
AGÊNCIA CBIC
10/04/2012
Aprovação de crédito imobiliário pode demorar até um ano
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10/04/2012 :: Edição 294 |
O Estado de S. Paulo/BR 10/04/2012
Aprovação de crédito imobiliário pode demorar até um ano
O boom do crédito imobiliário tornou a compra da casa própria acessível a milhões de brasileiros, mas a aprovação do financiamentos continua demorada. Houve melhora nos últimos anos, como a redução da média de documentos exigidos do comprador, vendedor e imóvel de 52 para 14, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Contudo, em casos extremos, entre o pedido e a aprovação do crédito o consumidor pode esperar até um ano.
Há vários problemas no processo de contratação do crédito por parte dos órgãos públicos, dos bancos e dos mutuários. Na esfera pública, a barreira é falta de integração de órgãos expedidores dos documentos. "Para mostrar que o vendedor não tem dívidas são três cartórios – o de protesto, da Justiça Federal e de distribuição cível. Não há um órgão centralizador das certidões negativas ou dos impostos", diz o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octavio de Lazari Junior.
Outro problema é a falta de digitalização dos documentos. Até julho de 2014, os cartórios de registro de imóveis terão deter sistema eletrônico, com certidões disponíveis pela internet,uniformização dos dados e compartilhamento com outros órgãos.
Nesse sentido, os bancos já estão mais avançados, dizem especialistas. Atualmente,muitos documentos são aceitos pela internet e, em algumas instituições, o contratante pode acompanhar o andamento do crédito online, o que permite perceber rapidamente se há algum entrave. "Antigamente quem não tinha renda formalou Imposto de Renda não conseguia crédito. Hoje é aceito extrato bancário como comprovação", diz o diretor do Creci- SP, Gilberto Yoghi.
Para tornar a aprovação mais rápida, os bancos investem em tecnologia e gestão de processos. "Recentemente conseguimos aprovação em seis dias. Se toda a documentação estiver correta, creio que a média de tempo seja de 15 dias", diz o super intendente executivo de Crédito Imobiliário do Bradesco, Cláudio Borges. O Banco do Brasil informa que foca em parcerias com construtoras para tentar obter proativamente a documentação do vendedor e do imóvel.
Muitas exigências. Apesar de o mercado reconhecer o avanço dos bancos, a lista de documentos cobrados ainda é considerada grande. "Não faz sentido o financiamento de automóveis, onde o risco de roubo e deterioração é maior, demorar cinco dias e o imobiliário, pelo menos 30", afirma o vice-presidente de Habitação Econômica do Secovi-SP, Flavio Prando.
No passado, a alienação fiduciária – que dá ao credor a posse do imóvel até o fim do pagamento- tornou o crédito menos arriscado aos bancos. Com isso, reduziu o nível de garantia exigida. Para Prando, contudo, ainda há espaço para desburocratização.
No caso dos compradores o principal problema está na entrega do dossiê do processo. "É importante entregar a documentação completa para não haver repetição das etapas. A cada exigência nova a pessoa vai gastar de dez a 15 dias", diz Yoghi.
Para ajudar mutuários no processo há os correspondentes bancários,pessoas jurídicas indicadas pelos bancos que recolhem documentos e auxiliam na aberturado crédito.Também há empresas especializadas em assessorar o financiamento. "Essas empresas praticamente não existiam antes do boom imobiliário", diz o criador da consultoria Canal do Crédito, Marcelo Prata. "O serviço pode ir desde uma pesquisa de mercado entre os diversos produtos disponíveis até a orientação dos documentos necessários, verificação do dossiê e preenchimento de formulários", diz o fundador da Financiar Casa, Raphael Rottgen. O serviço é gratuito em muitas empresas, como na Financiar Casa e no Canal do Crédito e pode variar de R$ 500 a R$ 1mil nas empresas em que o serviço é pago.
Outra dificuldade é como programa Minha Casa, Minha Vida. É preciso reunir um grupo de pessoas que vão financiar os apartamentos. O financiamento como banco já começa no início da obra.O problema é que cada mutuário é avaliado em um momento. Só quando a construtora reúne o número mínimo exigido, que pode ser 60, 100, 150 famílias, é marcado um dia para que todas compareçam e assinem o contrato.
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Transtorno com burocracia vira série de reportagem
O site estadão.com.br, em conjunto com a edição impressa do jornal 'O Estado de S. Paulo', apresenta, até domingo, uma série de reportagens sobre burocracia.
Ontem, a série abordou o tema de serviços, com foco nas dificuldades enfrentadas pelos consumidores dos setores de telecomunicações com TV a cabo, telefone e internet, que sempre se destacam entre os líderes de queixas do consumidores.
A série ainda mostrará os entraves burocráticos nos setores de herança, saúde, imóveis, empreendedorismo e fechará com uma análise sobre a cultura da burocracia no País.
Além de números e opiniões de especialistas, as reportagens contam sempre um exemplo emblemático da situação vivida por um cidadão/consumidor.
O depoimento de correspondentes estrangeiros do Grupo Estado sobre a burocracia em outros países permite aos leitores comparar modelos.
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Sem sentido
FLAVIO PRANDO
VICE-PRESIDENTE DO SECOVI
"Não faz sentido o financiamento de automóveis, onde o risco de roubo e deterioração é maior, demorar cinco dias e o imobiliário, pelo menos 30"
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