
nesse último caso, a produção mais do que dobrou, já que em 2009 foram lançadas
1.925 unidades de um quarto. O quatro dormitórios, na Região Metropolitana,
registrou aumento de apenas 5% em relação a 2009, quando foram lançados 5.466
unidades. Ou seja, o segmento dois dormitórios reinou de fato absoluto, com um
acréscimo superior a 37,3%: de 27.426 unidades em 2009 subiu para 37.666
unidades em 2010. "Sem dúvida foi a grande vedete do ano, um produto
requisitado pela classe média-média e pelo segmento popular."

Pompéia entende que o programa federal Minha Casa, Minha Vida foi o grande responsável pelo sucesso das
unidades de dois quartos. "Isso ocorreu no Brasil todo e não foi diferente
em São Paulo. Afinal, o programa começou em abril de 2009 e, em 2010, recebeu
força total." Mas também foi significativa a produção de três dormitórios
em 2010, na região metropolitana de São Paulo: cresceu 18,6% em relação a 2009,
com um total de 22.150 unidades ou 3.480 a mais.

A cada vez menor proporção de grandes terrenos na cidade de São Paulo tem
empurrado cada vez mais o processo de industrialização para o entorno das
rodovias. "Temos dez importantes rodovias que chegam a São Paulo, ao passo
que o Rio conta com apenas cinco. O fato é que a cidade foi crescendo, chegando
nos distritos industriais. Os terrenos das indústrias se valorizaram e muitas
já venderam parte deles, aplicando os lucros na produção", acredita.

O comportamento da Capital não foi muito diferente do que ocorreu nos outros
38 municípios que integram a Região Metropolitana, com exceção do quatro
dormitórios que registrou expressiva queda. Apenas 3.107 unidades de quatro
dormitórios foram lançadas, representando uma redução de 33,5% em relação à
produção de 2009: 4.675 unidades.

"Essa redução de unidades com quatro ou mais dormitórios pode ser
atribuída à superprodução verificada no segmento em 2006, 2007 e 2008. Nesses
três anos lançou-se mais que o dobro do que se verificou em 2009 e 2010. Ou
ainda, em 2007 e 2008 foram construídos mais quatro dormitórios do que em toda
a década de 90. Ou seja, extrapolaram. Daí agora o encolhimento, já que não
existe demanda para tanto", argumenta Pompéia.

Das 38.199 unidades lançadas na Capital (quase 21% acima das 31.580 de 2009,
mas abaixo das 38.990 de 2007), 18.628 unidades são de dois dormitórios, 12.195
de três dormitórios e 4.269 de apenas um dormitório – nesse último caso,
unidades de alto padrão destinadas às classes média-alta e alta.

Também
em termos de fração de terreno, Capital e região metropolitana têm a mesma
tipologia: 48 m2 de área privativa para unidades de um dormitório; 57 m2 e 54
m2, respectivamente, para dois dormitórios; 85 m2 e 83 m2 para três quartos e
168 m2 e 163 m2 para quatro dormitórios.


 

tecnologia vai minimizar problemas de mão de obra


”A indústria tem de se voltar para a tecnologia cada vez mais”, diz o
presidente do Secovi, João Crestana

Ainda apostando em que o dois dormitórios será mais uma vez a vedete do ano,
o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), João Crestana, acredita que
a tecnologia é que irá resolver a questão da falta de mão de obra especializada
no setor.

"A Caixa e outros bancos vão trabalhar para trazer mais tecnologia para
o nosso mercado, para que ele dependa cada vez menos da mão de obra",
acredita. Ele chega a imaginar "paredes prontas" sendo entregues nos
canteiros de obras e outros avanços e facilidades para reduzir as pressões por
novas contratações de operários.

"A nova tendência é a tecnologia. A indústria tem de se voltar para a
tecnologia cada vez mais", insiste. Outra certeza de Crestana é um
significativo aumento na presença da mulher na construção civil . "Hoje essa participação ainda é bem limitada, mas isso
vai mudar neste e nos próximos anos, até pelo fato de a mulher ser mais
cuidadosa e organizada", diz.

