
AGÊNCIA CBIC
Depois de baixa, Direcional é aposta em construção
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13/08/2013 |
Valor Econômico Depois de baixa, Direcional é aposta em construção Por Beatriz Cutait | De São Paulo As ações do setor imobiliário não vivem seu melhor momento neste ano. Com juros, inflação e endividamento mais altos e a desaceleração da economia com impacto direto sobre o crédito, papéis como da Brookfield, PDG Realty, Gafisa e Rossi figuram entre as maiores quedas de 2013. De janeiro a julho, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, perdeu 20,9%, mas o Imob, índice que representa o setor de construção, caiu ainda mais – 22,4%. O fraco desempenho do segmento, entretanto, abre espaço para compra de algumas ações escolhidas a dedo. E é justamente nessa estratégia que os papéis da Direcional ganham atenção entre as corretoras e gestoras de recursos. As ações da empresa dispararam em 2012, com alta de 52,5%, mas não conseguem escapar neste ano do mau humor do mercado acionário como um todo. Até sexta-feira, as ações caíam 14,7% em 2013. O otimismo, contudo, prevalece, mesmo com um resultado trimestral que pressionou os papéis no início da semana passada. A Votorantim Corretora revisou o modelo de avaliação da empresa e indicou que o preço estava atrativo, despertando um bom ponto de entrada, depois de uma queda recente. Os analistas João Arruda e Rafael Musqueira têm recomendação "outperform" (desempenho acima da média do mercado) para as ações, com preço-alvo de R$ 19,00 para dezembro de 2014. O valor equivale a uma valorização potencial de 61% sobre o preço de fechamento do pregão de sexta-feira. A corretora tem uma expectativa de resultados mais saudáveis nos próximos trimestres, e destaca, em relatório, os esforços da Direcional para desenvolver mais projetos da faixa 1 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A atual concentração da empresa no programa do governo federal está no foco de todas as instituições que acompanham as ações. Para o analista Renato Maruichi, da Fator Corretora, a atuação na faixa 1 do programa se destaca por se tratar apenas de construção, o que descarta riscos associados à incorporação. "A empresa não corre o risco de não vender o imóvel construído", diz Maruichi, que cita como vantagens, além do ciclo de negócios mais curto e a garantia de demanda, o foco na construção de unidades de baixo valor unitário e o método criado pela empresa de construção de unidades de forma padronizada. Como desvantagem, o analista aponta o menor retorno nesse segmento de atuação, fator em parte compensado pela atuação da empresa também no ramo de incorporação, área que pode ganhar força conforme a demanda. "O cenário atual está mais voltado para o Minha Casa, Minha Vida, mas pode haver uma virada em 2014, com a empresa atuando mais em incorporação", afirma o analista da Fator, para quem a Direcional também tem a seu favor o fato de estar mais exposta a mercados com maior déficit habitacional. A Fator tem recomendação de compra para as ações da Direcional e preço-alvo de R$ 19,00 para o fim deste ano. Fernando Araujo, gestor da FCL Capital, também elenca as particularidades da Direcional e a concentração dos negócios na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida. "Incorporação é um segmento até pequeno dentro da empresa e a venda no programa MCMV não corre risco de demanda, porque atende o governo", diz Araujo. Ele ainda chama atenção para as vantagens competitivas da companhia, diante da construção em escala industrial e custos mais baixos que os de concorrentes. De toda forma, a Direcional não está imune aos problemas do mercado imobiliário e o gestor reconhece que os distratos – cancelamentos de vendas – também têm atrapalhado a trajetória da companhia. O fato foi admitido pelo próprio vice-presidente da empresa, Ricardo Ribeiro, na semana passada. O executivo chegou a dizer que o momento operacional vivido pela Direcional no segmento de incorporação é de "fundo do poço". Os distratos e a concessão de descontos na comercialização de unidades levaram a companhia a registrar, no segundo trimestre, sua pior margem bruta, de 20,8%. A expectativa, contudo, é de uma recuperação das margens no primeiro trimestre de 2014. Ribeiro também disse estar "muito otimista" em relação ao segmento faixa 1. No primeiro semestre, os lançamentos da empresa para a faixa somaram R$ 807 milhões, uma expansão de 212%. As vendas contratadas do segmento ainda tiveram alta de 240%. Apesar do entusiasmo de analistas com os projetos da faixa 1 do programa MCMV, há preocupação com uma descontinuidade após 2014, em um ambiente eleitoral que ficou mais incerto. A Ágora, contudo, não espera uma ruptura nesse sentido, já que o programa atual evoluiu de outro projeto, adotado desde 1999. Mas a corretora assinala que, a partir de 2015, uma nova fase vai precisar ser aprovada e o ritmo do programa deverá ser reduzido. (Colaborou Chiara Quintão)
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