
AGÊNCIA CBIC
Em debate no ENIC, segurança bate produtividade como incentivo a inovações

A indústria da construção tem ao dispor programas e ferramentas digitais em quantidade e qualidade suficiente para atender as necessidades mais imediatas, mas é a segurança o apelo que tem determinado a escolha por inovações. Esse cenário foi discutido em painel do Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da sexta-feira (11/04). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo.
Equipamentos não-tripulados e inteligência artificial estão consolidados no setor da mineração, em que há mais riscos a operários. A necessidade exploração de minério levou a Construtora Barbosa Melo (CBM) ao posto de uma das mais inovadoras do país, com operação de caminhões e equipamentos à distância e uso da IA em praticamente todas as etapas de construções. O trabalho desenvolvido pela CBM subsidiou a troca de experiências e o debate.
A operação de equipamentos sem a presença humana na mineração e em obras de infraestrutura começou em 2019 na CBM. De acordo com o gerente de desenvolvimento da empresa, Guilherme Bechara, a tecnologia foi se desenvolvendo para evitar a morte de operários. A demanda exigiu novos conhecimentos a ponto da empresa se envolver diretamente em todo o arcabouço necessário para a criação adequada.
“Foi uma coisa natural com o desenvolvimento da tecnologia. Então, para dar continuidade a tudo que a gente estava investindo, procurando a performance dos equipamentos, naturalmente todas essas ferramentas, essas inovações que foram surgindo ao longo do tempo, a gente foi incorporando”, disse Bechara.
O ENIC é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
Alinhado ao cliente – Da aplicação da tecnologia à compilação e análise de dados, a empresa avançou a ponto de vislumbrar em futuro próximo a aplicação a construção civil. O vice-presidente do Sinduscon de Goiás, Cezar Mortari, no entanto, crê em maior resistência na incorporação de inovações por atendimento ao consumidor. “O que aconteceu com o passar do tempo é que se criaram tabus. Eu acho que, por exemplo, tabu de que o morador brasileiro ele não aceita toque-toque na parede, por exemplo. Ele não aceita ver estrutura metálica que associa isso a uma fragilidade da casa dele, já que as pessoas são mais patrimonialistas, gostam daquilo bem organizado.”
O vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC, Ilso de Oliveira, considera superada a preocupação com a perda de empregos. Segundo ele, a tecnologia, desde que seja bem ajustada às necessidades e justifiquem os custos, avança.
“Um dos maiores esforços que a gente tem hoje é ter um núcleo, a nossa empresa hoje, ter um núcleo de BIM, um núcleo de excelência profissional, onde que durante a formação profissional dos nossos estagiários, dos nossos engenheiros que vão para o campo, todos fazem esse job shadowing, eles circulam pela empresa para todos estarem, vamos dizer assim, familiarizados com essas disciplinas. Então é assim que a gente tenta fazer essa distribuição e fazer eles entenderem a cultura que a empresa quer dele”, explicou Bechara.
“Nós estamos numa encruzilhada tecnológica. A Construção 4.0 é um ponto de inflexão na questão tecnológica. Então, vai exigir das empresas um empenho muito maior do que aprender as técnicas convencionais mais antigas. Sim, (isso) é viável porque a tecnologia está cada vez mais barata, cada vez mais acessível. O mundo mudou, o mundo é diferente, o mundo é mais rápido e isso vai mudar a cabeça das pessoas também”, afirmou Mortari.
O tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas de Obras Industriais e Corporativas”, da COIC/CBIC, com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).