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AGÊNCIA CBIC

27/09/2011

Cresce o mix de novidades no varejo

"Cbic"
27/09/2011 :: Edição 185

 

Jornal Valor Econômico/BR 26/09/2011
 

Cresce o mix de novidades no varejo

Fabricantes e lojistas oferecem produtos e soluções para todas as demandas do setor, a preços que já começam a baixar

 Sustentabilidade está deixando de ser coisa de butique quando se fala em materiais de construção. Não há dados consolidados sobre vendas, pois é um mercado recente, mas nas lojas do ramo já há todo tipo de produto: para teto, piso, paredes, portas e janelas, além de revestimento e pintura. Sem falar em sistemas de aquecimento solar, de iluminação econômica e de redução de uso da água. Os preços ainda são mais altos, mas já começam abaixar,pelo aumento de escala e também, em alguns casos, pela redução de margens como estratégia para estimular o consumo. Nesse segmento promissor competem tanto companhias tradicionais, que mudam processos de fabricação e lançam novos produtos, quanto empresas que já nascem verdes. Gigantes globais também se sentem estimuladas a trazer para o país tecnologias verdes que aplicam há anos em outros países.
 Os materiais de construção tradicionais estão na mira de campanhas ambientais pelos impactos de seu processo de produção e do ciclo de vida de toda a cadeia. Além das emissões de gases de efeito estufa associadas à fabricação e ao transporte dos materiais, alguns deles emitem compostos orgânicos voláteis (COV) durante sua utilização na obra e até depois que ela fica pronta, o que prejudica a saúde dos trabalhadores, compromete a qualidade do ar interno das edificações e contribui para as mudanças climáticas.
 A geração de resíduos é outro problema e, por isso, além de reciclados, o ideal é que muitos produtos sejam também recicláveis. A construção civil é responsável por gerar de 60% a 70% do lixo no Brasil e os desperdícios representam entre 11% e 15% do custo total da obra, segundo pesquisas do Green Building Council (GBC), organização internacional criada para desenvolver a indústria de construção sustentável.
 A maior demanda por materiais sustentáveis no país é para edifícios corporativos e de escritórios, mas o consumidor final também tem vez, principalmente para obras de reparo e ampliação de residências. No mercado corporativo,o Brasil é o sexto país em número de obras em processo de certificação sustentável (edifícios verdes), à frente da Alemanha, Coreia do Sul e México, de acordo com o US GBC (Green Building Council dos Estados Unidos). "O Brasil é o principal mercado de construções sustentáveis na América Latina, impulsionado pelas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos", diz Daniel Arruda, gerente de marketing da Dow, uma das empresas-membro do GBC. As grandes companhias, quando decidem construir fábricas, sedes administrativas ou escritórios no país, já demandam esse tipo de tecnologia. "As tecnologias sustentáveis andam juntas com produtividade", diz Arruda.
 A Dow acaba de lançar no país uma tecnologia em uso há 25 anos em outros países, para os chamados telhados brancos, ou frios, que ajudam a diminuir os impactos causados pelas "ilhas de calor", comuns nos grandes centros urbanos, onde a densidade de construções e a falta de espaço para árvores resulta em aumento da temperatura em 1°C a 6°C. São revestimentos elastoméricos (com características elásticas) para telhados e coberturas em geral, destinados a indústrias de tintas, empresas de impermeabilização, de coberturas e telhados em geral. Eles são a base para a fabricação de uma tinta branca espessa, que forma uma membrana protetora elástica, capaz de se contrair e expandir com as mudanças de temperatura, de refletir a luz do sol e de reter um mínimo de calor.
 O resultado é a diminuição do uso de ar condicionado, o que aumenta a eficiência energética da construção e amplia o conforto para quem vai ocupar o ambiente. O telhado branco é uma das iniciativas da campanha "One degree less" (um grau a menos), do GBC, para a redução da temperatura global. A meta da Dow é que essa linha de produtos alcance participação de 30% nas vendas de sua unidade de negócios de construção. A empresa também trabalha com um portfólio de aditivos, como biopolímeros em pó para várias aplicações, como na indústria de cimento e argamassa, que otimizam o consumo desses materiais e reduzem o desperdício.
