
AGÊNCIA CBIC
Artigo – Engenharia do Rio rumo à insolvência

Paulo Kendi T. Massunaga é presidente executivo da AEERJ
Se tais medidas não forem adotadas urgentemente, não adiantará ter muitas licitações sendo publicadas, pois é possível que as empresas não tenham mais condições para concorrer e, caso concorram, por pura necessidade de sobrevivência, provavelmente não terão fôlego para terminar as obras
O setor de construção vem passando por distintos momentos desde o começo do ano passado. Primeiro, a significativa redução de licitações e a consequente falta de serviços para as empresas, depois a alta no preço dos insumos, aumento da inflação e os contratos com valores defasados. Ao longo do primeiro semestre deste ano, o cenário começou a se alterar, particularmente com o aumento da quantidade de licitações das obras públicas e a consequente geração de empregos.
A Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj) realizou um levantamento que apontou dados interessantes. No Município do Rio de Janeiro, por exemplo, foi registrado crescimento de 137% no número de processos de concorrência de janeiro a junho de 2022, se comparado com todo o ano de 2021.
No ano passado, foram 163 licitações e, até junho de 2022, a pesquisa mostra que são 387 processos. O volume financeiro este ano já chegou a R$ 3,7 bilhões, contra R$ 993,4 milhões no ano passado. Avaliamos os números como positivos, até porque precisamos de obras para trabalhar.
No ano passado, foram 163 licitações e, até junho de 2022, a pesquisa mostra que são 387 processos. O volume financeiro este ano já chegou a R$ 3,7 bilhões, contra R$ 993,4 milhões no ano passado. Avaliamos os números como positivos, até porque precisamos de obras para trabalhar.
Com a atual inflação, a regra deve ser urgentemente revista pela Prefeitura do Rio de Janeiro, não só no sentido de retornar o reajustamento para no máximo 12 meses previstos em lei – que hoje já não retrata a situação da evolução de preços do mercado –, mas também para estabelecer critérios claros e objetivos de cálculos para conceder reequilíbrio econômico-financeiro aos contratos.
Se tais medidas não forem adotadas urgentemente, não adiantará ter muitas licitações sendo publicadas, pois é possível que as empresas não tenham mais condições para concorrer e, caso concorram, por pura necessidade de sobrevivência, provavelmente não terão fôlego para terminar as obras. Perdem com isso o povo, o Rio de Janeiro e as empresas.
*Artigo publicado no jornal O Dia Online, em 05/08.
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