
AGÊNCIA CBIC
19/12/2011
Brasil ganha destaque mundial em construção sustentável
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19/12/2011 :: Edição 238 |
Jornal O Tempo/MG 18/122011
Brasil ganha destaque mundial em construção sustentável
Com sistemas inteligentes de uso de energia e água, reaproveitamento de insumos da obra, coleta seletiva de lixo e adoção de processos e materiais que geram menos impacto ambiental em seu ciclo de vida, a construção brasileira vai ganhando espaço no terreno da sustentabilidade. O conceito ainda é novo no mundo e, no Brasil, apenas 1% das obras são certificadas ou estão em processo de reconhecimento. Mesmo assim, país já é o quinto do mundo em número de selos Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), certificado de sustentabilidade para a construção criado nos Estados Unidos e adotado em diversos países.
Para conseguir a certificação, o empreendimento tem que atender a diversos critérios como localização, eficiência no uso da água e de energia, qualidade ambiental no interior da edificação e racionalização no uso de materiais e recursos. O Brasil tem 38 edificações certificadas, atrás de Estados Unidos, Emirados Árabes, Canadá e China. Outras 406 estão em busca de certificação.
Minas tem apenas uma edificação certificada, o WT-Águas Claras, em Nova Lima, e pelo menos cinco construções em processo de certificação. Uma delas é o novo Mineirão, que pretende ser sustentável desde o projeto até a operação. O primeiro passo foi "herdado" do antigo estádio: a localização numa área com muito verde e baixa densidade populacional. As outras etapas foram previstas no projeto.
Concreto, madeira, terra, gramado e cadeiras retirados do estádio tiveram destinação ambientalmente correta. As cadeiras, por exemplo, foram reaproveitadas em estádios e centros de treinamento do interior do Estado. A terra foi destinada à obra do ribeirão Arrudas e o concreto virou brita, usada na pavimentação de ruas em Nova Lima e Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Na operação do estádio, que volta a reabre as portas em 2013, a sustentabilidade também estará em campo. O novo Mineirão vai gerar energia suficiente para abastecer 1.200 residências e tem um coletor para 6.000 metros cúbicos de água, que serão usados para limpeza e irrigação. No total, 80% dos resíduos serão reutilizados ou reciclados, percentual superior aos 50% exigidos pela Leed.
O estádio deve ser o primeiro do Brasil a conseguir a certificação, que é recomendada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Além de garantir as boas práticas no estádio, a certificação do Mineirão pode servir de exemplo para outras obras. "Pela visibilidade do Mineirão, ele tem potencial para ser uma alavanca multiplicadora para essas práticas", diz o coordenador do Núcleo de Planejamento e Meio Ambiente do novo Mineirão, Vinícius Lott. Ele acredita que as construtoras que trabalham na obra irão incorporar as práticas em outros empreendimentos que desenvolvem.
O diretor de engenharia da Green Gold, Júlio Fonseca, e membro do Green Building Council Brasil (GBC), responsável pela Leed no Brasil, explica que existem quatro níveis da Leed: standard, silver, gold e platinum. "O selo tem mais um poder de marketing, pois o governo não dá incentivo para quem quer se certificar".
Busca mineira
Em processo. Cinco edificações em Minas buscam a Leed: Mineirão, Edifício Forluz, Raja Business Center e Torre Boulevard, todos em Belo Horizonte, além do Hospital Regional de Juiz de Fora, Zona da Mata.
O segmento residencial começa a valorizar a certificação ambiental como um diferencial de mercado. Nesse segmento, o selo Aqua, desenvolvido pela Fundação Vanzolini e baseado em normas e parâmetros brasileiros, é o mais utilizado. A metodologia foi desenvolvida em 2008 e, no ano seguinte, foram feitas as primeiras auditorias e sete edifícios receberam o selo. Hoje, já são 51 edificações certificadas e a participação dos residenciais está em franco crescimento.
Até o primeiro semestre, eram apenas quatro edifícios. Hoje são 14, além de um condomínio com quatro prédios e 80 casas. "O habitacional está tomando uma força incrível", diz o executivo de negócios da Fundação Vanzolini, Bruno Casagrande. Ele explica que o mercado já descobriu que a certificação agrega valor ao imóvel. "Tem construtora que dá um certificado por apartamento. No futuro, isso ajuda a valorizar o imóvel", exemplifica.
Outras certificações voltadas para o mercado residencial são o Casa Azul, da Caixa Econômica Federal e o Procel Edifica. Em dois anos deve haver uma versão da Leed para empreendimentos residenciais. "Eu faço parte de um comitê e estamos montando as diretrizes, o que devemos terminar no ano que vem, e a certificação já deve estar disponível em 2013", destaca o diretor de engenharia da Green Gold, Júlio Fonseca, membro do Green Building Council (GBC) que coordena a Lead no Brasil. (APP e QA)
Certificações Reconhecidos. O Leed é o selo mais usado no Brasil, mas existem outros que contam com o reconhecimento internacional, como o inglês Breeam, o japonês Casbee e o francês HQE.
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