O presidente do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Sergio Watanabe, é
outro que vê na tecnologia a solução para a questão da mão de obra .
"Novos processos construtivos são necessários para reduzir a dependência
do setor em relação à mão de obra. Mas para isso são necessários investimentos
em tecnologia." Destaca ainda a necessidade de investimentos na indústria
que fornece máquinas e equipamentos à construção civil . "Essa indústria já trabalha próxima de 90% de sua
capacidade instalada", adverte.

Watanabe também é da opinião que os imóveis de alto padrão já estão com a
demanda limitada. A tendência é de que os futuros empreendimentos sejam de dois
e três dormitórios. "Como já se verificou no ano passado, os novos
empreendimentos serão grandes, de três, quatro ou mais torres, o que permite
reduzir os custos." Ele entende estar nas mãos dos governantes a ampliação
de espaços urbanos, áreas de interesse social 
para novas construções. "É mesmo uma questão de planejamento dos
municípios assegurar maior disponibilidade de terrenos porque senão os preços
vão continuar subindo, em função dos custos de produção", conclui.

Enquanto se discute como expandir a área de ocupação paulistana, o certo é
que o setor imobiliário  experimentou nos
últimos anos um crescimento contínuo, colecionando números bastante
expressivos. Levantamento da Embraesp mostra que entre 2004 e 2010 a cidade de
São Paulo ganhou 31,84 quilômetros quadrados de área construída. Para se ter
uma ideia da grandeza desse número, basta dizer que é maior do que o município
de Diadema, que soma sete cidades e 30,7 quilômetros quadrados. Ou, ainda, na
Região do ABC, equivaleria a duas São Caetano do Sul, que tem 15,3 quilômetros
quadrados de extensão. Foram construídos nesses seis anos 2.359 conjuntos
residenciais ou 1.706 prédios e 653 condomínios horizontais, somando 185.297
apartamentos na Capital.

Inovações

SÉRGIO WATANABE

PRESIDENTE DO SINDUSCON-SP

"Novos
proccessos construtivos são necessários para reduzir a dependência do setor em
relação à mão de obra. Mas para isso são necessários investimentos em
tecnologia"


 

em busca de um crescimento sem sobressaltos


Construção civil sonha
crescer de 5% a 6% ao ano, garante Eduardo Zaidan, diretor de economia do
Sinduscon

Marilena Rocha

ESPECIAL PARA O ESTADO

Nem o boom de 2007 e nem a letargia das duas décadas que precederam aquele
momento de grande euforia no setor
imobiliário
. A construção civil
sonha com um crescimento contínuo de 5% a 6% ao ano. "O ideal é isso
mesmo, um crescimento perene e sem sobressaltos", define o diretor de
economia do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Eduardo Zaidan.

Ele recorda os percalços vividos nos anos 80. "A construção civil passou pelo inferno,
pelo purgatório. O Brasil ficou adormecido nessa área por uns 20 ou 25 anos. É
como a história da pessoa que entra numa academia e quer ter musculatura da
noite para o dia. Vai conseguir só fraturas, pois o certo é conseguir
musculatura obedecendo a um trabalho diário e constante e não como um atleta só
de fim de semana. Para a construção
civil
essa arritmia no crescimento é mortal", compara.

Destaca ainda que a construção civil
acompanha a economia do País. "Se a economia brasileira está bem e
saudável, a construção civil
também assim estará. Mas, a construção envolve alto valor unitário, precisando
de financiamentos de longo prazo. E a inflação é sempre uma grande inimiga do
longo prazo", adverte.

O Brasil tem hoje 3,6 milhões de famílias vivendo em construções precárias.
Outras 2,6 milhões dividem o mesmo teto e estima-se que, até 2020, cerca de 17
milhões de jovens vão deixar as casas dos pais. Ao olhar para o déficit
habitacional ainda grande no Brasil – 6,2 milhões de moradias, segundo a Fundação Getúlio Vargas – Zaidan diz acreditar
em novos anos de crescimento do setor
imobiliário
. "Vai crescer sim, mas sem taxas espetaculares",
aposta.


