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AGÊNCIA CBIC

19/09/2022

Para CBIC, governo deveria ter articulador da construção na Casa Civil

Confira, a seguir, íntegra da segunda parte da entrevista do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, divulgada na Broadcast

 

ELEIÇÕES 2022: PARA CBIC, GOVERNO DEVERIA TER ARTICULADOR DO SETOR DA CONSTRUÇÃO NA CASA CIVIL

Na segunda parte da entrevista ao Broadcast Político, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Rodrigues Martins, defende o fortalecimento do setor da indústria da construção no futuro governo com um representante articulado à Casa Civil. O objetivo seria cuidar de uma política estratégica para o setor voltada à sustentabilidade e de fomentar a inovação tecnológica por meio de um fundo a ser criado. Lei a seguir a segunda parte da entrevista:

Broadcast Político – Qual a proposta da CBIC mais específica para o setor ao próximo governo?

José Carlos Rodrigues Martins – A construção pode ser o grande veículo da revolução da sustentabilidade no Brasil. Tudo o que tem a ver com sustentabilidade tem diretamente a ver com construção. Somos um dos grandes consumidores de recursos naturais, no nosso ciclo tem bastante emissão de carbono. Quando se constrói uma estrada ou se planeja uma cidade melhor, vai gerar mais ou menos emissão no futuro. Tinha que ter uma área para a construção no governo, temos essa proposta. Não é um ministério, é alguém que tenha a caneta para criar uma estratégia de governo.

Broadcast Político: Uma secretaria?

Martins – É mais alguém articulando em um conselho com ministros ligados à Casa Civil. E um dos pontos é o investimento em inovação. Agricultura, com a Embrapa, Embraer e Petrobras têm um belo incentivo com um órgão que faz pesquisa de inovação muito forte. Nós, não. Deveria ter um centro que pudesse democratizar o acesso à inovação a todo o setor da construção.

Broadcast Político – Para os pequenos e médios que não têm como investir?

Martins – Sim. É muito bom a MRV, que fatura bilhões por ano, investir R$ 100 milhões, R$ 200 milhões por ano de inovação. Mas quanto uma empresa que fatura R$ 5 milhões, R$ 10 milhões por ano pode investir, que é a maior parte do mercado? Outro ponto é capacitação de mão de obra. Sempre foi assim, na construção vai trabalhar o mais desqualificado da cadeia. É um problema estrutural da economia brasileira. Sempre que a gente absorve esse tipo de obra, que é uma política do governo, o setor é menos produtivo, a eficiência cai. E, ao cair, a competitividade do País na infraestrutura, do investimento na produção, acaba caindo, e isso impacta na economia. E junto com a qualificação dessa mão de obra, vem um processo de industrialização na construção, onde a construtora se torna uma montadora e não um trabalho artesanal.

Broadcast Político – A inovação teria que ter um incentivo governamental ou é uma política que o setor privado montaria?

Martins – Para democratizar a inovação, tem que ter alguma coisa, como a Embraer, que a cada voo, recolhe uma parte. Na Petrobras, a cada litro de gasolina comprado, tem um porcentual que vai para um fundo, assim com tem em telecomunicações, em energia elétrica. Tinha que ter alguma coisa desse tipo para incentivar a pesquisa na construção. Isso vai retornar em muito maior escala para a sociedade com a melhoria da competitividade.

Broadcast Político – Como o setor pode ser mais sustentável? Com os materiais? O cimento é um grande emissor de carbono.

Martins – O cimento é um exemplo. Por que não começa a trabalhar com casas de madeira, que não emite carbono? Pode diversificar. O cimento branco vem de Brasília. Imagine o que gasta de combustível levar até Rio Branco. Por que não diversificar a especificação das construções, principalmente as públicas. Pode fazer com materiais característicos da região. Desenvolve a indústria local, gera emprego em Rio Branco e não em Brasília ou São Paulo, é o aspecto social. E não impacta tanto o meio ambiente, reduz custos e dá acesso às famílias a ter condição de comprar uma casa. Podemos ver o saneamento como um componente ambiental. Em planejamento de cidades, podemos investir em, ao invés de fazer um conjunto na periferia, revitalizar o centro. O centro de São Paulo, onde tem toda a infraestrutura disponível, está abandonado porque meia dúzia de coisas não foi feita.

Broadcast Político – Mudar a dinâmica de localização dos conjuntos habitacionais, que ficam longe dos locais de trabalho das famílias?

Martins – Sim, mas os conjuntos reduziram o crescimento das favelas. Somos críticos a grandes conjuntos, conjuntos que não estejam encostados na malha urbana, só que a viabilidade econômica levou para longe. É uma burrice porque quando se faz a conta, custa mais caro. O setor público acaba tendo que levar infraestrutura para lá. Imagina uma família que tem duas pessoas que trabalham tendo que sair da periferia de São Paulo para trabalhar todo dia no centro. O quanto que emite de carbono e o quanto que eles gastam de tempo no transporte quando podiam estar no centro.

Broadcast Político – E como demanda o sistema de transporte.

Martins – Claro. E é subsidiado. É melhor fazer investimento no centro da cidade, viabilizar de forma correta. A revitalização de centros urbanos é um ponto fundamental.

Broadcast Político – Qual o problema da viabilidade econômica?

Martins – O valor do terreno.

Broadcast Político – Qual a solução? O governo subsidiar?

Martins – Não. Tem várias ideias criativas. O urbanista é contra verticalizar, quem fala isso não tem noção que sustentabilidade é verticalizar, mas com infraestrutura. Tem que morar perto do emprego, da área de lazer, da escola dos filhos. Quanto mais próximo for, menor será o trânsito, menor a necessidade de infraestrutura, de transporte coletivo. Isso começa no planejamento urbano. Tem que pegar o centro de São Paulo e fazer uma intervenção conjunta de setor público e setor privado, mudando a legislação. O grande inconveniente do centro de todas as cidades é a legislação, principalmente a de bombeiro e de acessibilidade, que aqueles prédios não comportam. Tem que criar uma legislação que flexibilize, como no mundo inteiro.

Broadcast Político – Quando o senhor fala em ocupar os centros urbanos, há muitos prédios abandonados pelo País que ficam sem solução por conta de dívidas com União, município ou Estado. Já se falou em trocar a dívida pelo patrimônio do prédio para fins habitacionais, mas isso não vai para frente.

Martins – É uma dívida que ninguém vai pagar. Em Manaus, onde foi criado um polo de inovação em um prédio antigo, perdoaram aquilo que não tinha como receber. E quem estiver em uma determinada região da cidade, tem redução na tributação. Ou seja, não cobra e ainda incentiva que as pessoas se fixem nesses locais. Com isso, põe vida em uma região da cidade que está morta e economiza a necessidade de investimento em transporte.

(Com informações da Broadcast)

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