
AGÊNCIA CBIC
Alívio no PIB
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28/02/2014 |
O Globo Alívio no PIB VOO BAIXO Crescimento de 0,7% no 4º trimestre, acima do previsto, faz país fechar 2013 com expansão de 2,3% Cássia Almeida, Lucianne Carneiro e Marcello Corrêa A economia brasileira avançou mais em 2013, puxada pelos investimentos e pelos serviços. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços) cresceu 2,3%, acima do 1% de 2012, e chegou a R$ 4,838 trilhões, informou ontem o B GE. Após cair 0,5% no terceiro trimestre, a econo mia avançou 0,7% nos três últimos meses do ano, acima das melhores expectativas do mercado, que giravam entre queda de 0,2% e alta de 0,5% Com isso, a ameaça de uma recessão – dois tri mestres seguidos de queda – não se confirmou. O resultado melhor do PIB em 2013 não foi suficiente para dissipar as incertezas em relação ao desempenho da economia este ano. A crise na Argentina, a menor oferta de energia e o fato de 2014 ser um ano eleitoral, o que cria incertezas e reduz investimentos públicos, são as preocupações no horizonte. Assim, poucos analistas revisaram para cima sua projeção para o PIB em 2014, apesar do resultado melhor que o previsto no ano passado. O investimento surpreendeu e cresceu 6,3% no ano passado, depois da queda de 4% em 2012. Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, citou o impacto de programas do governo: – O governo fez várias linhas (de empréstimos do BNDES com juros subsidiados), o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Minha Casa, Minha Vida. Vários programas que influenciaram positivamente. 'A ERA DE OURO DO CONSUMO ACABOU' Já o consumo das famílias andou mais devagar. Mesmo crescendo há dez anos seguidos, avançou 2,3% contra 3,2% do ano anterior. A taxa foi a menor também em dez anos: – A era de ouro do consumo acabou – afirmou Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management. Para o economista, o país está fadado a crescer por volta de 2%. Caso contrário, desequilíbrios começam a surgir, como inflação mais alta e déficit maior nas contas com o resto do mundo. Em 2013, o déficit externo chegou a 3,7% do PIB. Nos números divulgados ontem pelo IBGE, com mais importações do que exportações, o setor externo acabou tendo peso negativo no PIB. Se não fosse por ele, o PIB teria avançado 3,1%, em vez de 2,3%. Consumo menor é a tônica agora da administradora Rosimere Bassetto, que ficou desempregada no fim de 2013. – Diminuí a compra de acessórios, sapatos, bolsas, produtos mais triviais. Por sorte, não tínhamos dívidas quando fiquei desempregada. Os serviços também surpreenderam. A alta de 2% foi a maior contribuição para a expansão da de 2,3% da economia. Respondeu por 60% desse crescimento. Os serviços de informação, que incluem telecomunicações, puxaram a taxa, com alta de 5,3%. Frente ao terceiro trimestre, registrou a maior alta: 4,8%. O setor financeiro se recuperou no fim do ano e subiu 2% depois de ter caldo 1,2% no trimestre anterior: – O desempenho é compatível com o que se observa no emprego, é o setor no qual se gera mais vagas – afirmou o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Destaque na produção, com alta de 7%, a agricultura não deve repetir o bom momento em 2014. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) afirmou que esta expansão dificilmente se repetirá. Na avaliação de Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o país não vai se beneficiar de problemas climáticos nos Estados Unidos e ainda pode ter dificuldades com a seca. – O setor deve crescer 3% neste ano. "NÃO FOI TAO RUIM, MAS AINDA É MEDÍOCRE* A soja foi a principal responsável pela bom resultado da agricultura, aumentando em 24,3% a produção e em 11,3% a área plantada. Apesar de o PIB ter crescido no ano passado mais do que o dobro do resultado de 2012, Silvia Matos, coordenadora do Boletim de Conjuntura da Fundação Getulio Vargas (FGV), chama a atenção para o esforço necessário para alcançar esta taxa: – Não foi fácil crescer 2,3%. Só foi possível com políticas de estímulo, com custos ficais, inflação alta e déficit em transações correntes. O investimento foi concentrado em caminhões, tanto que no segundo semestre desacelerou. As condições para a indústria não estão boas, a seca pode trazer problemas para a agropecuária e os serviços vão desacelerar. As incertezas ainda persistem a ponto de o professor da USP, Fábio Kanzuc, afirmar que não há motivos para comemorar. – O PIB não foi tão ruim como o esperado, mas ainda é medíocre. Só vamos crescer com boa educação, melhor infraestrutura e com menos intervenção negativa do governo na economia. O professor do Instituto de Economia da Unicamp André Biancareli afirma que Brasil talvez ainda não tenha alcançado o crescimento sustentado. Para ele, isso parecia ter acontecido entre 2004 e 2010, mesmo com a crise de 2008: – O governo Dilma infelizmente ficará marcado por um crescimento menor. O crescimento não deve ser espetacular este ano. Não diria que a percepção do voo de galinha está de volta, mas a preocupação é essa. A decepção ficou com a taxa de poupança. Como proporção do PIB ficou em 13,9% contra 14,6% de 2012. Retrocedeu 13 anos, ficando no mesmo patamar de 2000, quando foi de 14%. O resultado do PIB acima do esperado no fim do ano passado vai melhorar os resultados de 2014. Se o país não crescer nada ao longo deste ano, já está garantida uma expansão de 0,7% do PIB, o que o economistas chamam de carregamento estatístico. Com expansão de 2,3%, o PIB per capita subiu 1,4% alcançando R$ 24.065. |
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