 

construção tem números milionários


Uma estimativa do uso de material – tijolos, cimento, areia – impressiona
pelo volume. E a indústria espera que a demanda cresça

Cento e trinta e três milhões de tijolos baianos, 6,7 milhões de sacos de
cimento, 5,3 milhões de toneladas de areia. Esses números milionários
impressionam? Pois representam uma estimativa de quanto material de construção foi consumido para erguer apenas os
lançamentos de imóveis residenciais de 2010 na Grande São Paulo.

Segundo a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), foram
lançadas 70.781 unidades no ano passado, em 544 empreendimentos, somando
5.332.504 m² de área total construída lançada. O valor geral de vendas desses
empreendimentos também chama a atenção: quase R$ 15 bilhões. Ou seja, cerca de
R$ 5 bilhões a mais do que em 2009, ano em houve o lançamento de 53.487
unidades em 465 empreendimentos. Imagine quanto deve ser consumido no País
todo.

O crescimento do setor imobiliário
também impulsiona a indústria e o comércio do material de construção. Na comparação do primeiro quadrimestre
deste ano com o mesmo período em 2010, as vendas do setor tiveram crescimento
de 2,5%, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Comerciantes de Material
de Construção (Anamaco). Em 12 meses, a variação é de 9,5%. E a expectativa é
fechar 2011 com 8,5% de crescimento em relação a 2010.

A estimativa de crescimento na indústria de materiais de construção é um
pouco mais tímida: em torno de 7% em 2011, em comparação com 2010. "A
previsão inicial era de 9%, mas o avanço da inflação e as medidas tomadas pelo
governo para conter a demanda afetaram os resultados no início do ano e tivemos
de rever a expectativa para baixo", explica o presidente da Associação
Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox.

Mas não há nada a lamentar. "O setor continua crescendo, o Programa Minha Casa, Minha Vida vai fazer mais
2 milhões de moradias até 2014 e
ainda há os grandes eventos, como a Copa e as Olimpíadas para impulsionar o
consumo", afirma Fox. Segundo Análise Setorial Abramat/Fundação Getúlio Vargas (FGV), as vendas da indústria de
materiais de construção para o mercado interno totalizaram R$ 103,8 bilhões, em
2010.

Produtividade – O presidente da associação explica que as indústrias estão
utilizando 87% da capacidade. "Não há falta de produtos nem perspectiva de
que isso venha a ocorrer." E, de acordo com Fox, um estudo apontou que 74%
das indústrias estão investindo ou vão investir em suas instalações nos
próximos meses.

Segundo pesquisa da Abramat/Fundação
Instituto de Administração (FIA) da USP, o bom desempenho também se reflete no
número de funcionários das indústrias de materiais básicos. Em março, houve
crescimento de 7,67% na mão de obra em relação ao mesmo mês de 2010. Na
comparação com o fevereiro de 2011, o crescimento foi de 1,46%.

Segundo a Análise Setorial, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas, em 2010,
os postos de trabalho do setor foram plenamente recuperados. O número de
empregados chegou a 736 mil em dezembro (aumento de 8,2% em relação a 2009 e de
6,2% em comparação com 2008).

"O consumo de material de construção vem crescendo forte, mas a
indústria está dando conta da produção sem problemas. Não se pode dizer o mesmo
sobre a mão de obra", diz a coordenadora de Projetos da FGV, Ana Maria
Castelo. Ela explica que o crescimento é impulsionado pelo setor formal, que
demanda trabalhadores mais qualificados, não tão disponíveis no mercado.
"No ano passado, o emprego com carteira assinada, incluindo construção civil, arquitetos,
engenheiros, incorporação e serviços ligados, cresceu 15% em relação a
2009."

Não há, explica a coordenadora, uma previsão fechada de aumento para 2011,
mas estima que ficará em torno dos 5%. "Os 15% de crescimento em 2010
representaram não apenas o aumento da produtividade, mas a formalização
decorrente de exigências dos programas habitacionais e investidores."

Segundo Fox, a construção civil
nunca foi atraente para os jovens, pela falta de oportunidades de crescer.
"Mas isto está mudando com os investimentos em qualificação, que aumentam
inicialmente os custos, mas voltam em maior qualidade, rendimento e
produtividade."

"Cbic"

 

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