Jornal Brasil Econômico/BR – 27/05/2011
custo da construção dispara
Com reajustes salariais, índice de preços do setor salta de 0,75% em
abril para 2,03% em maio. Em Belo Horizonte, o grande vilão foi o valor do
cimento, que teve aumento de 3,98%
Daniel Camargos
O Índice Nacional de Custo da
Construção (INCC-M), que
mede a inflação nas obras, acelerou fortemente neste mês, alcançando variação
de 2,03%, enquanto em abril o índice foi de 0,75%. O principal motivo da alta
foi a data base dos trabalhadores, que ocasionou reajustes salariais em
Salvador, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Belo Horizonte não ocorreu
esse movimento, pois o reajuste dos trabalhadores será decidido em novembro,
mas mesmo assim a capital mineira ficou entre as quatro que tiveram elevação em
maio. O grande vilão foi o preço do cimento, que subiu muito acima do restante
do país, fazendo com que o INCC-M
chegasse a 0,38% ante 0,25% no mês anterior.
Enquanto a média nacional do aumento do preço do cimento foi de 0,54%, em
Belo Horizonte a elevação foi de 3,98%. Para o consumidor, a elevação foi maior.
No Depósito de Material de Construção
Santa Efigênia o saco do cimento tipo CP3 subiu de R$ 17,90 para R$ 18,90, um
aumento de 5,6%. Segundo o vice-presidente da área de materiais, tecnologia e meio ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil
de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Geraldo Jardim Linhares Júnior, o aumento para
as grandes empresas foi de R$ 2, com o saco subindo de R$ 15 para R$ 17, em
negociações realizadas diretamente com as fábricas de cimento.
A coordenadora de estudos da Construção Civil da Fundação Getulio Vargas,
Ana Maria Castelo, explica que a cesta de materiais tem um aumento acima da
média nacional em Belo Horizonte. A tendência ocorre em todos os meses do ano e
no acumulado Belo Horizonte tem elevação de 3,05% ante 2,01% do Brasil. Já a
mão de obra subiu 5,64% no país, enquanto em BH a elevação é de 3,54%. Em
outros estados esse índice é bem superior, como Bahia (10,09%) e Rio de Janeiro
(9,55%), considerando os cinco primeiros meses do ano.
Porém, os trabalhadores mineiros esperam ganhar mais na próxima data base, o
que inflacionará ainda mais os custos da construção no estado. De acordo com o
presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH e
Região (Marreta), Osmir Venuto da Silva, há um déficit de 20 mil trabalhadores
nas obras da Grande BH. "É o grande momento do operário da construção no
Brasil", afirma Venuto. O sindicalista explica que em momentos de
desaquecimento os patrões tem mais força nas negociações e que, na conjuntura
atual, os operários podem conseguir reajustes maiores.
CUSTO BÁSICO
O Custo Unitário Básico de
Construção (CUB), medido pelo
Siduscon-MG, cresceu 0,71% de janeiro a abril, enquanto o custo com material
cresceu 0,92% e o custo com mão de obra permaneceu estável. Os materiais que se
destacam e pressionaram o índice foram brita ( 13,02%), bacia sanitária branca
( 10,35%), fio de cobre antichama ( 7,02%), placa de gesso ( 6,33%), disjuntor
tripolar ( 5,46%) e cimento CP 32 II ( 5,46%).
Para o coordenado sindical do Sinduscon-MG, economista Daniel Furletti, além
da brita e do cimento, também chama a atenção os aumentos de preços dos
seguintes materiais: janela de correr em perfil de chapa de ferro dobrada (
3,98%), disjuntor tripolar ( 2,77%), porta interna semi-oca para pintura (
2,03%), esquadria de correr ( 1,55%) e vidro liso transparente 4mm ( 1,50%).
"Em abril, cerca de 46% dos itens pesquisados demonstraram aumentos em
seus preços, mas outros 30,77% registraram estabilidade e 23,08% apresentaram
queda", acrescenta.
Dos quatro grupos que formam o CUB, o de materiais registrou a maior alta no
último levantamento (de abril em relação a março), de 0,48%. Com isso, o custo
do metro quadrado de construção em Belo Horizonte, para o projeto-padrão
(residência multifamiliar, padrão normal, com garagem, pilotis, oito pavimentos
e tr quartos), que em março era R$908,41 passou para R$910,46 em abril.
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