
AGÊNCIA CBIC
20/07/2011
Fortaleza deve ganhar novas áreas verdes
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20/07/2011:: Edição 139 |
Jornal Diário do Nordeste – Online/CE 20/07/2011
Fortaleza deve ganhar novas áreas verdes
Cinco ações compensatórias serão realizadas por empresas da construção civil para revitalizar áreas verdes
A Secretaria Municipal do Meio Ambienta (Semam) e empresas da construção civil lançaram ontem, no Bairro Jangurussu, ações que serão desenvolvidas para compensar as áreas verdes degradadas da cidade. Um fato que contribuiu para avançar o debate foi a derrubada, em março deste ano, de 52 árvores num terreno localizado na Aldeota, na confluência da Av. Santos Dumont com Virgílio Távora.
Entretanto, o titular da Semam, Deodato Ramalho, deixa claro que as cinco ações compensatórias a serem desenvolvidas nos próximos sete meses nada tem a ver com o caso do terreno na Av. Santos Dumont. Elas dizem respeito aos 0,5% que as empresas têm que pagar sobre cada obra realizada, referente a Lei de Licenciamento Ambiental. "Não é punição, se elas quisessem não teriam firmado esse acordo com a Semam".
As empresas ligadas ao Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) estão respaldadas por uma liminar concedida em 2009, pela 1ª Vara da Fazenda Pública, que prevê a isenção dos 0,5% à Prefeitura.
Ações
As ações serão realizadas simultaneamente. A primeira delas no Jangurussu, onde a Prefeitura promete criar um parque com 1.500 árvores frutíferas, ornamentais e arbustos no entorno do aterro do antigo lixão. O Parque Rio Branco, situado na Av. Pontes Vieira, deverá passar por um processo de reurbanização e receber 200 mudas de árvores.
Na Lagoa do Opaia, no bairro Vila União, garante que as obras serão de revitalização e reestruturação, com plantio de 300 mudas e mil arbustos ornamentais. A parceria estabelecida entre Semam e as três empresas promete financiar a elaboração do Plano Diretor de Arborização Urbana de Fortaleza e o Plano de Educação Ambiental da construção civil.
As cinco ações serão executadas pelas empresas: Rossi, Diagonal e BSpar, com investimento na ordem de R$ 840 mil. Pelo acordo, o plano de arborização será executado pelas empresas e a Prefeitura ficará responsável por realizar o Termo de Referência – espécie de guia a ser seguido pelas empresas – fiscalizar e atestar o que de fato foi feito.
Fábio Albuquerque, diretor de incorporações da BSpar, destaca que esse apoio é uma oportunidade ímpar para que a empresa reforce as ações ambientais diante das intervenções no tecido urbano da cidade. Porém, ele ressalta que a articulação com o setor público não é o único caminho que a que a empresa tem adotado para fortalecer a sua responsabilidade social. "Os empreendimentos se caracterizam pela aplicação de técnicas sustentáveis, utilização de materiais ecológicos e na oferta de estruturas que possam contribuir para a preservação do meio ambiente".
Lançamento
Moradores do Jangurussu ficaram divididos com as novidades. Kelcilene da Silva, 36, trabalha na cooperativa do bairro e disse que quando estiver tudo pronto vai ser bom. Mas, se será mantido é o que ela não sabe.
"Falta conscientização da comunidade, que não respeita o meio ambiente". Apesar disso, a moradora afirma que espera que o projeto dê certo para melhoria da comunidade. Obras de infraestrutura, como saneamento básico e asfalto, são outras demandas do bairro, destaca.
DEFASAGEM
Capital possui 3,4m² arborizados/hab conta apenas com 3,4 m² de área verde por habitante, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que sejam 12m². É o que afirma a professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Clélia Lustosa. Na opinião da especialista, o ideal é não devastar o meio ambiente, pois Fortaleza já conta com pouco verde.
No caso das áreas já degradados, ela acredita que as ações compensatórias são uma solução. Mas, questiona: "Será que podem evitar futuras devastações de coberturas verdes?".
Para a professora, a relação entre qualidade de vida e condições ambientais já foi incorporado no discurso de políticos, administradores e professores, e está contribuindo para a mudança de mentalidade da população. O que está faltando, porém, é que os discursos se transformem em prática, impedindo a degradação ambiental.
"A eliminação de áreas verdes, já tão diminutas na Capital, acompanhadas da impermeabilização do solo e subsolo, e o asfalto provocam a formação de ilhas de calor, gerando desconforto térmico", esclarece Clélia.
A especialista defende que a aplicação de medidas compensatórias sejam rigidamente cumpridas e fiscalizadas pela população, visando recuperar a qualidade de vida em outras áreas degradadas de Fortaleza, que foram ocupadas sem vigilância do poder público. Como exemplo ela cita o aterro do Jangurussu e da Lagoa do Opaia, cujos entornos são ocupados por populações vulneráveis. Outro que merece mais investimentos em sua preservação e recuperação é o Parque Rio Branco.
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