 A tecnologia do telhado branco da empresa começa a chegar ao mercado com a linha Ecopintura, da fabricante de tintas paranaense Hydronorth. Destinada a construtoras, é composta de seis produtos, incluindo três versões de tintas para telhado, paredes e portas, que utilizam matérias-primas de fontes renováveis, emitem menos compostos orgânicos voláteis, porque são à base de água, e promovem alta luminosidade. Segundo Matheus Góis, diretor-executivo da
 empresa, a margem de lucro foi reduzida para que os preços se aproximassem dos de produtos convencionais. "Um material sustentável tem que ter também uma veia econômica. Se faço um produto que ninguém compra, do que adianta?", justifica. "É um desafio para toda a cadeia, que tem de enxugar um pouco as margens." A expectativa é de que as vendas alcancem de 700 mil a 1 milhão de litros no primeiro ano após o lançamento, que ocorreu no final de agosto.
 O consumo de materiais ecológicos poderia ser maior se houvesse mais informação, avalia Viviane Cunha, diretora da Greenvana, companhia que atua com produtos de consumo sustentáveis, criada em novembro do ano passado pelo empresário Marcos Wettreich, conhecido por projetos bem-sucedidos na internet. Neste mês, a empresa está lançando o site Greenforma para vender material de construção verde pela web. Segundo Viviane, os produtos de construção sustentáveis aumentam de 7% a 10% o custo da obra, mas a longo prazo resultam em economia, como acontece com sistemas para redução do uso de água.
 A ideia do site é reunir em um só lugar produtos em todas as áreas, com atendimento em todo o país e conexão com uma rede de profissionais de engenharia, arquitetura e design de interior sustentáveis. "Queremos difundir um setor que tem um potencial enorme de maneira clara e organizada", diz Viviane, para quem o consumidor às vezes não compra porque não distingue um produto sustentável de outro convencional e não sabe de suas vantagens. No lançamento, o site verde deverá contar com cerca de cem fornecedores. Até o final do ano, o objetivo é dobrar esse número. A empresa relacionou 17 critérios para selecionar os produtos,entre os quais ser atóxico, biodegradável e não poluente, ser originário de fonte responsável e de matéria-prima renovável, com comércio justo e responsabilidade social. Cada produto deve atender a pelo menos dois desses critérios.
 Em grandes redes de lojas físicas, as novidades chegam a todo momento. A Dicico, com 53 lojas próprias no Estado de São Paulo, às quais pretende somar outras 100 até 2015, por meio de franquia, começou a vender produtos sustentáveis há dois anos e já colhe bons resultados As vendas devem fechar o ano com aumento de28%a30%, com participação de 10% a 12% no faturamento total. Em dois anos, a expectativa é de que essa fatia chegue a 25%.
 A Dicico vende desde tintas à base de água, torneiras que controlam o consumo de água e coletores de água de chuva até telhas ecológicas e aquecedores solares. Estes dois últimos itens, que tiveram suas margens reduzidas, são os que mais saem. A venda dos aquecedores cresce ao ritmo de 30% anuais, em volume. "A indústria tem se superado nos últimos dois anos e nosso mix de produtos aumenta cada vez mais", diz Christophe Auger, vice-presidente comercial da Dicico. Na Telhanorte, do grupo Saint-Gobain, o portfólio disponível em suas 35 lojas, em Minas, São Paulo e Paraná, também é variado. "Os produtos ecológicos estão deixando de ser coadjuvantes para se tornarem atores principais", diz Marcelo Roffe, diretor de mercadorias e marketing de produtos da SaintGobain Distribuição.
 Para a produtora de revestimentos cerâmicos Portobello, a preocupação ambiental vem desde o final dos anos 70, quando instalou sua fábrica em Tijucas (SC). O projeto fabril já nasceu com mecanismos de tratamento de efluentes. Com o tempo, foram acrescentados outros sistemas de redução do impacto ambiental, como a opção pelo gás natural nos fornos, que reduz as emissões de gases causadores do efeito estufa,oaproveitamentode95%dos resíduos sólidos gerados na produção e a utilização média de 18% de matéria-prima reciclada.
