Professor alerta sobre "bolha imobiliária"

A escalada dos preços criou uma bolha imobiliária no Brasil, nos moldes da que estourou em 2007 nos Estados Unidos? Sem dúvida, na opinião de Samy Dana, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EASP). "Os valores de mercado estão tão altos que o retorno dado pelo imóvel não compensa", diz, usando como exemplo a compra de um apartamento de 100 m² no Centro de São Paulo, por R$ 1 milhão. "Com o mesmo valor na poupança, você teria rendimento de R$ 5 mil mensais, mais TR, o que permitiria alugar um imóvel melhor em outro bairro."

 Dana aponta o grande número de imóveis à venda sem compradores e a queda na Bovespa do valor das ações das empresas do ramo como sinais do iminente estouro da bolha. "As imobiliárias devem reduzir os preços sob risco de amargarem prejuízo bem maior. E aos compradores, mais do que nunca, cabe pechinchar."

 Eduardo Zaidan, do Sindus- Con, discorda. "Os preços não estão subindo sem freio, porque o limite é o bolso do comprador e o financiamento imobiliário tem regras rígidas no Brasil, não é irresponsável e aberto à especulação como em outros países. Aqui, a maioria financia a casa na qual vai morar e, na média, quita a dívida em oito anos."

 A falta de mão de obra qualificada pesa cada vez mais nos preços dos imóveis. Em abril, o item respondeu por 50,29% na composição do Índice Nacional da Custo da Construção do Mercado, INCC-M. Em abril de 2011 respondia por 48,51% e em 2010, 47,68%. "A lacuna de pessoal qualificado ainda é a principal limitação à expansão imobiliária, seguida pela escassez de áreas disponíveis nas grandes capitais", diz Ana Maria Castelo, coordenadora de estudos da construção civil da FGV.

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 "Grande número de imóveis à venda sem compradores e queda no valor das ações na Bovespa são sinais do estouro da bolha"