No ENIC, executiva promete construir cinco mil moradias dignas no Brasil até 2028

“Vou construir 5 mil moradias de interesse social dignas em três anos no Brasil.” Essa foi a promessa de Helen Moraes, CEO da HB Reurb, construtora e incorporadora de São Paulo, durante o painel Mulheres que Transformam, na tarde da terça-feira (08/04), durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), que está sendo realizado no pavilhão 8 do São Paulo Expo. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, na cidade de São Paulo, ate 11 de abril. Segundo ela, já em 2025 serão lançadas entre 700 e 1.000 unidades.

Filha de uma cozinheira e de um motorista, a executiva conta que seu objetivo é ajudar a reurbanizar áreas periféricas do Brasil, entregando não apenas construções, mas moradias dignas com o básico — imóveis mobiliados e com eletrodomésticos. “Meu compromisso de vida é oportunizar moradias, não vendê-las. Não faço construção, eu faço lares”, enfatiza. Para Helen, que também é advogada e especialista em regularização fundiária, o olhar feminino — que ela define como uma visão de cuidado — é fundamental nesse processo. Em sua opinião, esse olhar é intrínseco às mulheres, que naturalmente zelam por suas famílias.

Na prática, a executiva explica que na Reurb um dos pilares do negócio é a escuta ativa, para entender os desejos e sonhos das pessoas. Ela ilustra o conceito ao contar sobre um residencial que está desenvolvendo em Salvador. Após uma audiência pública com a comunidade beneficiada, descobriu que, para sua surpresa, apesar de ser uma cidade praiana, os futuros moradores desejavam ter uma piscina.

O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.

Mulher protagonista – Determinada a combater o preconceito e furar a bolha do machismo no setor da construção, Helen relata que, apesar de ocupar uma posição de prestígio como CEO, já enfrentou situações desafiadoras por ser mulher e negra — como ser completamente ignorada em uma visita a um terreno, enquanto um diretor que a acompanhava era tratado como responsável. Mas ela afirma não se abalar. “Só cheguei aonde cheguei porque não me vitimizei. Eu me protagonizo.”

A empreendedora explicou que sua construtora nasceu inspirada por sua própria história de dificuldades. Ter que morar de favor na casa dos avós após um despejo despertou nela o desejo de proporcionar moradia digna às pessoas. “Entendi que no problema habitacional, na realidade, é que a visão predominante está em quantas unidades construtivas serão entregues, e não em quantas moradias de qualidade de fato serão disponibilizadas.”

Forte defensora da presença feminina nos conselhos consultivos das incorporadoras brasileiras, Helen acredita que “só assim teremos força para criar políticas públicas de diversidade e, assim, moradias sociais de verdade. Sabemos que muito se fala nisso, mas, na prática, não temos mulheres nessas posições.”

Projetos de letramento – Durante sua participação no painel, Ana Cláudia Gomes, vice-presidente de Responsabilidade Social e presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da CBIC, destacou a atuação da entidade no tema e mencionou a realização de vários projetos voltados à inclusão de mulheres e pessoas com deficiência na indústria da construção. Ela também fez uma provocação: “Convido os líderes das empresas a fazerem um diagnóstico para entender quanto da força de trabalho é composta por mulheres e quantas delas ocupam cargos de liderança, incluindo também um recorte racial. A CBIC entendeu que isso é um problema, e estamos atuando para mudar essa situação.”

Como exemplo, Ana Cláudia citou um projeto de letramento iniciado há dois anos, que contou com a participação de mulheres de todo o país. Elas foram formadas para atuar na transformação do setor. Atualmente, 30 delas lideram programas de qualificação para mulheres nos níveis operacionais da construção civil, em diferentes regiões do Brasil.

Por outro lado, além de desenvolver essas profissionais, a CBIC também chama as empresas a se prepararem para recebê-las. “E isso vai além de oferecer um ambiente de trabalho adequado — com, por exemplo, banheiros femininos —, mas também criar um espaço de convivência no dia a dia em que essas mulheres queiram permanecer”, disse Ana Cláudia.

Construir com respeito é construir para todos! No ENIC, reforçamos o compromisso com a diversidade, inclusão e um setor mais justo. Racismo não tem vez! Vamos juntos construir um futuro mais igualitário e respeitoso para todos.