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AGÊNCIA CBIC

24/08/2011

Em Obras – 5ª Reportagem da série – Problemas para conseguir profissionais qualificados

A seguir, a quinta reportagem da série "Em Obras", veiculada no dia 19 de agosto, no Jornal da Globo.

 

Construtoras têm problemas para conseguir profissionais qualificados
Especialistas dizem que é preciso convencer os jovens a trabalhar em obras. Pesquisa feita com 385 empresas, no país, mostrou que quase 90% delas têm problemas com falta de trabalhador.

“A minha casa, meu carro que eu conquistei há pouco tempo, tudo foi devido ao meu trabalho de obra”, diz o encarregado da obra Adelson Maciel.

“Meu salário era em torno de R$ 1.500 mil e hoje eu cheguei a três vezes esse valor”, fala o engenheiro Oziel de Jesus.

“Antes era uns R$ 900 e agora é uns R$ 3 mil por mês”, conta o carpinteiro Francisco Carlos Ribeiro.

Os trabalhadores da construção civil não têm do que reclamar. Nos últimos dois anos, a média salarial no setor aumentou 25%, para mais de R$ 4 mil. A renda do servente de obras cresceu 19%. A do pedreiro, 13% e o engenheiro civil júnior iniciante teve o maior aumento: 56% o salário chega a quase R$ 4,6 mil.

Para conseguir colocar tanto prédio de pé ao mesmo tempo, algumas construtoras até tentam pegar os funcionários das concorrentes.

“Já teve até um caso que o mestre ligou pra mim e disse: ‘tem um cara aqui na obra querendo roubar a obra inteira, doutor, o que eu faço com ele?’ Eu disse espera que eu estou chegando aí”, fala diretor executivo de construtora,Roberto Gerab.

Dessa vez, Roberto conseguiu segurar o pessoal. A obra vai ser entregue até antes do prazo. O apartamento fica num prédio, na periferia de São Paulo, e começou a ser construído em agosto do ano passado. A velocidade da obra é impressionante.

Exatamente um ano depois, o prédio está quase pronto. São 70 apartamentos em nove andares. Quando for entregue, em dezembro desse ano, ou seja, com um ano e meio de obra, ele vai ser igualzinho ao que foi entregue em 2005 e demorou quase quatro anos para ser construído.

Mas não é toda construtora que consegue entregar no prazo, não. O bancário Sidnei Herrero e Stella estão loucos para morar num apartamento maior. Compraram o imóvel na planta e deveriam ter se mudado em novembro do ano passado.

“Chegando próximo a novembro, eles mandaram uma carta avisando que eles iam adiar a data pra maio”, conta Sidnei Herrero.

Só que maio chegou e nada. Mas o casal já tinha vendido o apartamento onde mora. Tiveram que negociar um aluguel com a nova proprietária, ou seja: eles pagam para morar no imóvel que era deles.

“Eles batem muito na tecla a realização de um sonho e a gente parou de sonhar porque não consegue dormir, se dorme, virou pesadelo”, fala o bancário.

Especialistas dizem que a principal causa desse pesadelo é a falta de mão de obra na construção civil.

Uma pesquisa com 385 empresas, no país, mostrou que quase 90% delas têm problemas com falta de trabalhador qualificado e a grande maioria encontra dificuldade para contratar pedreiro e servente.

Por isso, muitas construtoras "importam" gente de outras áreas. Principalmente para as grandes obras.

“Como a obra tem um porte muito grande, a cidade não conseguiu suprir a nossa necessidade de mão de obra. Então nós acabamos contratando muita gente das cidades vizinhas”, conta o engenheiro civil Edvaner Consalter.

Uma cidade dentro da outra. Em Londrina, no norte do Paraná, fica um dos maiores canteiros de obra do programa Minha Casa, Minha Vida. Até o início das obras, no final de 2009, todo o terreno era uma enorme plantação de trigo.

Tetsuo Kumizaki trabalha na obra há quase dois anos. Antes colhia uvas no campo. “A gente tirava em torno de R$ 5 mil, R$ 6 mil, mas dividido por ano e no local todo mês você tem o seu salário. Dá para tirar R$ 900 por mês”.

Tetsuo e seus colegas estão construindo 1.440 mil apartamentos e 1.272 mil casas. “Isso é maior do que muita cidade no Paraná”, conta Edvaner.

Mais de dez mil pessoas vão morar no local. O empreendimento, do Minha Casa, Minha Vida, é para brasileiros que ganham até três salários mínimos. Eles vão pagar uma prestação entre R$ 54 e R$ 144 por mês.

“Era tudo que eu queria, sair do aluguel e pagar o que é meu, aí a gente paga com vontade”, afirma a desempregada Andréia Ferreira.
Em Londrina, o Minha Casa, Minha Vida para a renda mais baixa está avançando. O mesmo não acontece em cidades maiores como Belo Horizonte, Brasília e São Paulo.

“Os terrenos que estão disponíveis hoje são tão caros que inviabilizam a construção de unidades para a baixa renda”, fala o presidente do Sinduscon-SP, Sérgio Watanabe.

“Nas grandes metrópoles hoje em dia, você conseguir terreno é uma das coisas mais fantásticas. Quando nós compramos um terreno, nós vamos à igreja agradecer”, contao dono de construtora, Milton Bigucci.

Das 35 mil unidades, que deveriam estar sendo construídas em São Paulo no programa Minha Casa Minha Vida 1, para famílias com renda até três salários mínimos, apenas três mil estão sendo erguidas. Quase todas com terrenos doados.

“Tudo em São Paulo é muito caro, a viabilidade do Minha Casa Minha Vida – para renda menor – depende de parcerias com o poder público estadual, municipal”, diz a diretora do departamento de produção habitacional do Ministério das Cidades, Maria do Carmo Avesani.

Dificuldade em conseguir terrenos, pagar muito caro por eles e falta de mão de obra, na construção civil, são as principais consequências da super valorização dos imóveis.

Para resolver, pelo menos, este último problema especialistas dizem que é preciso convencer os jovens a trabalhar em obras, mas isso anda difícil.

“Nos últimos 30 anos, eu diria que a media de idade do profissional da construção civil subiu mais do que cinco anos, Você vai ver muita gente trabalhando em obra de cabelo branco”, diz Kallas.

“Acho que os jovens devem mudar um pouco a sua cabeça porque acho que a construção civil hoje é o patinho dourado”, afirma Milton Bigucci.
 

Clique aqui para acessar a quinta reportagem da Série Em Obras.

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