
AGÊNCIA CBIC
13/01/2012
Prefeitura qualifica 96 mulheres para a construção civil na capital
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13/01/2012 :: Edição 247 |
Clicrn/BR 12/01/2012
Prefeitura qualifica 96 mulheres para a construção civil na capital
As mãos que preparam o alimento de cada dia são as mesmas que fazem a massa para mudar destinos e quebrar paradigmas. Imbuída do propósito de inserir mulheres naconstrução civil, a Prefeitura do Natal, por intermédio das Secretarias Municipais de Políticas Públicas para as Mulheres (Semul) e de Trabalho e Assistência Social (Semtas), firmou parceria com a Ong Atendimento Filantrópico Integrado à Medicina (AFIM) para a realização do projeto “Mulheres: mãos que constroem”.
Na manhã desta quinta-feira (12), a prefeita Micarla de Sousa entregou os certificados aos alunos do curso e os kits de Equipamentos de Segurança e Proteção Individual (EPIs), contendo luva, capacete e protetor auricular. Com a quadra da Associação da Juventude lotada, a chefe do executivo municipal destacou a ousadia do projeto e de sua extrema importância para a qualificação e inserção das mulheres nomercado de trabalho da construção civil.
Conforme a prefeita, a meta é qualificar cinco mil mulheres, já visando as obras de mobilidade urbana da Copa do Mundo FIFA de 2014. Em 2012, segundo a gestora, o objetivo é qualificar 2.500 mulheres para a construção civil na capital. A primeira turma contou com 96 mulheres inscritas e uma carga horária de 240 horas/aula. Destas, 50 foram encaminhadas para o mercado de trabalho. Seis delas já tiveram sua carteira assinada. ”Se levarmos em conta que as obras da Copa do Mundo vão empregar entre 15 e 30 mil trabalhadores na construção civil. Este é um gigantesco mercado de trabalho que se abre para a mulher”, ressaltou.
O curso iniciou em 4 de outubro e concluiu em 13 dezembro de 2011, com quatro turmas. Oito professores atenderam às expectativas das mulheres inscritas. Em sua primeira etapa, foi voltado para a qualificação social, abordando os itens segurança do trabalho, meio ambiente, ética e cidadania. A segunda fase ensinou a parte teórica e prática de cada tipologia. Os recursos do projeto são oriundos de convênio do município de Natal com o governo federal, via Secretaria de Políticas para as Mulheres.
“É um grande desafio para mim, porque represento o sexo feminino na condição de mulher e na condução do executivo municipal. Desde o primeiro dia da gestão investi no humano e foquei em gente. Inaugurei Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), três maternidades, sendo duas com centro cirúrgico, reabri o Hospital Sandra Celeste, inaugurei três Ambulatórios de Pronto Atendimento (AMEs) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pajuçara, aqui na zona Norte”, lembrou a prefeita. Ela disse ainda que obteve R$ 338 milhões para obras junto ao governo federal. Parte será destinada para o projeto Nova Zona Norte, com a execução de obras de mobilidade urbana. “Com a construção do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e a as obras de mobilidade urbana a principal entrada de Natal será pela Zona Norte”, afirmou Micarla de Sousa.
A recém-nomeada secretária municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, Josileide Lucas de Pontes, disse que a pasta trabalha com dois eixos: o enfrentamento à violência e a inclusão produtiva na busca pela autonomia da mulher e, por conseguinte, a transformação da cidade. Mirando-se no projeto “Mão na massa”, implantado no Sudeste, a secretária encaminhou quatro projetos para o governo federal, sendo um deles o “Mulheres; mãos que constroem”. “Este projeto é piloto. Natal é referência nas políticas públicas para mulheres. Estamos trabalhando todas as políticas públicas agregadas ao orçamento. Natal conta hoje com dois Centros de Referência da Mulher”, sublinhou a secretária.
Com o discurso afinado com a sua colega gestora, o secretário de Trabalho e Assistência Social, Alcedo Borges, frisou não só a importância social do projeto, mas a independência financeira da mulher. Ele enalteceu a coragem da prefeita Micarla de Sousa de apostar na qualificação profissional e na inclusão da mulher no mercado de trabalho, principalmente na construção civil, um nicho de mercado até bem pouco tempo dominado pelos homens. “A Prefeitura quebra paradigmas quando insere a mulher no mercado da construção civil. É preciso coragem para fazer isso”, assinalou o secretário.
Emocionado, o presidente da OnG AFIM, Franklin Pinto, confirmou que mais quatro turmas serão abertas neste primeiro semestre para a formação de pintoras prediais, pedreiras, gesseiras, eletricistas e encanadoras. A parceria com a Prefeitura também já possibilitou a execução do Plano Nacional de Qualificação, formando 292 pessoas. Os cursos foram de costura, costura em malha, costura plana, alvenaria, pedreiro de alvenaria, pedreiro de revestimento com gesso, pintor de obras, eletricista e mecânico de manutenção de máquina de costura.
Mulheres pioneiras
A pintora Aurineide Gomes já tinha trabalhado no comércio, antes de encarar o desafio de frequentar o curso para o qual só tem elogios: “Foi maravilhoso. Gostei demais. Me enriqueceu e me qualificou para o mercado de trabalho”. Ela conta que faltando três dias para concluir o curso foi chamada pela construtora Master. Casada e mãe de duas filhas, Aurineide Gomes trabalha com massa corrida, texturas, tinta a óleo e lavável. “Tenho recebido muitos elogios dos chefes e dos colegas de trabalho. Na empresa, somos sete mulheres. Do curso, foram aproveitadas três na empresa”, informa a profissional.
O curso foi como uma benção na vida da pedreira Maria da Paz Vasconcelos que estava desempregada. Narra que viu a propaganda do curso em um cartaz e ligou para se inscrever. Antes de concluir o curso, levou o currículo na empresa Verdes Mares e ganhou a vaga. “O curso é maravilhoso. Foi uma ótima oportunidade”, elogia. Antes do desemprego, Maria da Paz havia trabalhado como cozinheira e Auxiliar de Serviços Gerais. Moradora do conjunto Pajuçara, ela afirmou que não veio competir com os homens, mas trabalhar “de igual para igual”. “O curso mudou a minha vida porque estava desempregada e deprimida. Foi como uma luz no fim do túnel. E o trabalho não é tão pesado como parece”, suaviza.
Sensível à presença da mulher na Verdes Mares Construções e Incorporações Ltda, o empresário Roger Bicca Souza atesta que tudo começou com a elaboração de um setor feminino predial na construtora. Quis o destino que o curso chegasse ao conhecimento dele. De imediato, pediu a lista para contratação imediata das mulheres. Ele acha cedo para uma avaliação mais acurada do trabalho das suas funcionárias, mas vê como positiva a força de vontade, a organização e a limpeza.
Nove mulheres já foram absorvidas pela empresa Master, sendo seis pedreiras, uma eletricista, uma encanadora e uma pintora. “Já, já, estamos chamando mais. A tendência da Verdes Mares é contratar mais profissionais mulheres. Estamos abrindo mais dois canteiros de obras”, informou o empreiteiro.
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