CBIC destaca dados inéditos sobre a construção civil no Centro-Oeste em evento realizado em Campo Grande

Evento reuniu lideranças do setor e revelou projeções otimistas para 2025, com destaque para o crescimento sustentável de Mato Grosso do Sul

Campo Grande (MS) foi palco, na última segunda-feira (28/04), do evento CBIC Indicadores Regionais – Rodada Centro-Oeste, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em parceria com o Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS), patrocínio do BRB e apoio da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS). O evento apresentou dados inéditos sobre o desempenho do setor na região e reforçou o protagonismo de Mato Grosso do Sul e de sua capital no cenário nacional, com destaque para a geração de empregos, redução do déficit habitacional e investimentos em infraestrutura.

Durante coletiva de imprensa realizada, especialistas destacaram os avanços do estado no primeiro bimestre de 2025: 1.641 novas vagas formais foram criadas na construção civil, com Campo Grande ocupando a 18ª posição no ranking nacional de geração de empregos, com 738 postos de trabalho. “Os números confirmam a resiliência de um planejamento que integra políticas públicas, diversificação econômica e inovação”, afirmou Kleber Recalde, presidente do Sinduscon-MS.

Em seguida, o evento, que reuniu empresários, dirigentes e profissionais do setor, contou com três painéis estratégicos. Durante a abertura, também estavam presentes Paulo Muniz, vice-presidente da CBIC para o Centro-Oeste e Alonso Resende do Nascimento, 3º Vice-Presidente da FIEMS.

“Os dados apresentados promovem um debate importante para o setor, demonstrando como a construção impacta positivamente na sociedade. Temos um grande potencial, que ainda não é do conhecimento de todos e por isso esses momentos são necessários para o desenvolvimento dos setores”, enaltecer Kleber.

Segundo Paulo Muniz, o encontro traz números muito ricos, informações importantes para os empresários da construção poderem gerenciar seus investimentos. “Hoje, a CBIC representa mais de 200 mil empresas, quase 3 milhões de empregos diretos e 98 sindicatos e associações. Nossa missão é melhorar o ambiente de trabalho na construção civil e enfrentar desafios históricos, como o déficit habitacional de mais de 100 mil unidades no país e a infraestrutura deficitária”, destacou.

Ele citou ainda que, desde programas como o Minha Casa, Minha Vida, em 2009, até a recente Faixa 4, que atende uma parcela essencial do mercado, a agenda do setor é ampliar acesso e oportunidades. “Além disso, avançamos em projetos críticos, como a reforma tributária, que exigiu anos de negociação para garantir neutralidade e equilíbrio. Agora, focamos na regulamentação e em temas urgentes, como a revisão da lei de licitações e outros entraves, que impactam todo o setor. Estamos no caminho certo, mas ainda há muito a construir”, pontuou Muniz.

Panorama das discussões

O primeiro painel do evento foi “Panorama Econômico da Construção Civil em 2025” com Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC, que apresentou projeções robustas para o Centro-Oeste, com ênfase no crescimento sustentado do estado. Durante sua fala, a economista destacou o cenário otimista que o setor passa neste momento, com uma expectativa de crescimento acima da economia em 2025.

“Sempre que o PIB do Brasil cresce, a construção civil cresce mais, ela impulsiona ainda mais a economia, e quando a economia nacional cai, a construção civil também sente de uma forma mais intensa, de modo que, no ano passado, o país registrou um crescimento de 3,4%, e a construção civil cresceu 4,3%”, comentou. Na visão da economista, o setor cresceu mais do que a economia nacional em 2024, e essa também é a expectativa para 2025, do setor voltar a crescer um pouco acima da economia nacional.

Ela também destacou o crescimento do setor e os efeitos na geração de emprego em todo o Brasil. “A construção no Brasil, em fevereiro desse ano, em relação ao fevereiro do ano passado, aumentou em quase 4% o seu número de trabalhadores, nós estamos voltando, a construção que hoje possui 2,937 milhões de trabalhadores, estamos retornando ao patamar de lá de 2014, quando nós chegamos aí nessa faixa de três milhões de trabalhadores, então mostra todo esse crescimento que nós tivemos no período pós-pandemia”, demonstrou.

Em relação ao número de vagas de janeiro a fevereiro, primeiro bimestre desse ano, foram quase 80 mil vagas, um número que, segundo Ieda Vasconcelos, é um pouco menor do que registrado igual ao período do ano passado. “Mas os números obtidos em fevereiro, em particular, os números de vagas geradas em fevereiro, eles já demonstram que nós estamos voltando com um impulso de mão de obra”, completou.

Logo após, o tema foi “Mercado Imobiliário Regional” com Lucas Finotti, da Brain Inteligência Estratégica, que analisou o aumento da demanda por imóveis residenciais e comerciais, impulsionado pela diversificação econômica e fluxo migratório para a região. “Campo Grande consolidou-se como um dos polos de expansão imobiliária do Centro-Oeste no primeiro trimestre de 2025, com um salto de 60% nos lançamentos de unidades residenciais verticais em comparação ao mesmo período de 2024”, disse. Os dados apontam para uma retomada robusta de investimentos no segmento de médio padrão, que registrou aumento de 94,5% na região. Entretanto, as vendas caíram 14% na capital, sinalizando desafios na absorção da nova oferta.

De janeiro a março de 2025, foram lançadas 2.807 unidades residenciais verticais em Campo Grande, ante 1.755 no primeiro trimestre de 2024. O avanço reflete a confiança de incorporadoras em projetos de médio padrão, que dominaram 76% dos lançamentos. No entanto, as vendas recuaram para 3.590 unidades no período, queda de 14% frente a 2024. Especialistas atribuem o movimento a uma combinação de saturação temporária, aumento dos juros e ajustes nos preços médios do m², que caíram 4,5% no residencial horizontal.

Lucas finaliza dizendo que os dados indicam oportunidades e ajustes necessários. “O crescimento em lançamentos mostra vitalidade, mas precisamos de políticas para estimular a demanda, como linhas de crédito acessíveis e desburocratização. Projetamos que o segundo semestre trará maior equilíbrio, com lançamentos comerciais verticais em alta e preços residenciais estabilizados.

Encerrando a programação, o painel “Crédito Imobiliário e Financiamento” com o representante do BRB, Rômulo Aires, detalhou linhas de crédito e programas de financiamento para 2025. “O banco está comprometido em ampliar o acesso a recursos, garantindo segurança jurídica e agilidade”, afirmou Rômulo.

O Banco de Brasília (BRB), que em 2018 operava majoritariamente no Distrito Federal com foco em servidores públicos e crédito consignado, transformou-se em uma das instituições financeiras mais dinâmicas do país, se consolidando como líder em crédito imobiliário e ampliando a atuação nacional após transformação digital.

O BRB anunciou condições competitivas para 2025, como taxas de financiamento imobiliário a partir de 5,59% ao ano + poupança e carência de até 180 dias. “Não somos mais um banco regional. Hoje, somos referência em crédito imobiliário e em soluções digitais que democratizam o acesso ao sistema financeiro”, afirmou Rômulo Aires.

Após a apresentação dos painéis com dados setoriais e estratégicos, o evento abriu espaço para debates entre líderes do setor, autoridades e especialistas, que discutiram os desafios e oportunidades da indústria da construção no Centro-Oeste.