BNDES fecha parceria com 18 bancos para fundo sustentável

Simultaneamente à Rio + 20, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem a parceria com mais 18 bancos de desenvolvimento do mundo para o fomento de projetos e empresas sustentáveis. No mesmo dia, o mercado segurador brasileiro aderiu aos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Iniciativa Financeira (UNEP-FI) por meio da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), grupo SulAmérica Seguros, Itaú Seguros e Bradesco Seguros.

 Segundo Luciano Coutinho, presidente do BNDES, em 2011 foram desembolsados US$ 89 bilhões por 19 bancos de investimento no mundo, que somam US$ 1,6 trilhão em ativos na Ásia, África, América Latina e Europa. No caso da instituição brasileira, 20% dos créditos concedidos no último ano, do total de R$ 139,7 bilhões, isto é, R$ 28 bilhões, correspondem a projetos de energia renovável, corredores de transporte urbano, saneamento ambiental, mercado de capitais e o Fundo da Amazônia.

 Os bancos de desenvolvimento entraram no Clube Internacional de Financiamento (IDFC – International Development Finance Club, na sigla em inglês). "Hoje em reunião entramos em um consenso entre os bancos com o comprometimento do desenvolvimento inclusivo e sustentável para ampliar o crédito para o desenvolvimento. Em 2011, US$ 89 bilhões e pretendemos ampliar o apoio à sustentabilidade."

 Coutinho revelou que o acordo está em uma cooperação mais estreita entre os parceiros, principalmente para economias como do continente africano, onde há necessidade de apoio aos setores alimentar e de sustentabilidade. "Pode ter linhas em comum de crédito no futuro."

 Coutinho acrescentou que em um cenário internacional difícil, no qual há países com problemas financeiros e de dívida pública, os bancos de desenvolvimento têm importante função. "Os bancos de desenvolvimento podem ter papel estabilizador na recuperação do investimento nos próximos anos." Hoje, o BNDES completa 60 anos de existência. "Chega aos 60 anos em boa forma e com novos desafios na prática da inovação e sustentabilidade", ressaltou Coutinho.

 Seguros

 Já o segundo dia do 48º Seminário do International Insurance Society (IIS) foi marcado pela adesão do mercado segurador aos Princípios de Sustentabilidade em Seguros, da ONU. A assinatura do protocolo contou com a presença de 33 empresas de países como Japão, Austrália, Reino Unido, Holanda, França, Grécia, África do Sul e Canadá. O Brasil foi representado pela CNSeg e pelos diretores Oswaldo do Nascimento, do Itaú Seguros; Eugênio Velasques, do Bradesco Seguros, e Helder Molina, presidente da Mongeral Aegon.

 Achim Steiner, subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, destacou o significativo número de iniciativas do setor de seguros no âmbito da sustentabilidade. "As empresas estão se comprometendo com uma série de compromissos verdes e a indústria de seguros é muito importante, pois já representa 8% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. O setor pode ser a mola propulsora para a sustentabilidade. Já somam mais de 30 signatários e eu acho que esse número ainda vai crescer."

 Oswaldo do Nascimento, do Itaú, detalhou que, na prática, a primeira fase da adesão aos princípios diz respeito à sustentabilidade social, à governança e a aspectos sociais. "A indústria de seguros tem uma capilaridade ampliada, porque na prática as empresas distribuem pela rede bancária e pelos corretores, que somam mais de seis mil no País. Desta forma, temos uma capacidade de influenciar sob o ponto de vista educacional e as pessoas podem ser conscientizadas quanto aos princípios."

 A segunda prática está na transparência, segundo o executivo, e a terceira, na inovação dos produtos. "Recentemente o Itaú lançou seguros na área de residência, onde há o programa de reciclagem, educação ambiental e o desenvolvimento de projetos sustentáveis, como reutilização de água de chuva na área de construção civil."

 O diretor Eugênio Velasques afirmou que no grupo Bradesco Seguros a sustentabilidade já é praticada com a fundação e que os princípios funcionam como forma de discussão das regras de governança e aperfeiçoamento de produtos, principalmente com as mudanças climáticas e adesão de áreas de risco, como comunidades.

 Luciano Portal Santanna, chefe da Superintendência de Seguros Privados (Susep), disse que já há estudo no sentido de estabelecer regras que estimulem a aderência das empresas aos princípios. "Deve sair neste ano, mas começou faz pouco tempo."