
AGÊNCIA CBIC
25/07/2011
Mercado busca driblar entraves à sustentabilidade
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25/07/2011 :: Edição 142 |
O Estado de S. Paulo/BR 24/07/2011
Mercado busca driblar entraves à sustentabilidade
Eventos, cartilha e ferramenta na web tentam popularizar informações entre representantes do setor e consumidores
A despeito da crescente iniciativa em busca de sustentabilidade no setor imobiliário, a escassez de mão de obra qualificada e a falta de informações sobre o tema ainda aparecem como gargalos para o mercado verde, na opinião de especialistas. Diante da perspectiva,atores da cadeia produtiva e de entidades ligadas à questão movimentam-se para superar os obstáculos.
Dois grandes eventos voltados à sustentabilidade serão realizados na capital paulista em agosto. Nos próximos dias 4 e 5, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável(CBCS) – entidade sem fins lucrativos criada em 2007 – promove um simpósio discutindo os impactos destas edificações nas cidades.
No fim do mês, entre os dias29 a 31,a Green Building Council Brasil (GBC Brasil) realizará sua segunda exposição e conferência internacional sobre o tema. Criada em 2007, a ONG também é responsável pela certificação Leed (em inglês,leadership in energyenvironmental design), um dos dois principais selos de sustentabilidade conferidos a edificações no País. "O mercado está evoluindo bem para atender a essas novas exigências", opina Marcos Casado, gerente técnico do braço brasileiro do GBC.
O processo, entretanto, não é uniforme,na avaliação de Hamilton Leite Junior, diretor de sustentabilidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi- SP): "As grandes incorporadoras têm avançado nesta questão e, por isso, estão à frente, mas as pequenas e médias ainda não."A entidade lançou nesta semana, em conjunto com o CBCS, um caderno de orientações a respeito de empreendimentos residenciais (leia abaixo).
Mais clareza. Para Leite Junior, a indisponibilidade de dados é o maior problema:" Por um lado, não existem muitas informações neste sentido no Brasil. Por outro, há pessoas no mercado sem interesse em buscá-las."
Em março, o CBCS lançou uma ferramenta em seu site para auxiliar consumidores na verificação das condutas dos fornecedores de materiais para construção. A "Seleção 6 Passos" reúne links para consultas das práticas empresariais referentes à formalidade organizacional, legalidade das atividades e qualidade dos produtos.
"A ideia por trás da ferramenta é que, como atores da construção, façamos uso de informações públicas e disponíveis", diz Vera Fernandes Hachich, conselheira da entidade. (Saiba mais da ferramenta no texto ao lado).
O coordenador executivo do Processo Aquana Fundação Vanzolini, Manuel Martins, também acredita em escassez de dados: "O conhecimento dos impactos ambientais em todo o ciclo de vida dos materiais não está amplamente difundo".
A instituição lançou em junho o selo RGMat, que faz uma espécie de raioXdas origens dos produtos. Ainda inédita,a conquista da certificação depende da análise do ciclo de vida do material – da extração mineral ao reúso. Martins explica que a função do selo é de esclarecimento: "Se um engenheiro encontrar o RGMat, ele saberá que o produto é bom do ponto de vista ambiental."
A Fundação Vanzolini é também responsável pelo selo Alta Qualidade Ambiental (Aqua), conferido a empreendimentos em quatro fases: programa, concepção, realização e operação.
O True Chácara Klabin, da Incorporadora Even, foi o primeiro residencial a receber o reconhecimento na fase de concepção. O edifício conta com, por exemplo, espaços para a coleta seletiva de lixo dentro das unidades. "Queremos a certificação para aprender práticas e usá-las em outros empreendimentos", conta Silvio Gava, diretor técnico e de Sustentabilidade da companhia. Em janeiro, a Even criou um departamento para a disseminação interna de práticas sustentáveis de operação e, desde 2006, ela emprega ações verdes em seus lançamentos.
"A construção sustentável residencial veio para ficar. O número ainda é pequeno,masem2011 a nossa demanda dobrou.E,para 2012, a estimativa é aumentar em cinco vezes", diz Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inova tech Engenharia, consultoria responsável pelo projeto.
A falta de profissionais como Ferreira ainda é um problema, na opinião de Hamilton Leite Junior, do Secovi-SP, e de Orestes Marraccini Gonçalves, coordenador de um curso de pós-graduação em construção sustentável, recém-lançada pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) e pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/ USP). "Hoje, parece um diferencial, mas, daqui a alguns anos, um projeto bom terá de ser sustentável", afirma Gonçalves.
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