 A Portobello, a primeira do setor a abrir o capital, em2008, com papéis negociados no Novo Mercado da Bovespa, também fabrica três linhas de produtos tecnologicamente sustentáveis. Planet e Habitat são produzidas com massa ecológica, incrementada com 20% de vidro reciclado, e a linha de porcelanatos Extra Fino, mais finos e mais leves, fabricados com tecnologia italiana, destina-se à aplicação sobre revestimentos já existentes,em projetos de reforma e adaptação de imóveis antigos, o que elimina a geração de entulho e reduz em 30% o custo da obra. Como estratégia para conquistar o mercado, a linha Extra Fino, apesar de ter custos maiores, está sendo vendida por preços iguais aos dos produtos tradicionais da empresa. As três linhas, segundo Edson Moritz, gerente de marketing da Portobello, representam 8% do faturamento da empresa, que chegou a R$ 268 milhões no primeiro semestre deste ano, 19% acima do alcançado em igual período de 2010.
 Já a Trisoft, empresa de Itapevi, na Grande São Paulo, criou há três anos uma linha totalmente verde de produtos para isolamento térmico e acústico feitos com garrafas PET. O Isosoft é uma lã produzida com o material PET triturado, fornecido por empresas de reciclagem, e destina-se a piso, parede, forro, cobertura e decoração. Não acumula impurezas e não absorve umidade, o que o torna ideal também para revestimento de dutos de ar condicionado.Além de reciclado,é reciclável, pois pode ser vendido para sucateiros têxteis e transformados em estopa e fios têxteis.
 A produção da lã de PET dispensa grandes fornos e requer uma estufa aquecida com gás liquefeito de petróleo (GLP) a 160°C, temperatura mais baixa do que um fogão residencial, com baixa emissão de poluentes. Pelos cálculos do diretor Mauricio Cohab, o uso do produto em um prédio de escritórios com 30 mil metros quadrados retira 3,2 milhões de garrafas PET da natureza. Segundo ele, o Isosoft já está presente na sede da Odebrecht em Salvador, em um galpão da Vale em Tucuruí (PA), na cobertura da fábrica da Coca-Cola no Rio de Janeiro, no Centro de Convenções de Fortaleza e em outras edificações no país. A Trisoft consumiu até agora 400 milhões de garrafas PET. "Isso é só a ponta do iceberg. Nossa ideia é ter vários distribuidores no país todo", diz Cohab.
 A sustentabilidade também chegou ao cimento, produto problemático, cuja produção resulta em pesadas emissões de CO2. A Lafarge, uma das maiores fabricantes mundiais de cimento, concreto e agregados e gesso, superou a meta definida com a World Wide Fund for Nature (WWF), de redução de 20% de suas emissões de gás carbônico por tonelada de cimento produzida entre 1990 e 2010 e, em julho deste ano, assumm novo compromisso para reduzi-las em 33% até 2020, em relação aos níveis de 1990. Com a nova meta, deixará de emitir cerca de 250 quilos de CO2 P°F tonelada do produto. Além disso, 15% da energia consumida pelo grupo vem de combustíveis alternativos. Segundo a companhia, mais de 50% de suas pesquisas são dedicadas a temas relacionados à construção sustentável Na produção de cimento, quase todas as fábricas da Lafarge utilizam combustíveis alternativos e resíduos como papel, borracha, óleos usados e pneus como matéria-prima para os fornos. Em 2010, a companhia processou cem mil toneladas de resíduos, provenientes de 6,2 milhões de pneus e 70 mil toneladas de biomassa.
 Na área de concreto, a Lafarge trouxe para o Brasil as tecnologias Hydromedia, de concreto permeável, que permite que a água da chuva chegue ao solo rapidamente, para evitar enchentes, e Artevia, utilizada como estrutura e, ao mesmo tempo, acabamento, para pisos arquitetônicos, diminuindo o uso de recursos naturais. Lançou também a linha Ultra Serie, de alto desempenho, que reduz a necessidade de ferragem na obra. Segundo Rodrigo Kinsch, gerente de marketing de concreto e agregados, a utilização de concretos sustentáveis ainda é muito pequena no Brasil. Na Lafarge Brasil, eles representam cerca de 5% das vendas, mas a empresa acredita que devem crescer em ritmo de dois dígitos nos próximos anos.

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