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AGÊNCIA CBIC

27/04/2012

Às vésperas da Rio+20, academia e consumidores debatem casa sustentável

"Cbic"
27/04/2012 :: Edição 307

 

Globo.com/BR 26/04/2012
 

Às vésperas da Rio+20, academia e consumidores debatem casa sustentável

Do piso ao telhado, hoje já é possível escolher materiais sustentáveis na hora de construir sua casa. E além do material, a instalação de alguns equipamentos e a adoção de práticas pelos moradores também ajudam a poupar energia elétrica e água. Apesar de o custo de uma casa sustentável ser cerca de 20% maior do que de uma construção convencional, a economia futura compensa. Mostrar como é viável construir uma casa mais verde é um dos objetivos do Casa Viva, evento que acontece desta quinta até sábado, na PUC-Rio.
 – Do lado do consumidor, há economia ao se instalar sistemas de energia solar para iluminação e aquecimento. Um estudo da Eletrobras mostra que a redução pode ser de 30% na conta de luz. A captação da água da chuva para uso em limpeza também reduz muito o consumo. A torneira com sensor digital é outra opção. E estes são só alguns exemplos. Já por parte das empresas, é uma tendência a adoção de práticas sustentáveis na construção. Tanto porque a sociedade vai cobrar isso, como porque as leis se tornarão mais rígidas. É um caminho sem volta e que tem o incentivo da demanda crescente – afirma Carlos Emiliano Eleutério, diretor-executivo da Planeja Informa, empresa que idealizou o evento Casa Viva.
 A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) chama a atenção para criação do selo da Eletrobras, o Procel Edifica, voltado especificamente para a eficiência energética das edificações. O certificado é similar ao que vem em eletrodomésticos, e dá notas de A a E para a sustentabilidade da residência. Hoje, no entanto, o próprio responsável pela construção entra em contato com o Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) para adquirir o selo, que ainda não é obrigatório. Outro exemplo é a lei do município de Niterói (nº 2.856/11), que obriga a reutilização das cinzas (usadas), o reuso da água de chuva e a medição individual de água potável em edifícios.
 – A instalação do sistema de reuso da água reduz em até 50% o gasto com este recurso natural. Mas a adesão da sociedade ainda é muito pequena e a legislação ainda é muito lenta neste sentido – diz a técnica da Proteste, Karen Guimarães.
 No caso da construção exposta no evento da PUC, a casa-modelo tem 70 metros quadrados e foi construída com a madeira ilhotis  , que segundo o engenheiro da Sintech, Paulo Mezzomo, responsável pela obra, é usada em 95% das casas no Canadá, e é também popular nos Estados Unidos, no norte da Europa, na Austrália, na Nova Zelândia e no Japão. A planta é nativa da América do Norte e da Europa, mas já é cultivada no Sul do Brasil.
 – A alvenaria, o tijolo e o cimento não são recursos renováveis como a madeira. Além disso, esta árvore cresce rapidamente e ela não sofre a ação de cupins – explicou Mezzomo.
 Hoje, cerca de 50% do lixo brasileiro é proveniente de resíduos de obra. Neste caso, todo o resto de madeira é prensado e vira novas chapas. Tudo é reciclado. No revestimento, há isolante térmico e acústico de lã de rocha ou de vidro, que ajudam a manter a temperatura da casa estável, economizando em aquecedor ou ar-condicionado. No telhado, foram instaladas placas de aquecimento solar, as quais, segundo o engenheiro, são suficientes para abastecer toda a casa. O telhado é coberto por uma manta asfáltica e, em cima, haverá uma horta, o que também ajuda na manutenção térmica do espaço. Ao todo, foram gastos três metros cúbicos de concreto, um décimo do necessário para uma casa padrão do mesmo tamanho. Toda a obra ficou pronta em apenas um mês. O engenheiro estima que o custo do metro quadrado de uma casa sustentável varie entre R$ 200 e R$ 2.200, dependendo do tipo de acabamento.
 Um dos empecilhos da construção e reforma da casa sustentável é a falta de oferta de recursos. Apesar de Mezzomo garantir haver tecnologia suficiente para o processo no Brasil, o acesso aos equipamentos e a produtos é caro e sofre com a falta de oferta. A madeira utilizada no modelo, por exemplo, precisou ser importada dos Estados Unidos.
 – Como precisávamos da madeira "pra ontem", acabamos importando, porque no Brasil, incrivelmente, ela demoraria mais para chegar. O desenvolvimento do setor ainda depende muito da indústria, que precisa se adequar em certos pontos. Há dificuldade de conseguir material aqui, apesar de haver novas técnicas. Muitas vezes é mais rápido e sai mais em conta importar – afirma o engenheiro.
 Mesmo se a casa já estiver pronta, destaca a técnica da Proteste, há algumas mudanças possíveis para torná-la mais ecológica. Karen explica que há coisas simples como o blackout ou até a utilização de película de proteção solar em janelas reduzem a incidência de sol e ajudam no condicionamento térmico. Da mesma forma, na parte externa, podem ser instalados toldos. Outra opção é o uso de plantas, tanto em terraços, varandas e até telhados.
 Um exemplo real da transformação de uma casa tradicional em uma construção sustentável é a Ecohouse. A construção, datada de 1930, na Urca, foi completamente adaptada, em 2002, pela a arquiteta Alexandra Lichtenberg que usou-a como modelo para a sua tese de mestrado na UFRJ. A casa, além da consultoria da arquiteta, é sua moradia.
 – O maior problema da casa era o calor excessivo, então o foco foi na proteção contra a insolação. Ao mesmo tempo, procurei ter o melhor aproveitamento da luz natural, com posicionamento estratégico das janelas. Tirei a telha francesa e contruí uma laje com literalmente um jardim no telhado, o que não deixa a maior parte do calor entrar. Além disso, aumentei o tamanho do pé direito de dois metros e meio para três metros – explica.
 Segundo a arquiteta, quando o pé direito do imóvel é convencional, de dois metros e meio, o ar quente que sobe se acumula na zona de atuação das pessoas. Aumentando-se 50 centímetros, o ar já não interfere tanto no dia a dia. Ventiladores também são bem vindos. E Alexandra garante só utilizar o ar-condicionado em dias de calor extremo no Rio. A água da chuva é utilizada para irrigar o jardim e lavar a área externa. Com isso, ela diz reduzir 20% do consumo. Há, no entanto, períodos de seca na cidade. E, nestes casos, a água encanada volta a ter necessidade. A energia solar aquece o abastecimento do banheiro, da cozinha e até da máquina de lavar.
 Outro projeto da Ecohouse é a parceria com o poder público e o setor privado para a reforma de casas nas favelas Chapéu-Mangueira e Babilônia, no Leme. As obras devem começar na próxima semana antecipa Alexandre:
 – A sustentabilidade das casas nas comunidades tem um sentido diferente das do asfalto. Não se pode falar de eficiência da água num lugar que não tem hidrômetro instalado, onde casa não tem emboço, não tem porta no banheiro. Primeiro é preciso falar em segurança estrutural, conforto, ventilação e iluminação natural pra depois falar de eficiência.

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